Outros elos pessoais

06 setembro 2008

Queimadas destruidoras e versões do "Notícias" e do "UOL"

A sete colunas no topo, em primeira página, o nosso "Notícias" de hoje apresenta um trabalho referindo que 32 pessoas morreram, 1500 casas foram destruídas, 13065 pessoas afectadas e 200 celeiros destruídos pelo que chama "queimadas descontroladas" nas províncias de Sofala, Manica e Zambézia. Só em Manica foram afectados sete dos nove distritos existentes. Estão detidos três indivíduos em Manica, indiciados da autoria dos incêndios. O jornal fala de ventos fortes, mas não trabalhou sobre a causa ou sobre as causas do fenómeno.
Enquanto isso, o "UOL" brasileiro, em despacho de ontem, escreve também sobre o que chamou "queimadas descontroladas", mas avança com mais dados. Por um lado, citando o director do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, João Ribeiro, acrescenta, na destruição, 15 postos de energia, nove igrejas, três escolas e quatro salas de aula. Por outro, cita a administradora de Gondola, Catarina Diniz, dizendo que as queimadas "têm sido provocadas por caçadores de roedores cuja carne é apreciada pela população local, enquanto "Dados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Meteorologia dão conta que, nos últimos dias, a região centro de Moçambique tem sido afetada por ventos fortes, mas as práticas usadas pela população para caçar as ratazanas têm sido apontadas como principal causa da ocorrência de queimadas."
Nenhum dos órgãos referidos apresenta o ponto de vista das comunidades locais.
Temos, assim, um mesmo drama em dois órgãos de informação, com ingredientes apresentados de forma diversa e incompleta.
Adenda: "Um estudo inédito realizado por Kevin Tansey, cientista da Universidade de Leicester, no Reino Unido, mapeou os pontos de terra calcinada em todo o mundo. O resultado é surpreendente: cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados de mata queimada por ano - área maior do que a do território da Índia."

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