Outros elos pessoais

30 outubro 2008

O que "é" o lobolo? (6) (continua)


Vamos lá prosseguir mais um pouco esta série.
Certamente devemos ver o lobolo como uma prática múltipla, atravessada por campos culturais que o tempo ao mesmo tempo estruturou, sedimentou e adaptou. O antropólgo Paulo Granjo tem, num belo livro da sua autoria, a seguinte definição: "Trata-se de uma cerimónia em que a linhagem de origem de uma mulher é cerimonial e economicamente compensada pela passagem dos direitos sobre os eventuais descendentes dessa mulher para a linhagem do marido, pelo que os filhos dela passarão a ter plenos direitos de pertença à linhagem paterna." (sugiro que leiam, dele, este excelente texto aqui)
Revendo os textos que aqui tenho colocado, imediatamente se verifica que a mulher é o eixo de todo um conjunto de práticas. Mas trata-se da mulher em si? Da mulher enquanto ser biológico natural e reprodutor?
Defendo que não. Deixem-me avançar com esta hipótese: não é a mulher enquanto tal, a mulher natural, que está em causa, mas a mulher social enquanto repositório de três potenciais:
1. Potencial de gestação
2. Potencial laboral
3. Potencial de reprodução do simbólico
Esse três potenciais aparecem dissolvidos em dois tipos de discursos:
1. O discurso integrador através dos espíritos dos antepassados
2. O discurso reprodutor através da estabilidade familiar

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.