Prossigo a série.
Num país como o nosso, onde vários trabalhos têem mostrado (1) uma profunda descrença nos órgãos do Estado (designadamente nos da justiça) e (2) uma profunda crença de que a justiça apenas atinge os mais pobres, o desencadeamento por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR) de uma operação de grande envergadura que conduziu à detenção de nove indivíduos que nada têm de pobres, oito dos quais - incluindo um ex-ministro - por causa do desvio mais acima citado, ocorrido no Ministério do Interior, provocou, naturalmente, surpresa e admiração.
Creio que, de forma dispersa ou concentrada, de per si ou acopladas, visíveis ou escondidas nas entrelinhas, três hipóteses parecem emergir em diversos quadrantes para explicar o fenómeno tsunami da operação:
1. Pressão dos doadores, cansados de injectar dinheiro para o orçamento geral do Estado sem que a transparência de gestão dos fundos esteja devidamente acautelada.
2. Estratégia múltipla da Frelimo, vizinha das eleições e desejosa de nelas se apresentar de face lavada por inteiro com o fito de fazer o que fez o MPLA em Angola: eliminar por completo a oposição.
3. Luta inter-elites, com a actual elite reinante tendo como alvo uma parte da elite ligada ao ex-presidente Joaquim Chissano (repare-se na frequência com que o nome de Manhenje aparece associado ao de Chissano).
Uma hipótese muito menos considerada publicamente diz respeito ao possível esforço autónomo e genuíno da PGR no sentido de um combate declarado à corrupção.
Boa noite
ResponderEliminarÉ com alguma tristeza que noto, que infelizmente ainda há muita gente disposta a condenar toda e qualquer acção por parte do Governo moçambicano e seus órgãos.
Tenho dito, e muitas vezes, que a democracia moçambican é ainda jóvem, mas exemplar para muitos países africanos e não só. O crescimento, muitas vezes é acompanhado de erros sucessivos e só quem nunca errou se pôde dar ao luxo de atirar a primeira pedra...Na minha mosdesta opinião, sinceramente, não consigo chegar às interpretações descritas no texto acima. Choro de emoção, por perceber que o meu país está no bom caminho, sabe bem saber que a justiça não escolhe classes sociais e nem contas bancárias...É com muito orgulho que noto que MOÇAMBIQUE, atenção MOÇAMBIQUE, está no bom caminho...quanto ao resto, tenho pena de ter a imaginação muito pouco fértil, ou mesmo os olhos tapados como de certeza pensarão muitos...mas eu já aprendi, e foi a vida que me ensinou, que por vezes vemos melhor com os olhos fechados...
chorar já faz bem chorar de emoçao faz melhor ainda abre as arterias e nao deixa o colestrol criar calcario.
ResponderEliminarSacudu
Obrigado Carlos pela análise muito interessante. Seré que também existe a possibilidade duma mistura entre duas ou mais explicações?
ResponderEliminarNao penso que seja condenar somente de ver diferentes causas possiveis, isoladas ou combinadas. Hipotese doadores nao e fundamental, a auditoria exclusiva ao MINT, e nao a defesa foi mandada fazer antes dos doadores pressionarem. O que faz a justica acordar com Manhenje, e nao comecou hoje foi logo no inicio do mandato, o que sucede se forem auditadas as contas do tempo no qual o ministro dos transportes antes de Tomas Salomao... Justica cega nao deve permitir que pessoas ligadas apenas a uma ala sejam julgadas quando as da outra ficam de fora porque ela deixa de ser cega para ser terrorista e servir interesses fora da justica. Eu aprendi qua as vezes com olhos abertos nao conseguimos ver. O Zambeze diz que a PGR vai finalmente procurar saber a proveniencia da fortuna de um dos mencionados naquele jornal, espero que facam o mesmo para todas as fortunas escandalosas que diambulam no pais, seja por via de patos ou capulanas, podera dizer-se que a justica e de facto cega.
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