Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
11 julho 2008
O perigo da paralização ideológica
9 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Força Savana!
ResponderEliminarnão consegui baixar o texto + uma vez.....eu não tenho o windows vista...lol
ResponderEliminaresse docx...tá a tramar tudo!!!FDX
Oh...Não me diga que o problema está no Windows Vista????? Sim, estou a usá-lo. Por favor, mais alguém está a ter o mesmo problema?
ResponderEliminarMas importei-o via XP Pro e tudo caminhou bem...
ResponderEliminarBem, tb aqui vou tentar colar o texto para si, no comentário seguinte...
ResponderEliminarTRIBUNA DO EDITOR
ResponderEliminarPor Fernando Gonçalves
Felicitar a Zanu-PF foi um grave erro estratégico
Nunca alguma vez havia esperado que o partido Frelimo pudesse publicamente denunciar os grosseiros abusos que os seus aliados da Zanu-PF têm estado a perpetrar contra o povo do Zimbabwe nesta última década. Mas com muita franqueza, também devo confessar que nunca esperei que a moral colectiva do partido no poder em Moçambique fosse atingir níveis tão baixos ao ponto de se sentir compelido a congratular a Zanu-PF pelos resultados obtidos na farsa que passou por eleições presidenciais no dia 27 de Junho.
O que mais me intriga é que a Frelimo tinha a oportunidade de não se pronunciar sobre o assunto e tal passar totalmente despercebido. Sem consequências. O que motivou a Frelimo a embarcar em tal acto de bravura só o partido poderá explicar.
Mas foi um acto totalmente contra a corrente, dando sinais muito claros de qual é a atitude do partido sobre a democracia. Se a Frelimo não vê motivos para censurar o que os seus aliados da Zanu-PF estão a fazer ao povo do Zimbabwe, e pior do que isso fazer questão de fazer saber a quem quiser saber que apoia aqueles actos de barbaridade e de subversão do processo democrático, ela está a enviar um sinal muito claro de que nunca hesitará em aplicar as mesmas tácticas de Mugabe para se manter no poder, mesmo contra o melhor juízo dos eleitores.
É importante notar que antes das eleições, a troika do órgão de cooperação política, de defesa e segurança da SADC havia-se pronunciado contra a imprudência que representava o prosseguimento do processo eleitoral nas condições de violência política generalizada em que o país se encontrava (e ainda se encontra). A missão de observação da União Africana emitiu o mesmo juízo. O Secretário-Geral das Nações Unidas fez questão de fazer uma comunicação especial sobre o assunto, nos mesmos termos. Assim o fez uma multiplicidade de proeminentes figuras respeitadas ao nível internacional.
Moçambique é membro de pleno direito de todas estas organizações, cujas resoluções ou outras decisões tem a obrigação de respeitar. Pouco sentido faz, portanto, que o partido que está no governo em Moçambique assuma uma atitude deliberada de confrontação com estes posicionamentos internacionais que o seu governo é obrigado a respeitar.
Nunca foi dito publicamente, mas sabe-se que nas vésperas das eleições, quando estava tudo claro que o processo não seria mais do que uma farsa, algumas demarches diplomáticas foram feitas junto do Presidente Guebuza e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, informando-lhes de que a comunidade internacional esperava que Moçambique notasse o facto de que ela não reconheceria o resultado da farsa eleitoral de 27 de Junho.
Aparentemente, a decisão que foi tomada — e não há razões para duvidar que tenha sido ao mais alto nível — foi de que enquanto o governo deve aceitar os constrangimentos que a diplomacia internacional lhe impõe, a Frelimo deveria demonstrar de forma inequívoca aquilo que pensa do Ocidente, a quem teimosa e erradamente, repetindo de forma acrítica a propaganda da Zanu-PF, continua a apontar como o responsável pela derrapagem do Zimbabwe.
Se esta decisão resultou de um debate sério e aprofundado dentro do partido, é difícil de saber. Mas foi um erro de avaliação estratégica extremamente grave.
O desenvolvimento de Moçambique e o triunfo da sua luta contra a pobreza dependem da capacidade do seu governo de definir os interesses estratégicos do país, e demonstrar aos seus parceiros internacionais que está profundamente empenhado na construção de uma sociedade guiada pelos princípios da democracia, da boa governação e da gestão criteriosa dos recursos públicos. Essa não é a mensagem que transmite a inócua bravura africana que representa a mensagem de felicitações ao Frankenstein de Harare.
A Frelimo pode estar convencida de que a sua aliança com Mugabe e com a Zanu-PF nunca deve ser posta em causa pela necessidade de satisfazer os interesses do Ocidente. Mas ao estabelecer uma ligação mítica entre o Ocidente e as forças que dentro do Zimbabwe se opõem a Mugabe é uma atitude de desprezo pelos milhões de eleitores que no dia 29 de Março disseram a Mugabe que já basta. Na óptica desta linha de pensamento, os zimbabweanos não sabem o que querem. É, sobretudo, um acto de auto-flagelação, que assenta na ideia de que o preto nunca ele próprio, por iniciativa própria, pode saber reivindicar os seus direitos. Precisa de um branco por detrás.
De qualquer modo, este não é um argumento novo. Ian Smith dizia que os nacionalistas que lutavam pela independência do Zimbabwe estavam ao serviço do comunismo russo.
Na África do Sul, o regime do apartheid dizia o mesmo dos nacionalistas que lutavam pela liberdade do povo daquele país.
A história repete-se, só mudam os actores.
Quando o grosso da maioria dos países africanos — incluindo Moçambique — dependem da ajuda que recebem do Ocidente para a sua sobrevivência, o argumento da conspiração ocidental não deixa de ser uma hipocrisia, um discurso de conveniência que nos permite viver na ilusão de que tudo está bem, absolvendo-nos de confrontar as causas mais profundas dos nossos problemas. Chama-se a isso comportamento de voo.
Gostaria de estar errado.
Está errado! Está a sugerir, nos últimos parágrafos, que porque o ocidente nos "oferece" dinheiro deveríamos por isso estar sempre de acordo com ele e, sobretudo, nunca contradize-lo.
ResponderEliminarAcho que, como povos, como Partidos e como indivíduos, temos o direito de ter opinião. Apesar da nossa pobreza.
GM
Bem dito Savana: A história repete-se, só mudam os actores. E não só aqui mesmo em Mocambique recusou-se por muitos anos que a guerra era entre mocambicanos e porque havia algo errado, mas dizia-se ser externa e há quem continua a repetir isso mesmo que provado o contrário. Assinavam-se por isso acordos que não ajudavam para o fim da guerra.
ResponderEliminarCaro Prof. Serra,
ResponderEliminarO problema que muitos leitores estao a ter com o formato "docx" dos seus files em "word" tem a ver com a versao do seu "Microsoft Word" que decididamente devera ser 2007 ou superior! O facto e' que, ao instala-lo no seu computador, estas versoes recentes sempre se sobrepoem as anteriores. E' fundamental que escolha a versao anterior do "Word" (que presumo seja Word 2003) ao iniciar a sessao porque caso contrario, ira' sempre ser activada a sua versao mais recente. Na janela "start" onde aparecem os "programas" recentemente utilizados, podera ver os dois "Microsoft Word" indicados. Eu tenho o Windows Vista e o Word 2007 em casa e tive inicialmente, serios problemas ao transferir files para o servico. Pode crer que muita gente esteja a ter dificuldade em ver os seus "attached files" porque o Vista e Office 2007 ainda nao estao muito difundidos (eu pessoalmente, preferia o XP, hehe).