E vamos lá a um curto término desta atrasada série.
Vários dramáticos acidentes de viação ocorridos este ano levaram a nossa imprensa a transformar a sinistralidade rodoviária em manchete ruidosa, em tema central das preocupações urbanas. Ao mesmo tempo, sucederam-se, por algum tempo, os seminários, cheios de publicidade, de preocupação, de gráficos, de prevenções. As estatísticas de mortalidade rodoviária ultrapassaram as do chamado conflito homem/fauna bravia. Imponentes, polícias e alcoómetros surgiram nas rodovias.
Porém, pouco a pouco, após o efeito multicircular da pedra, o lago voltou à sua pachorrenta rotina, pese a insistência do "Notícias" em manter acesa a preocupante chama dos acidentes no seu boletim de ocorrências da página 5.
Tomando apenas como exemplo a cidade de Maputo, continuam a circular viaturas em péssimas condições técnicas - prestem atenção aos chapas, por exemplo -, os sinais de trânsito são sistematicamente desrespeitados. E muitas outras coisas.
Então, a questão central consiste menos nos condutores em si do que em quem tem por missão controlar regras, estradas (sector regra geral marginalizado nos debates e nas críticas), condutores e estado técnico das viaturas. Ora, a situação tal como está é útil, dá réditos, gera dividendos. É aí que reside o verdadeiro ilícito culposo.
Vários dramáticos acidentes de viação ocorridos este ano levaram a nossa imprensa a transformar a sinistralidade rodoviária em manchete ruidosa, em tema central das preocupações urbanas. Ao mesmo tempo, sucederam-se, por algum tempo, os seminários, cheios de publicidade, de preocupação, de gráficos, de prevenções. As estatísticas de mortalidade rodoviária ultrapassaram as do chamado conflito homem/fauna bravia. Imponentes, polícias e alcoómetros surgiram nas rodovias.
Porém, pouco a pouco, após o efeito multicircular da pedra, o lago voltou à sua pachorrenta rotina, pese a insistência do "Notícias" em manter acesa a preocupante chama dos acidentes no seu boletim de ocorrências da página 5.
Tomando apenas como exemplo a cidade de Maputo, continuam a circular viaturas em péssimas condições técnicas - prestem atenção aos chapas, por exemplo -, os sinais de trânsito são sistematicamente desrespeitados. E muitas outras coisas.
Então, a questão central consiste menos nos condutores em si do que em quem tem por missão controlar regras, estradas (sector regra geral marginalizado nos debates e nas críticas), condutores e estado técnico das viaturas. Ora, a situação tal como está é útil, dá réditos, gera dividendos. É aí que reside o verdadeiro ilícito culposo.
Finalmente: tudo se resume a compreender que a nossa vida tem a alma de Janus.
(fim)
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