Outros elos pessoais

11 setembro 2008

Uma vitória perigosa (editorial do "Savana")

O editorial do semanário "Savana" desta semana, com o título em epígrafe, é o seguinte:
"O MPLA em Angola acaba de averbar uma retumbante vitória nas eleições legislativas que se realizaram no país irmão, uma das pedras basilares da nova geoestratégia da África Austral.
Tanta fartura de votos só costuma acontecer na Coreia do Norte ou no antigamente do Cazaquistão e outras várias repúblicas terminadas em ão.
Os observadores, com maior ou menor dose de cepticismo, concluíram da legitimidade do acto eleitoral, da participação massiva do povo, do entusiasmo de quem votou. Muitos foi a primeira vez que o fizeram.
Devemos então culpar a democracia pelo que aconteceu, ou, por outras palavras, a democracia só é a cura de todas as maleitas quando ela serve os nossos interesses?
A resposta não é simples e exige a ponderação de vários factores.
A incontestável vitória do MPLA acontece num país em que não há uma clara separação entre partido, governo e Estado, onde a imensa riqueza do país é usada para fazer crescer a economia, mas igualmente para reproduzir um sistema clientelista há muito tempo implantado.
A vitória do MPLA acontece num país em que os principais media são ferozmente controlados e utilizados como uma poderosa máquina de propaganda do partido-Estado. Mesmo durante o período das eleições, com umas dezenas de correspondentes externos no país, os comentários críticos foram grosseiramente censurados e escamoteados de leitores, ouvintes e telespectadores.
José Eduardo dos Santos falou de necessidade de mudanças no derradeiro comício antes das eleições. Um porta-vos do partido, também espantado com o tamanho da vitória eleitoral, afastou o regresso ao partido único e ao autoritarismo que encorajam maiorias qualificadas.
Não deixam de ser palavras encorajadoras.
A democracia política é feita de maiorias e minorias, mas é feita igualmente de tolerância, de pluralismo e diversidade.
As maiorias asseguram a gestão da coisa pública, em respeito pela lei e pelos direitos fundamentais dos cidadãos.
As “maiorias eufóricas” podem perigosamente conduzir à embriaguez pelo poder, sobretudo em sociedades marcadas pela intolerância da guerra, pela ausência de respeito pelo outro, pela imposição dos fortes e pela ausência de instituições complementares que possam servir de verdugo crítico às derrapagens de quem governa.
Na África do Sul, o ANC governa também com uma avassaladora maioria. Contudo, a África do Sul tem também uma imprensa forte e vigorosa, um judiciário independente e sobretudo uma sociedade civil cujo poder e activismo não tem qualquer comparação ao nível do continente africano.
Mesmo assim, são notórias as tentações anti-democráticas de sectores sensíveis no interior do ANC.
A democracia é feita de oposições fortes, sérias e de pendor alternante.
As oposições da África Austral e, de um modo geral, em todo o continente africano, devem reflectir seriamente sobre o cenário angolano.
As fraquezas endémicas, as fragmentações e as querelas são muitas vezes o tapete vermelho que torna mais fáceis as vitórias absolutistas.
As oposições, e temos o exemplo caseiro da Renamo, devem fazer o seu trabalho de casa, a viagem difícil ao interior das suas próprias contradições para ultrapassarem os tiros no escuro e as derrotas auto-infligidas de que oportunisticamente tentam acusar os outros. É sempre mais fácil a vitimização.
Países fortes, com economias punjantes, precisam de lideranças fortes, visionárias e esclarecidas.
Angola, por mérito próprio, é hoje um dos faróis económicos da região. As eleições legislativas e as que se seguirão nos próximos dois anos conferem-lhe uma legitimidade de que carecia por força do que aconteceu em 1992.
Angola, os seus dirigentes, incluindo a sua oposição, devem trabalhar para também se afirmarem como uma democracia perene e próspera, onde os direitos de todos sejam respeitados.
Só assim as vitórias retumbantes deixarão de ser a antecâmara de um terrível pesadelo absolutista."

