Outros elos pessoais

27 julho 2008

Ensino multilingue: as perguntas de Olívia

Da jornalista Olívia Massango, chefe de redacção do semanário "O País": "O Governo decidiu introduzir, e já está a implementar desde 2003, as línguas nacionais/moçambicanas nas primeiras cinco classes do ensino com o intuito de reduzir o insucesso escolar. A iniciativa é de louvar, mas vale também pensar nos louros a colher. (...) A pergunta que se levanta é: até que ponto esta ideia boa pode trazer resultados bons? Ou, qual é a possibilidade dos resultados virem a ser positivos (sucesso escolar sem exclusão linguística)? Será o português a maior causa do insucesso escolar? E os problemas da formação de professores e da exiguidade do material didáctico, que sempre foram um “calcanhar de Aquiles” no ensino nacional, já foram ultrapassados de modo a não criar ruído à avaliação que se faz do sistema bilingue? E os factores socioeconómicos que condicionam uma aprendizagem sã como são equacionadas na avaliação do sucesso ou do ensino bilingue?"

1 comentário:

  1. Olívia. Respondo-lhe como professor, pesquisador e especialista em políticas educacionais, em que pese o fato de estar na conclusão do doutorado. A tua questão é pertinente, com certeza. O insucesso escolar não é explicado apenas com base em um fator (neste caso, o linguístico). Eu acredito que o governo tomou essa iniciativa possivelmente a partir de resultados de pesquisas que apontavam a língua como uma das causas do insucesso escolar em Moçambique. Como ainda nem passam 10 anos desde a implementação dessa nova política, penso que não para temos bases suficientes para fazermos um prognóstico ainda. Continuemos a questionar a formação de professores e outros fatores já por ti apontados, para não depositarmos as esperanças de melhoria da qualidade do nosso ensino a apenas à questão linguistica.
    Sugiro que leia a tese de doutorado de José de Sousa Miguel Lopes "Cultura Acústica e Letramento em Moçambique: em busca dos fundamentos antropológicos para uma educação intercultural" e também da Hildizina Soares, professora da UP (me esqueci do título). Penso que as duas obras podem ajudar a entender e a também tomar uma posição crítica em relação à política de ensino bilingue.
    Atenciosamente
    António Cipriano

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