Para vossa reflexão, continuo a dar-vos conta de redacções feitas por crianças de escolas primárias, 7. ªclasse, no âmbito de uma pesquisa sobre linchamentos em Moçambique levada a cabo pela Unidade de Diagnóstico Social, sob minha direcção. Essas crianças têem uma Disciplina chamada Educação Moral e Cívica e vivem nos bairros periféricos das cidades de Maputo, Matola, Beira e Nampula. Eis mais dois exemplos, um ilustrado, de redacções feitas numa escola da Matola, o ano passado. Na postagem anterior sobre o mesmo tema, um leitor (com quem conversei há dias na cidade da Beira) escreveu o seguinte: "De facto, "mentes precocemente armadas"! Em todo o caso, tenho vindo a reflectir sobre este problema, desde que falámos, e há uma dúvida enorme que me tem assaltado: são estas crianças, ou são as crianças? Tentei passar em memória, conversas com os meus filhos, hoje já adultos. Lembro-me que as poucas conversas em que divergimos mais fortemente, ãs vezes quase ficámos zangados, tinham a ver com a falta de "relativismo", de tolerância, dos jovens. As minhas crianças, talvez não pendurassem o putativo ladrão na árvore, mas não o deixavam "bem tratado", seguramente! E isto faz-me pensar, relativamente a esta hipótese, se não valeria a pena tentar repetir este exercício num outro contexto, socio-culturalmente diferente, e ver até que ponto as respostas seriam "radicalmente" diferentes."
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
16 outubro 2008
O que se deve fazer a um ladrão? (respostas de crianças do ensino primário)
Para vossa reflexão, continuo a dar-vos conta de redacções feitas por crianças de escolas primárias, 7. ªclasse, no âmbito de uma pesquisa sobre linchamentos em Moçambique levada a cabo pela Unidade de Diagnóstico Social, sob minha direcção. Essas crianças têem uma Disciplina chamada Educação Moral e Cívica e vivem nos bairros periféricos das cidades de Maputo, Matola, Beira e Nampula. Eis mais dois exemplos, um ilustrado, de redacções feitas numa escola da Matola, o ano passado. Na postagem anterior sobre o mesmo tema, um leitor (com quem conversei há dias na cidade da Beira) escreveu o seguinte: "De facto, "mentes precocemente armadas"! Em todo o caso, tenho vindo a reflectir sobre este problema, desde que falámos, e há uma dúvida enorme que me tem assaltado: são estas crianças, ou são as crianças? Tentei passar em memória, conversas com os meus filhos, hoje já adultos. Lembro-me que as poucas conversas em que divergimos mais fortemente, ãs vezes quase ficámos zangados, tinham a ver com a falta de "relativismo", de tolerância, dos jovens. As minhas crianças, talvez não pendurassem o putativo ladrão na árvore, mas não o deixavam "bem tratado", seguramente! E isto faz-me pensar, relativamente a esta hipótese, se não valeria a pena tentar repetir este exercício num outro contexto, socio-culturalmente diferente, e ver até que ponto as respostas seriam "radicalmente" diferentes."
2 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
os autores sebem que seus trabalhos sao publicados e neste blogo?
ResponderEliminarDevemos todos nós pais reflectir sobre isto, tem de haver muita reflexão nas escolas, se calhar temos de pensar também na educação Moral e nos seus conteúdos.
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