Outros elos pessoais

04 dezembro 2008

Espantar-me na rua (8)

1. Andei um pouco mais de carro na cidade hoje. Latas de lixo a transbordar, catadores fazendo-as transbordar ainda mais, plásticos esvoaçando. Algo se deve passar para que o lixo regresse à Maputo de Eneas Comiche.
2. Vi mais cedo hoje, logo de manhã, o moço que pede esmola e carrega às costas, envolta numa capulana, uma criança de tenra idade, ali no cruzamento da Julius Nyerere com a Eduardo Mondlane. Diariamente interrogo-me não sobre o moço, mas sobre o destino dessa criança, que, creio, deve ter cerca de 3 anos.
3. Quando tirei a carta de conducão, aprendi a geometrizar a condução, aprendi a enxertar no trânsito uma espécie de selo do normal, do regrado. Hoje desaprendi tudo isso e tirei a carta de condução do informal, aquele determinado pelos chapas, pelo arranca-e-que-se-lixe-o-outro. Valha-me a catarse de algumas palavras tenebrosamente feias que apenas o meu carro ouve e, de quando em vez, o raro passageiro que me acompanha.
4. Hotel Holliday Inn, marginal de Maputo, esta manhã. Pedi um café curto, café servido num ápice. Quando é? 100 meticais. Quanto????100. Não pensem que aqui vou dizer a palavra que produzi na alma perante esses cerca de cinco dólares de café.

2 comentários:

  1. Antes de vir aqui comentar fui 1º ao google para ver esse famoso Hotel Holliday Inn,....Pelo que vejo nas imagens não admira os preços hehhehe ..Quem manda ser Inn!E por cima ainda pensa em dizer "palavras tenebrosamente feias"...Ah pois prof: Carlos luxo é assim mesmo..Você não pagou o café mas o luxo de ser "servido num ápice"...

    Abraço Lisa

    Ps: sabe quais são as palavras de verificação aqui no seu blog que eu tenho que escrever?
    Nem vai acreditar..qualquer dia faço queixa ao Blogger..nada mais nada menos que
    ORGIA..ganda lata............

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  2. Foi pelos olhos do professor que eu vi que os meus já estavam vendados, minha mente cauterizada e meu coração anestesiado para o sofrimento que a pobreza traz. Obrigada por não se conformar e por acordar a quem dormitava sem perceber.

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