A concepção de que existem pensamentos ab initio próprios de certos grupos, de certas etnias, de certas comunidades, de certos povos, continua, hoje ainda, viva. A concepção de que existem culturas pré-lógicas e culturas lógicas continua tenaz, hoje ainda também.
Porém, não existem pensamentos puros à partida, não existem pensamentos em si, não existem pensamentos mais ou menos pobres geneticamente estabelecidos. Os nossos pensamentos, os pensamentos sociais, os pensamentos colectivamente produzidos, estruturados e reproduzidos, não são diferentes em si, não são diferentes porque à partida uns são mais inteligentes do que outros, mas são diferentes porque são diferentes as condições sociais nas quais vivemos.
Já agora, permitam-me recordar o que há tempos aqui escrevi, a saber:
"Uma das mais sofisticadas formas de racialização e de racismo dos centros hegemónicos do poder mundial hoje consiste em salvaguardar as diferenças culturais, em defender discursivamente a todo o transe a especificidade cultural deste ou daquele país, desta ou daquela cultura, desta ou daquela “raça”. Assim fazendo, os ideólogos do racismo “inteligente” muralham a suposta pureza dos nichos culturais dos centros hegemónicos que produzem a cartografia das diferenças, segregam com doçura e ópio perfumado os Outros no momento preciso em que os abraçam. Mas esse problema é bem mais complexo do que pensamos, ele tem, afinal, a alma elástica dos boomerangues. Na verdade, segregados, fechados em muros sociais que os outros criaram, os alvos do racismo cultural assumem a segregação como um ícone bendito, a substancialização definitiva do que são, a irredutibilidade do seu suposto ser em si, dotando, com variados matizes, a falsa inferioridade de que são acusados, com a pimenta da vitalidade musculada."
Porém, não existem pensamentos puros à partida, não existem pensamentos em si, não existem pensamentos mais ou menos pobres geneticamente estabelecidos. Os nossos pensamentos, os pensamentos sociais, os pensamentos colectivamente produzidos, estruturados e reproduzidos, não são diferentes em si, não são diferentes porque à partida uns são mais inteligentes do que outros, mas são diferentes porque são diferentes as condições sociais nas quais vivemos.
Já agora, permitam-me recordar o que há tempos aqui escrevi, a saber:
"Uma das mais sofisticadas formas de racialização e de racismo dos centros hegemónicos do poder mundial hoje consiste em salvaguardar as diferenças culturais, em defender discursivamente a todo o transe a especificidade cultural deste ou daquele país, desta ou daquela cultura, desta ou daquela “raça”. Assim fazendo, os ideólogos do racismo “inteligente” muralham a suposta pureza dos nichos culturais dos centros hegemónicos que produzem a cartografia das diferenças, segregam com doçura e ópio perfumado os Outros no momento preciso em que os abraçam. Mas esse problema é bem mais complexo do que pensamos, ele tem, afinal, a alma elástica dos boomerangues. Na verdade, segregados, fechados em muros sociais que os outros criaram, os alvos do racismo cultural assumem a segregação como um ícone bendito, a substancialização definitiva do que são, a irredutibilidade do seu suposto ser em si, dotando, com variados matizes, a falsa inferioridade de que são acusados, com a pimenta da vitalidade musculada."
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