17 comentários:

  1. CAIU O PANO!

    Prof. Serra, independemente do mérito ou não do texto do Savana, tinha que esperar por uma abordagem destas para postar algo sobre as eleições angolanas?
    Parece-me que soa-lhe muito bem ter que se descredibilizar o sucesso das eleições angolanas, perspectivando-se que aquele país caminha para o "absolutismo"...com uma demcocracia perigosa, etc, etc.
    Espero que nos próximos dias continuem a passar por aqui postagens chamando atenção para o perigo que representam as eleições angolanas.
    alguém tinha razão quando escreveu que o prof tinha uma perspectiva muito eurocêntrica, de olhar aos fenómenos que acontecem em África, apenas do seu lado negativo.
    ...continuaremos sendo o Bom Selvagem...

    Bem haja

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  3. Caro anónimo,

    Sem defender o Prof Serra, que isso não está no meu interesse, gostaria de saber apenas uma coisa:

    Como justificaria o Prof. Serra aos leitores deste blog se não tivesse publicado o editatorial do Savana como ele tem feito sempre feito?

    A outra coisa é que tal se tu apresentasses o teu ponto de vista sobre o conteúdo do texto para vermos se podemos trocar opiniões?

    Eu que não tenho acesso ao Savana estou muito grato, Prof. Serra.

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  4. Caro(a) Refletindo,

    Acho a tua intervenção pertinente e necessária. Contudo continuo a dizer que os blogues são espaços pessoais de reflexão pelo que não há lugar a porta-vozes, d kem quer k seja.
    O meu problema não está relacionado com este texto do Savana, em específico, mas, com a selecção de temas a postar pelo prof. Serra.
    Em relação á sua sugestão sobre o que eu penso, coloco o meu ponto de vista em dois pontos:
    PRIMEIRO - Os angolanos (não me refiro ao MPLA) demonstraram que tem capacidade para fazer face ás questões que a eles dizem respeito. Conduziram um processo eleitoral que terminou sem o descalabro que aconteceu em 1992. por isso, penso eu que devemos lhes dar mérito, tal como entre nós aconteceu em 1994. se nós fomos exemplo de estabilidade num período d pós-guerra e recebemos tantos elogios, porquê não podemos elogiar tambem os nossos irmãos da região!!!
    SEGUNDO - não vejo, diferentemente do Savana, as maiorias qualificadas como problema. tal como atesta o caso sul-africano.
    O que a mim me preocupa é, qual o papel que os partidos da(s) oposição(ões) desempenham no equilibrio de forças nos espaços políticos que procura(m) conquistar? Que desafios estas situações - não muito comuns em África - colocam á reflexão académica sobre Política e Sociedade em África? Será que a nossa oposição em Moç. consegue aprender algo com o caso angolano?

    Caro, ha muito pano pra manga. podemos debater.

    Abraços

    C.Banú
    (Cairo-Egipto)


    P.S.- Este espaço não é complemento do Savana, e nem um espaço noticioso. é um espaço de debate e reflexão sobre varios temas. não há contrato do prof Serra com o Savana, em publicar seus editoriais. que eu saiba. ele o faz por boa vontade. pessoalmente acho muito bem que ele continue a fazer isso.
    por fim, provavelmente, estou numa situação semelhante a sua, não estou em Moç., e por isso não tenho acesso a jornais impressos. Um dos meus canais privilegiados d informação sobre Moç., é este blog, mas isso não me proibe de interpelar o que quer que seja.

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  5. Em varias ocasioes venho-me insurgindo contra a tendencia eurocentrica de olhar para Africa que o Professor Serra vem seguindo.

    A impressao que transmite ee a de jubilo perante qualquer acontecimento negativo que lhe caia aa mao. Foi excessivamente rapido em postar a impugnacao de Samakuva. Nao se dignou porem a informar seus leitores que Samakuva tinha aceite reconhecer os resultados.

    A prontidao com que posta um desastre economico, social ou politico. A repeticao - pois um fenomeno desses chega a ser postado variadissimas vezes -, as varias adendas que coloca, transmitem uma impressao de grande contentamento, de grande jubilo perante esse tipo de acontecimentos.

