Na página 2 do semanário "Domingo" de hoje, o jornalista Alfredo Dacala regressa ao tema dos incendiários de Mopeia para produzir uma tese ampla e firme, cujos termos, reproduzidos na íntegra, assinalarei com aspas. Claro, os incendiários são "energúmenos", "pirómanos" de "'indole tribal e regional" que apenas provocam desgraça, "a mando de pessoas que têm outras agendas, que não as do desenvolvimento do país, da paz e da harmonia social". Mas avancemos: se se "fizer contas de somar" - propôs o jornalista -, descobre-se que "este tipo de situação" esteve na origem da perseguição, do espancamento e do assassínio de pessoas em alguns distritos de Nampula e Cabo Delgado por causa do boato de que a cólera era intencionalmente introduzida através do cloro. E "se se fizer o "dois mais dois" - prosseguiu o jornalista -, verifica-se que é da "mesma raiz" a agitação provocada pelo boato da chuva amarrada no céu por mal-intencionados. Mas mais: "A isto deve-se também somar os discursos inflamatórios de ordem tribal e regional que têm vindo a serem proferidos no Parlamento por uma certa estirpe de deputados ávidos de chutarem para longe todos os desígnios sobre a unidade nacional e a harmonização social". Evidentemente que é a Renamo que Dacala tem em vista. E eis a pergunta-conclusão do jornalista: "Com que autoridade esta gente dinamiza toda esta agitação e calamidade sociais no centro e norte do país? Quais são os seus reais objectivos?" Resposta: "Em ano de eleições, a resposta parece bem óbvia: criar um clima de intimidação (...) tentar "ruandalizar" o país e dividir as suas gentes, num exercício perigoso de política". O que se deve fazer, então? Resposta do jornalista: "Tem de se cortar o mal pela raiz e parece que a raiz está à vista de todos" (p. 3).Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
19 abril 2009
Tese
Na página 2 do semanário "Domingo" de hoje, o jornalista Alfredo Dacala regressa ao tema dos incendiários de Mopeia para produzir uma tese ampla e firme, cujos termos, reproduzidos na íntegra, assinalarei com aspas. Claro, os incendiários são "energúmenos", "pirómanos" de "'indole tribal e regional" que apenas provocam desgraça, "a mando de pessoas que têm outras agendas, que não as do desenvolvimento do país, da paz e da harmonia social". Mas avancemos: se se "fizer contas de somar" - propôs o jornalista -, descobre-se que "este tipo de situação" esteve na origem da perseguição, do espancamento e do assassínio de pessoas em alguns distritos de Nampula e Cabo Delgado por causa do boato de que a cólera era intencionalmente introduzida através do cloro. E "se se fizer o "dois mais dois" - prosseguiu o jornalista -, verifica-se que é da "mesma raiz" a agitação provocada pelo boato da chuva amarrada no céu por mal-intencionados. Mas mais: "A isto deve-se também somar os discursos inflamatórios de ordem tribal e regional que têm vindo a serem proferidos no Parlamento por uma certa estirpe de deputados ávidos de chutarem para longe todos os desígnios sobre a unidade nacional e a harmonização social". Evidentemente que é a Renamo que Dacala tem em vista. E eis a pergunta-conclusão do jornalista: "Com que autoridade esta gente dinamiza toda esta agitação e calamidade sociais no centro e norte do país? Quais são os seus reais objectivos?" Resposta: "Em ano de eleições, a resposta parece bem óbvia: criar um clima de intimidação (...) tentar "ruandalizar" o país e dividir as suas gentes, num exercício perigoso de política". O que se deve fazer, então? Resposta do jornalista: "Tem de se cortar o mal pela raiz e parece que a raiz está à vista de todos" (p. 3).4 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Professor,
ResponderEliminarGRANDE TESE do jornalista!
Que tal a UEM dar lhe um Honoris Causa?
O novo Curriculo deve permitir isso! pois nao?
MZ
Prof. Serra está mais uma vez alertar aquilo que produz massacres em Mocambique, mas que os o lêem mal, não porque não sabem ler,mas porque defendem os discursos próximos de quem são a favor, irão lhe interpretar mal. É interpretar mal até cidadãos sejam massacrados.
ResponderEliminarCom Sérgio Vieira, o estalinista estamos muito fartos. Quando leio o discurso vazio do estalinista Sérgio Vieira só me cria saudades de David Alone que lhe dizia a verdade em frente. Mas espero que Barnabé Ncomo trate desse assunto desse Sérgio Vieira, um dos responsáveis de tanta desgraca em Mocambique.
Até o coronel de capoeira Sérgio Vieira ataca o MDM?
ResponderEliminarAté quando teremos de aturar as diatribes deste dinossauro?
A coisa é séria, o MDM ameaça mesmo!
É mesmo graças às vendas que o jornal Domingo ainda existe?
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