Outros elos pessoais

07 junho 2009

O que é democracia? (4)


Mais um pouco desta atrasada série, que é acompanhada de um cartoon prepositadamente perverso.
Crescemos sob o influxo permanente da necessidade de obedecer, sob o risco da punição.
Tornamo-nos adultos formatados em múltiplos deuses e espíritos internos, protectores poucos, vingativos muitos.
Aprendemos a ter dois tipos de polícias: aqueles que, físicos, estão fora de nós e aqueles que, simbólicos, estão dentro de nós. Na maior parte das vezes, estes dispensam aqueles, seus chambocos são eficientes.
Somos o produto de tradições conformadoras que nos habitam sem que, na maior parte das vezes, saibamos da sua existência.
A regra que nos atravessa em permanência é esta: obedece. Seus lictores são múltiplos.
Desobedecer, ir contra a maré do conformismo, das regras oficiais, aprender a pensar de forma independente, opôr-se aos pasteurizadores do pensamento acomodante, nada disso é fácil. É absolutamente difícil.
O homem nasceu livre, escreveu um dia Jean-Jacques Rousseau. Muito certamente estava e está errado. Nascer é nascer para a sujeição. O homem não nasce livre, mas pode tornar-se livre. A liberdade não é um dado natural, mas social. Ter consciência disso é um primeiro indicador de liberdade e, talvez, a primeira porta aberta da democracia.
(continua)

1 comentário:

  1. "producao de consentimento"- Noam Chomsky

    Ai 'e onde acredito que reside o nosso maior problema, a nossa MEDIA, tem investido na "producao desse consentimento", do consentimento que "esta tudo bem", desequilibrando completamente o desenvolvimento e evolucao do pais e democracia.

    Quando estamos de "consentimento" que tudo esta optimo,entao sao excluidas opinioes contrarias, que fazem o contrabalanco ou equilibrio de modo a gerar pensamento alternativo, critica e evolucao.

    Os resultados estao a' vista, HIV, Pobresa, Bolsas de fome, Violacao de Direitos Humanos, Ma Educacao, Currupcao, sempre em crescente.

    Ai deveria estar a MEDIA, a fazer o contrabalanco, dando espaco 'a critica, criatividade, inovacao, oposicao e "nao manutencao de consentimentos politicos", pois no nosso caso os resultados sao francamente desastrosos.

    O HIV dobrou, e nos mantemos no "consentimento" que esta crescer mas vamos controlar. quando nao temos como controlar, se nao houver mudancas de fundo na mentalidade instituida, que se mantem apartir dessa "producao de consentimento".

    A MEDIA tem que fazer a diferenca.

    O partido no poder, A FRELIMO, tem que sentir que para se manter no poder, tem que gerar solucoes rapidas e eficazes,tem que mudar de ATITUDE, so. Ninguem 'e contra FRELIMO desde que a FRELIMO nao seja contra todos.

    caso contrario a tendencia desastrosa continuara, e a MEDIA tera contribuido sobremaneira para o desastre.

    Cumprimentos
    Abdul Karim

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.