Devizídio

E a caça - cerrada, impiedosa - prossegue, não nos tandos da Gorongoza, mas nas ruas, nas bocas, nos papéis e nas conferências de imprensa da cidade da Beira. Caça aos búfalos? Não, caça ao Deviz. Com efeito, a Renamo parece bem mais encarniçada do que a Frelimo na perseguição ao seu quadro (tanto quanto julgo saber, ele não foi ainda expulso da Renamo), Deviz Simango. Qual o pecado de Deviz? O de ser candidato independente as eleições autárquicas de Novembro. Qual o risco para a Renamo de Manuel Pereira? O de ganhar por ser popular e ter obra comprovadamente feita. Essa a razão por que existe esta autêntica caça política ao homem (Deviz é, afinal, um perigoso búfalo para Frelimo e Renamo), caça que parece passar agora pela impugnação, por parte da Renamo, da candidatura de Deviz como independente. Nunca como agora, na história política eleitoral do país, Renamo e Frelimo estiveram tão unidos na luta contra um inimigo comum. Um pleno devizídio tsunamico.
Tempos atrás, o Sr. Fernando Mbararano, delegado político provincial da Renamo, afirmou em conferência de imprensa que “A candidatura do membro Manuel Pereira corresponde apenas a uma vontade pessoal e não pode contrariar a vontade do partido". Os tempos mudaram: de amigo, Deviz passou a inimigo.
Enfim, Deviz tem uma trajectória política fascinante numa luta de barricadas a todos os níveis (confira por exemplo aqui, no "Notícias"). E, já agora, pode acontecer que ao devizídio suceda o renamicídio na cidade da Beira.