    Pelo contrario, veja-se a maneira como evita referir-se aos aspectos, que sao varios, que merecam ser celebrados pelos africanos. Foi realmente com uma especie de nojo com que acabou se referindo aos acontecimentos politicos angolanos. Acontecimentos que sao de paz, de harmonia, de confianca no Estado.

    A explicacao que encontra para esses fenomenos tinha que ser negativista. Ee soo ver a analise que ele seleccionaou para se referir a Angola - O editorial do Savana.

    Esquecem de que, no Zimbabwe, para alem do controlo feroz da imprensa, eles reportaram extensivamente massacres de opositores. Mas isso nao impediu o MDC de ganhar.

    Esquecem que nos disseram que a ZANU nao estabelecia diferenca entre Partido e Estado. Isso, porem, nao impediu o MDC de ganhar.

    A questao que estou a colocar pode ser subdividida em duas. 1. O MPLA soo ganhou porque controla e imprensa e nao estabelece diferenca entre patrimonio estatal e Partidario? 2. Porque ee que noos, os africanos, nao podemos ter os nossos criterios de avaliacao dos acontecimentos do continente?

    Porque na verdade, o que o Professor Carlos Serra nos daa a consumir sobre Africa ee igual ao que nos dizem as correntes mais racistas e paternalistas da Europa. Ou seja, Africa ee terra de desastres, corrupcoes, roubos e de ausencia de separacao entre Partido e Estado.

    A noos outros, que nao temos outros continentes com que nos identificarmos, esta projeccao negativa de Africa incomoda.

    Obed L. Khan

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  6. Caro, Obed

    Assino por baixo o que escreveu.
    Mais palavras para quê!


    Abraços

    C.Banú

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  7. O mais triste é que os campeões da democracia, do respeito pelos direitos humanos a da liberdade da imprensa são os mesmos que, num passado recente, pontificavam nas redacções durante o regime comunista em Moçambique. Pessoas como Lima, Machado da Graça, Carlos serra, Mia Couto, Maria de Lurdes Torcato, Carlos Cardoso, Fernando Veloso e outros eram os arcebispos da imprensa cinzenta que prevaleceu no nosso país entre 1975 e finais da década de oitenta.

    Todos eles escreveram ardentes editoriais a defender a ditadura do proletariado, a colocação da imprensa ao serviço da luta de classes, a lei das chicotadas, os fusilamentos.

    Nenhum deles se há-de atrever a negar isto porque seria só ir aos arquivos, aos artigos que directamente escreveram e às linhas editoriais que prevaleciam nos jornais onde eram directores ou chefes de redacção.

    É espantoso como essas pessoas conseguiram transfigurar-se em paladinos da liberdade, em grandes humanistas.

    Havia um qué de racismo mesmo nessa altura em que por exemplo, defendiam a lei das chicotadas. Sabiam muito bem quem seria vítima desse tipo de brutalidades. Não seriam eles nem os seus.

    Hoje já sabem condenar regimes que exercem controle sobre a imprensa! Tremendíssima sujeira.

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  8. Moral da história. Por cauda de uns tipos que apoiaram as chicotadas, temos que ficar ompavidos e serenos perante os desmandos e busos de samuel doe, charles taylor, mugabe, chiluba, savimbi e j e dos santos?
    E tb temos que ficar calados porque temos como antepassados chaka e ngungunyane qye não eram notáveis democratas ? e os franceses teem que ficar calados por causa das chacinas do napoleao? e os alemaes por causa dos seguidores de um senhor de pequeno bigode? Por favor deixem fluir o debate ...

    Joel Hassane
    Lubango

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  9. Amigo Hassane, teria piada se Goebles viesse ensinar-nos, arrogantemente, as vias a seguir para termos uma imprensa livre?
    Caro Hassane, teria piada se Hitler, o tal do bigodinho, se pusesse a julgar moral e judicialmente regimes que ainda mantêm a pena da morte?
    É uma questão de propriedade, suponho. Esses tipos deveriam ser mais modestos. E não andarem por aqui numa de grandes humanistas.

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  10. Interessante, mas volto logo que eu tiver tempo.

