vê lá uma coisa simples e densa e final:
nada existe que não seja um cárcere
nada absolutamente nada é isento de uma prisão
uma letra um sinal um rio uma saudade
uma mão estendida um eco um capricho
tudo está dentro de algo
símbolo sentimento visão amplitude grito choro pensamento
cada coisa cada traço cada movimento cada vida
o rio entre as margens os sentimentos entre as palavras
o amor entre os actos os actos entre as pessoas
cada tudo cada nada cada resto
tudo vive na clausura de uma forma de um sentido
de uma norma de uma necessidade de um contexto
de um tempo rigoroso de um ponto final
dir-me-ás agora com a serenidade do conformismo
na jaula deste poema por entre as grades deste sentimento
que esse é o destino de tudo o que é destino ser
mas dir-te-ei eu agora por entre as grades da teimosia
que no preciso momento em que te busco
apenas um cárcere me é permitido: o de ser-te
por isso tiro as margens ao rio
por isso tiro o travessão ao serte
do rio faço este percurso até ti
do serte esta doce prisão de ti
(Carlos Serra/03-02-08)
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
04 julho 2008
Unchained Melody
7 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Belíssimo!
ResponderEliminarOh, que arrepio na alma...
lindissimo
ResponderEliminarMeu Deus um dos mais geniais poemas que já li em língua portuguesa. Meu Deus! Quando sai o seu próximo livro de poesia?
ResponderEliminarpoeta,pensador,alma viajante...
ResponderEliminarfico admirado mas não surpreendido...esse seu lado poético me faz pensar em Pessoa.
gostei imenso; mais caro professor,mais!
Muito obrigado.
ResponderEliminarÉ com tristeza que leio este poema aqui no diário.
ResponderEliminarO lugar dele não deveria estar no meio de Mugabe e de tanta politica.
Abraço Lisa:-)
Está no meio para amenizar, está no meio e em todo o lugar para mostrar que são várias as janelas da vida...Mas obrigado pela crítica.
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