Outros elos pessoais

26 janeiro 2009

Phandu Skelemani sobre Zimbabwe e Mugabe

Enquanto vamos aguardando pelos resultados da cimeira extraordinária da SADC sobre a partilha de poder no Zimbabwe, sugiro-vos que leiam aqui uma entrevista dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Botswana, Phandu Skelemani (na imagem)- crítico do regime de Mugabe -, à SW Radio Africa. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

2 comentários:

  1. A entrevista de Phandu Skelemani é um bom exemplo da civilidade, sensatez, educação, franqueza, profissionalismo, princípios morais e visão estratégico em defesa do interesse nacional que escasseia na classe governativa em Moçambique. Não digo nosso governo, porque não me sinto identificado com o tipo de cinismo que veiculam, quanto ao caso Zimbabwe e não só. Sob a capa da diplomacia, os representantes de Moçambique realizam seu pensamento tacanho, aldrabões, falso, de assaltante guerreiro e conquistador perene. Admito que estejam a ser coerentes com o seu perfil belicista, quer de ex guerrilheiros, ex vencedores da libertação. Mas suspeito que as novas gerações encontrarão poucos motivos se sentirem gratidão. Pelo menos a parte da nova geração que não irá alinhar com a falta de escrúpulos em se perdoar o terror e a falsidade, desde que cometido em nome e defesa da perpetuação do poder totalitário.
    Skelemani exibe uma auto-estima sincera, digna de respeito. Uma franqueza e um frontalidade contrastantes com ar amarelo e patético dos representantes oficiais na questão zimbabweana. Desde Samolão a Guebuza. Estão a fazer o seu papel? Pois continuem a fazê-lo. Fica-lhes bem. Condiz com o fato e a gravata. Principalmente o sorriso de embaraço que Guebuza deixou escapar, há dias atrás, ao tentou justificar seu fracasso em Harare. Muita gente esquece ou não sabe o quanto seus olhos e sorriso os denunciam quando faltam à verdade. Se queres ser falso e cínico, mas pretendes esconde-lo, evitar falar na televisão. A câmara capta mais da tua alma do que podes imaginar e consegues ocultar.
    Temos representantes governamentais feitos à imagem e semelhança do jet-set moçambicano, caracterizado por Mia Couto. Fingem exibir substância, mas não vão além da aparência. “Entre parecer e ser vai menos que um passo, a diferença entre um tropeço e uma trapaça”, escreve Couto. Isto não se aplica apenas aos novos-ricos, em quem a aparência faz a essência. Aplica-se igualmente aos seus representantes no governo.
    Em suma. Fico grato por saber que na nossa região temos exemplos de governação de elevada qualidade e franqueza moral, em que as pessoas reconhecem o quanto a SADC tem enganado o povo do Zimbabwe.
    Como Skelemani “Don’t you think the same round and round story until everybody is dizzy and meantime the Zimbabweans are dying”?
    Obrigado por esta postagem exemplar.

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