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  11. Este sábado, os jornais semanais em Angola saem quase todos ao sabado, a maioria deles tem analises e comentarios muito parecidos com o que foi escrito no mocambicano savana. Muitos comentaristas estao proximos do MPLA e estao preocupados com uma tao esmagadora maioria.
    Acho que o Goebbels esta' um pouco forçado neste cenario.

    Joel Hassane
    Angola

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  12. Atee poderia ser que todos os semanarios de Angola e de Africa dissessem a mesma coisa que o Savana e que o Professor Serra. Nao ee, no entanto, esse niivel de coincidencia que costura a verdade.

    Poderiam todos os semanarios dizer que o MPLA ganhou porque controla a imprensa. Noos continuariamos a perguntar: Nao foi isso que nos disseram que a ZANU fazia? Nao acrescentaram, para o caso do Zimbabwe, que havia massacres de opositores? esse conjunto de factos impediu o MDC de ganhar?

    Obed L. Khan

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  13. Não acho que está em causa a vitória do MPLA em Angola, mas ela e todas as eleições legislativas recentemente realizadas precisam de ser analisadas profundamente. Penso que o que deviamos discutir aqui são as vantagens e desvantagens duma vitória retumbante, partindo de várias experiências. Mesmo sob o ponto de vista dos resultados das eleições de 2004 com a bipolarização e uma grande diferença entre a Frelimo e a Renamo, podemos implorar a desvantagem de uma vitória retumbante. Enquanto o partido maioritário, o partido no poder produziu e produz oportunistas que em nome deste vão fazendo desmandos, a liderança do partido minoritário faz dele uma empresa privada.

    Portanto, se a liderança do MPLA estiver a apostada para a justiça e bem estar de todos angolanos independemente das cores partidárias deve ter em conta os oportunistas que deve estar a se multiplicar neste momento. Eles podem pôr o país em risco.


    P.S: Será que leio mal? Não vejo aqui onde diz o MPLA venceu porque controlava a imprensa, mas como um facto não pode ser deixado de lado de se apontar. Ninguém é capaz de dizer aqui que a imprensa não tem papel em eleicões. Por outro lado, o que lê é o receio de com esta vitória a imprensa passar a ser sufocada ainda mais. Para o caso do Zimbabwe em relacão o papel da imprensa merece uma análise honesta.

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  14. CARO REFLECTINDO, PARA MIM, EE IMPORTANTE NAO PERDER DE VISTA O CERNE DA DISCUSSAO.
    1. DECORRE UMA ELEICAO NUM PAIIS IRMAO QUE EE FOLGADAMENTE VENCIDA POR UM PARTIDO HISTORICO, DOS QUE GOVERNAM EM AFRICA DESDE A INDEPENDENCIA
    2. NUM BLOG DE PROFUNDA ORIENTACAO POLIITICA, ESSAS ELEICOES E ESSA VITORIA ESMAGADORA NAO SAO REFERIDOS.
    3.A UNICA REFERENCIA QUE SE FAZ AO PROCESSO ELEITORAL ANGOLANO EE PARA DIZER QUE O LIDER DA UNITA IMPUGNOU OS RESULTADOS. APROVEITA-SE O FACTO PARA SUGERIR QUE EE ESSE CENARIO QUE SE ESPERA PARA MOZAMBIQUE.
    3. SAI TAMBEM UMA REFERENCIA NO BLOG A DIZER QUE A CHEFE DO GRUPO DE OBSERVADORE DA UE DIZ QUE AS ELEICOES FORAM UM CAOS
    4. TODAVIA, QUANDO SAMAKUVA DECIDE RECONHECER OS RESULTADOS E QUANDO A REPRESENTANTE DA UE CAUCIONA AS ELEICOES O BLOG DECIDE FICAR SILENCIOSO.
    4. O FACTO DE AS ELEICOES TEREM SIDO PACIFICAS, COM UMA CAMPANHA IMBUIDA DE UM FORTE SENTIDO DE TOLERANCIA EE SILENCIADO. O FACTO DE AS ELEICOES TEREM CULMINADO COM UMA SITUACAO DE PAZ, CONTRARIANDO RADICALMENTE O DESFECHO DAS ELEICOES ANTERIORES, NAO EE REFERIDO NEM DE RASPAO.
    4. COMPARE-SE ESSA ATITUDE COM O GRANDE PROTAGONISMO QUE O BLOG DAA AAS TRAGEDIAS POLITICAS, ECONOMICAS E SOCIAIS DE AFRICA.
    5. COMPARE-SE O SILENCIO COM O RUIDO QUE ACOMPANHOU OS PROCESSOS ELEITORAIS QUENIANO E ZIMBABWEANO.
    6. REFLECTINDO VEE ALGUMA DIFERENCA ENTRE A AFRICA PROJECTADA POR CARLOS SERRA E AQUELA AFRICA PROJECTADA PELOS SECTORES MAIS CONSERVADORES DA EUROPA?
    7. NAO GOSTARIA O AMIGO REFLECTINDO DE ENCONTRAR NOS ESCRITOS DOS NOSSOS INTELECTUAIS UMA PROJECCAO EQUILIBRADA DO QUE ACONTECE NOS NOSSOS PAISES?
    8. O AMIGO REFLECTINDO ACREDITA MESMO QUE A NOSSA REALIDADE EE SOO DE CORRUPCOES, ROUBOS, TIRANIAS, ANARQUIA E HOSTILIZACAO PERMANENTE DO ESTADO?
    8. O AMIGO REFLECTINDO CONHECE ALGUM OUTRO CONTINENTE EM QUE OS SEUS INTELECTUAIS, SEUS JORNAIS E SEUS PENSADORES EM GERAL TENHAM ESTA ELEVADA PROPENSAO PARA A AUTO-FLAGELACAO?

