Outros elos pessoais

03 junho 2008

O que fazer a ladrões e feiticeiros: representações de alunos de Inhassunge (2)


Eis a continuidade da série.
Enquanto, ao nível da Unidade de Diagnóstico Social, aprontamos um livro concernente aos linchamentos em zona urbana e péri-urbana – regra geral tendo à retaguarda uma acusação de roubo ou de estupro e frequentemente referidos neste blogue-, iniciámos, já, a segunda fase de uma pesquisa destinada a estudar os linchamentos por acusação de feitiçaria, em zona rural ou semi-rural. Na grelha das técnicas de pesquisa que estamos a usar, figura a colocação de duas perguntas feitas a alunos de escolas primárias, a saber: (1) o que se deve fazer a um ladrão?; (2) o que se deve fazer a um feiticeiro? O trabalho foi iniciado no distrito de Inhassunge, província da Zambézia. Deixo mais um exemplo de respostas - no caso vertente de um aluno de uma Escola Primária Completa situada na sede do distrito de Inhassunge (repare-se no uso do verbo catanar, oriundo de catana) - , com a promessa de que no numero seguinte tecerei algumas considerações sobre o tipo de respostas que recebemos. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar.

4 comentários:

  1. Sempre que venho ler aqui as noticias, cheguei-me a perguntar vezes sem conta, como estarão as crianças a reagir com todo este terror á volta deles.
    Agora já sei.
    Obtive a resposta neste texto.

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  2. Interessante!
    Saber o que pensam os alunos primários, grosso modo crianças, talvez nos possa dar uma pequena luz sobre o contributo dos ambientes sociais que as rodeiam na estruturação das suas mundivisoes e, por conseguinte, dos seus conceitos de justiça, de ordem, de punição, etc. A reacção destes dois pequenos interlocutores não deixa margem para dúvidas: primeiro, concordam (em que grau não sabemos e nem parece muito relevante) que existem feiticeiros e ladrões; segundo, propõem que a punição seja física (ainda que o segundo interlocutor admita que depois do castigo físico o ladrão seja liberto para poder queixar-se – à polícia? Talvez!)
    Uma inquietação metodológica:
    Hipoteticamente, o conceitos de justiça podem variar em função de muitos factores, como, por exemplo, a idade, o tipo de socialização e o tempo de exposição a determinadas as fases e tipos a socialização. Isto mereceu alguma atenção da vossa parte?
    Carlos Bavo

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  3. Ainda falta muita coisa para cruzar e analizar, Lisa,aqui apenas deixo primeiras impressões.

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  4. Penso que escreveu e no que propõe, Carlos. Muito obrigado.

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