Outros elos pessoais

11 junho 2008

Os riscos do efeito borboleta social na África Austral (3) (continua)

Prossigo a série, sempre explorando hipóteses.
Quando queremos pensar e teorizar a xenofobia na África do Sul, temos de ter em conta um quadro com pelo menos duas situações:
1. As condições de vida nos bairros da lata, tomando como epicentro os situados na periferia de Joanesburgo.
2. A imigração massiva, com cidadãos estrangeiros fixando-se nos bairros, justamente lá onde os sul-africanos têm um ponto de interrogação diário nas suas vidas.
A primeira situação pode não gerar imediatamente as condições subjectivas, digamos que mentais, de produção do Outro como inimigo a abater, se ela de alguma maneira se alimentar de si própria e se for, por exemplo, canalizada para situações criminais clássicas.
Mas se a segunda situação reagir forte e persistentemente sobre a primeira, a sensação de crise perfila-se de forma intensa e o Outro (sentido como estrangeiro, diferente, perigoso, importuno, oportunista, usurpador) pode tornar-se num inimigo a abater, pode ser convertido no responsável imediato, total, dos problemas de sobrevivência social localmente sentidos. A transferência para esse Outro da responsabilidade pelos problemas internos é um mecanismo clássico. Surge então a catarse, o sacrifício do Outro e a expulsão vitimária. O ataque ao e o linchamento do Outro constituem-se como mecanismos subjectivamente sentidos como regulando e expulsando a crise.

2 comentários:

  1. ...pois é caro professor, modéstia à parte , vejo a pouco e pouco as opiniões a coincidirem com a minha análise primeira após os tumultos na rsa ...
    mantenho que tudo não passa de desespero , sufoco, cansaço de um amontoar imparável de sofrimento.
    Impotência perante a vida dura,terrível que se vive na rsa pós apartheid e que para agravar a chegada de repente de milhões de vizinhos ainda mais desesperados do que eles...
    ...quem aguentaria?
    talvez nós,pois temos provado que aguentamos com tudo que quiserem fazer das nossas vidas!
    O blog é a prova escrita da infinidade de histórias que nos indignam , mas que no dia seguinte a mais recente falcatrua faz esquecer a última...e assim blogando,mandando bitaites , vamos continuando nossa triste travessia pelo país que nunca mais acontece...
    adiado até hoje,o país adiado do mestre Craveirinha...
    triste história a nossa; dum comodismo aviltante,perante as sacanagens que nos vão fazendo!!!!!
    onde está o nosso sentido de pátria?
    onde está o nosso orgulho?
    ..não se admirem com os resultados do futebol do desporto em geral,dos diplomas falsos,é a nossa imagem REAL meus queridos concidadãos !!!!!!!

    ResponderEliminar
  2. Vamos a ver se, na ciontinuidade, consigo aprofundar um pouco mais o quadro de hipoteses.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.