    OBED L. KHAN

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  15. Estes dias ando com bastante tempo caro Reflectindo. Antecipo-me aa tua resposta para te fazer notar o tipo de democratas que temos. Creio que jaa deu para perceber que estes nossos "democratas" sao muito mais intolerantes do que o Mugabe que criticam. Do que Jose Eduardo dos Santos ou do que Samuel Doe.

    Na verdade eles nao estao interessados em dialogar. Estao mais habituados a transmitir orientacoes como faziam entre 1975 e 1986.

    Notaraa, caro Reflectindo, que Carlos Serra soo dialoga com quem lhe tece loas. Com quem lhe elogia.

    Quem ouse interpelar criticamente este grande "democrata" recebe o silencio altaneiro dos comissarios politicos que eles foram no passado.

    Na verdade, quando pintam de negro a Africa actual, estao na verdade a reivendicar a Africa dos tempos em que eram comissarios politicos, em que transmitiam orientacoes, em que faziam apelos ao aprofundamento da luta de classes, em que celebravam a ditadura do proletariado que se manifestava atraves dos fusilamentos, das chicotadas, das reeducacoes...

    Estao a reivindicar os tempos em que eram conselheiros preferidos do poder entao vigente.

    Creio que jaa daa para perceber caro Reflectindo.

    Obed L. Khan

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  16. Caros Obed L. Khan e Banú

    Que bom que neste momento tens tempo. É o contrário para mim embora com muita vontade de discutirmos sobre o diferentes temas.

    Concordo que o Prof. Serra traz para o seu blog assuntos que lhe interessam e isso fazemos também nós outros com blogs. Concordo que os assuntos de interesse baseam-se em ideologia. Sei que ele nunca criticou os excessos do tempo de Samora.

    Mesmo a mim, ele me surpreende com seu silêncio para certos assuntos. Por exemplo o caso da Beira o Prof. Serra trata com uma certa frieza. Porém, acho que não precisamos de parar. Nós podemos usar este espaço para discutirmos entre nós ainda que sabemos que ele lê o que escrevemos. Não acham, Obed e Banú? Eu prefiro assim.

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  17. Caro Reflectindo. Sei que ele lê. É, em parte, por isso que continuamos aqui. A outra razão liga-se à necessidade de os leitores de Carlos Serra terem a outra face da moeda. Pensamos ser necessário que essas pessoas, algumas das quais vivem em terras distantes, conheçam a outra face de África.

    Obed L. Khan

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