(1) - 13/09/09

1. A partir de agora a cidade de Quelimane deve começar a ficar inundada de panfletos, pelo que pude apurar de um jornalista.

2. Em Quelimane, pelo lado da Frelimo, encontram-se Armando Guebuza, Luisa Diogo e Filipe Paúnde. Investimento político forte.

3. O MDM vai fazer campanha pelas legislativas nos círculos onde foi excluído pela Comissão Nacional de Eleições.

4. Não tenho informações sobre a Renamo, mas julgo que começará a sua campanha em Nampula.

5. Presumo que vá haver uma muito forte disputa política em Nampula e Zambézia entre Frelimo e Renamo. Creio que foi tacticamente por isso que o MDM decidiu optar por Cabo Delgado para o início da sua campanha.

6. Partidos foram recebendo fundos da CNE. A oposição apresentou-se completamente fragmentada em relação aos excluídos das campanhas eleitorais. Hipótese: muitas vezes a defesa de uma cidade depende menos de um exército do que da unidade dos habitantes.

7. Se estivermos atentos, poderemos facilmente verificar a existência em certos círculos - no que se diz e no que se escreve - de um darwinismo político que se alimenta sem rebuços da teoria dos mais aptos a vencer e a dirigir, da sobrevivência do mais forte, da preeminência dos dotados, dos organizados por excelência, dos guardiões da verdade e da lei. O mais curioso é que os defensores desse darwinismo político são aqueles que mais apelam à paz, à concórdia e ao civismo.

8. Uma hipótese certamente pueril: quanto mais possante for o investimento na engenharia de persuasão e no aparato das técnicas, menos confiança depositamos nas obras de que publicamente nos vangloriamos e nos eleitores que afiançamos estar do nosso lado.

9. Campo importante de estudo será a análise dos conteúdos discursivos dos candidatos presidenciais. A esse nível e por exemplo, será em meu entender interessante medir a quantidade de balas simbólicas que serão dirigidas aos adversários, a quantidade de ataque existente na totalidade discursiva. Hipótese: quanto menos o discurso for dirigido contra os adversários, mais ele será prezado pelos eleitores. Privilegiar o ataque a outrem é, quase sempre, um testemunho de fragilidade.

10. Pedido aos leitores: se tiverem informação da campanha e análise sobre ela, não hesitem em enviar-mas, mesmo via comentários aqui. Obrigado desde já.

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Adenda 1 às 8:28: o semanário "Domingo" tem hoje um caderno central com quatro páginas intitulado "Eleições 2009". No rosto, onde apresenta os três candidatos presidenciais, o penúltimo parágrafo assinala que a exclusão do PIMO "continua a ser a grande surpresa do presente processo eleitoral" e o último assegura que a exclusão do "mediatizado e estreante MDM" é a "novidade mais espantosa". As centrais do caderno são integralmente dedicadas à Frelimo com o título (ocupando dez colunas) "Retrospectiva das principais realizações do Governo da Frelimo". A última página do caderno é completamente dedicada a Guebuza. Finalmente, no editorial de 19 parágrafos, oito são dedicados a mostrar MDM e Deviz Simango como exemplos de má-fé.

Adenda 2 às 9:44: alguém me informou terem ocorrido problemas de violência no Chócuè. Aguardo confirmação e detalhes.

Adenda 3 às 9:47: não consegui ainda ouvir o "diário de campanha" da Rádio Moçambique, o programa habitual foi alterado devido à campanha eleitoral.

Adenda 4 às 10:29: um assistente meu a trabalhar em Pemba mandou-me a seguinte mensagem: "Frelimo arrancou em pleno, MDM assim, Renamo ainda. Pemba está toda de vermelho".

Adenda 5 às 11:07: cartazes da Frelimo e de Guebuza, este partido cartaza Maputo.

Adenda 6 às 12:03: no "O País" online de hoje: "Na cidade de Maputo, o arranque da campanha eleitoral foi marcado por alguns sinais de violência, com os membros da Frelimo a arrancarem panfletos da Renamo e do seu candidato, para afixar os do partido Frelimo e do seu candidato, Armando Guebuza."

Adenda 7 às 12:05: mensagem de um assistente meu, morador num bairro da periferia da cidade de Maputo: "Apenas vejo na rua cartazes da Frelimo, dos outros partidos nada".

Adenda 8 às 12:07: recebi a informação de que a sede do MDM em Chócuè foi destruída. Conto poder confirmar ou infirmar a notícia logo que possível. Enquanto isso, o "O País" destacou para lá uma equipa de reportagem.

Adenda 9 às 12:43: no "O País" online de hoje: "Três membros do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ficaram feridos durante a vandalização da sede daquele partido em Chókwè/Gaza. Segundo constactou a nossa equipa de reportagem, os vidros do edifício da sede daquele partido foram todos destruídos, assim como as chapas que fazem o tecto e a vedação do recinto. (...) Em entrevista ao nosso jornal, Mussa disse que se trata de um grupo liderado pelo genro e filho do presidente do município de Chókwè, e mais pessoas que por volta das 2h30 de madrugada de hoje deslocaram-se àquele local, fazendo-se transportar em duas viaturas." A Rádio Moçambique (RM) ainda não noticiou o acontecimento.

Adenda 10 às 13:04: de acordo com o jornalista Horácio Tembe (espero ter registado bem o nome) no diário de campanha da RM, em despacho curto, trata-se de um boato. A equipa de reportagem de "O País" reportou três feridos e afirma ter visto vidros, chapas do tecto e vedação do recinto destruídos na sede do MDM, mas o jornalista da RM afirmou tratar-se de um boato.

Adenda 11 às 16:15: a cassete contendo a cobertura que a STV fez do ataque à sede do MDM deverá ser exibida no seu telejornal desta noite.