O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Henrique Banze, afirmou que em Moçambique há espaço para todos trabalharem. O governante falava a propósito da presença de muitos refugiados no país, disputando com os Moçambicanos o mercado do trabalho, como certos estrangeiros altamente qualificados dos Grandes Lagos, por exemplo. No nosso país existem cerca de 7000 refugiados, dos quais 4000 encontram-se no centro de Maratane na província de Nampula. O vice-ministro sugeriu que os sociólogos estudassem o fenómeno e, em particular, as razões por que os estrangeiros trabalham mais nos países que os acolhem (Rádio Moçambique, noticiário das 12:30).
Adenda: numa pesquisa que dirigi em 1999 sobre racismo e etnicidade em Moçambique, estudámos as reacções de diferentes categorias de actores (525 pessoas ouvidas em cinco cidades) a 33 quesitos. Um desses quesitos foi o seguinte: devemos receber e tratar bem os refugiados africanos de outros países. Em livro, escrevi o seguinte: "(...) os resultados mostram a mais elevada percentagem de concordância até agora atingida: 91%. A média de discordância é de 6%, a de dúvida é de 1% e o desconhecimento de 2%. Num quadro de grande homogeneidade, os naturais de duas províncias que têm muitos refugiados de guerra (Niassa com 100% e Tete com 96%), as pessoas com o "primário incompleto" e "universitário incompleto" (ambos com 97%), os estudantes (96%) e os atletas federados (99%) obtêm os níveis mais elevados de concordância. Estes resultados mostram um extraordinário potencial de modernidade e de abertura ao Outro, apesar de 20% dos camponeses (...) discordarem." - Serra, Carlos (dir), Racismo, etnicidade e poder. Um estudo em cinco cidades de Moçambique. Maputo: Livraria Universitária, 2000.
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