Outros elos pessoais

01 junho 2008

Confrontos na África do Sul não são xenófobos - diz Leila Hernandez

A professora brasileira Leila Leite Hernandez tem ideias firmes: "A violência de sul-africanos contra imigrantes de outras partes da África - que teve início em 16 de Maio e deixou ao menos 56 mortos - não pode ser considerada xenofobia, na opinião da professora Leila Leite Hernandez, livre-docente em História da África e professora da faculdade de História da USP (Universidade de São Paulo). "Não dá para atribuir a esses conflitos uma dimensão étnica. Não é xenofobia. Nem no Zimbábue, nem na Zâmbia, nem em Moçambique e nem na África do Sul", disse Hernandez, que também é autora do livro "A África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea", em entrevista à Folha Online. E acrescentou: "O problema é que o surto migratório é feito por pobres que vão competir no mercado de trabalho de uma mão-de-obra também pobre, com baixos salários", explica ela. Obrigado ao Guilherme Mussane, mestrando moçambicano no Rio de Janeiro, por me ter enviado a referência via email.
Observação: aqui está uma posição propícia ao debate.

20 comentários:

  1. ...caro professor, a quando dos primeiros incidentes fiz um comentário em q defendi esta posição,e gostaria de a recuperar para esta postagem, não sei se é possivel?

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  2. Pode, sim, mas nao me recordo onde a colocou...

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  3. ...realmente n registei onde,apenas sei q foi logo após as primeiras postagens sobre os incidentes na africa do sul e questionei o que aconteceria com uma hipotetica invasão de magoanine,zimpeto,etc, por refugiados...
    se n der paciência...

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  4. ...claro ,caro professor.
    Desculpe me a petulância.

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  5. Tenho também essa percepção desde o início destes acontecimentos. É claro que, entanto que definição, o conceito dependerá dos elementos em que assentar a dita definição. Se considerarmos simplesmente que "Xenofobia" é toda a violência contra estrangeiros, estaremos perante Xenofobia nestes acontecimentos na África do Sul. Mas se considerarmos que esta violência tem que assentar na rejeição ou na negação da cultura do outro (estrangeiro), então não estamos perante Xenofobia, mas tão somente perante um conflito de cariz económico. Mas... se consideramos que, em última instância, todas as formas de segregação (racismo, tribalismo, xenofobia) tem uma essência de carácter económico, então, voltamos a estar perante Xenofobia.

    Mas o que me está a preocupar mesmo é a falta de clareza do partido que resultou da frente que teve a clareza, durante a luta armada de libertação nacional, de declarar que quem nos agredia não era o povo Português.

    Mas esse partido está, agora (na minha opinião com descarada motivação eleitoralista - de repente há mais 25.000 eleitores tão agradecidos pelo carinhoso atendimento recebido do partido no governo...) a embarcar no discurso falaciosamente patriótico da "ingratidão dos Sul-Africanos", dos "Sul-Africanos de memória curta", etc. NÃO É O POVO SUL-AFRICANO QUE ESTÁ A AGREDIR O POVO MOÇAMBICANO! É um punhado de cidadãos, com uma condição potencialmente criminosa (desemprego, condições desumanas de vida, etc.), que se não estivessem envolvidas nestes actos criminosos, o estariam noutros actos criminosos. E que têm, provavelmente, por detrás de si, orientando-os e movendo-os, interesses económicos desagradados com o potencial da SADC para negociar interesses próprios da região com o Banco Mundial e o FMI e outras instituições financeiras, potencial que nenhum dos países tem individualmente.

    L.S. Kudjeka

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  6. Desculpar-me-á mas, sem qualquer paternalismo, reajo diferentemente a um cidadão que expressa uma opinião ou a um(a) colega que sobe nos seus "galões" académicos para a expressar.
    Porque num caso estamos apenas perante liberdade de opinião (eventualmente baseada em perspectivas socialmente situadas e sem obrigação de seguir regras analíticas do métier - com que, aliás, tenho aprendido muito ao longo da vida) e, no outro, perante aquilo que se apresenta como uma "análise científica".

    No essencial, a tese apresentada pela colega diz: não se trata de xenofobia porque não estão envolvidos sentimentos tribais (visto que os africanos, coitados, são incapazes de sentimentos nacionais, apenas de tribalismo), mas apenas um desagrado contra milhões de estrangeiros que vêm competir pelos mesmos recursos escassos de emprego.
    Não é xenofobia, porque a questão não é que se persigam e matem estrangeiros, mas que se persigam e matem estrangeiros por se achar que eles estão a roubar-nos o emprego.

    Donde, não é racismo e xenofobia o que os racistas e xenófobos portugueses apregoam hoje em dia, ou o que os xenófobos franceses e alemães apregoavam nos tempos da emigração portuguesa para os seus países. O argumento era o mesmo e, em última instância, a situação também.
    Também a entusiástica participação popular o holocausto nazi nada tinha de xenófoba. Em primeiro lugar, porque os judeus alemães eram oficialmente alemães e não estrangeiros; em segundo, porque os alemães louros e arianos vinham de um descalabro económico e inflaccionário sem paralelo naquele país, em que os judeus se pareciam ter desenrascado melhor, sendo por isso suspeitos de responsabilidade.

    Mas, para certos olhares, é inconcebível que africanos sejam tão imbecilmente xenófobos, usando os mesmos argumentos, do que aqueles que o foram e são noutras partes do globo.
    Porque (linha muito forte nas ciências sociais brasileiras, norte-americanas e alemães actuais) os africanos são gente sem maldade, são "bons selvagens", crianças estragadas pelo exterior ou pelas circunstâncias.

    No ano passado, em S. Paulo e durante um seminário onde estavam dois colegas moçambicanos, eles foram corrigidos quando falavam do seu país por um colega brasileiro, porque "a África não é assim".
    Como esse digno colega era descendente de africanos e tinha feito algum trabalho de campo no noroeste de África, considerava ter toda a legitimidade para corrigir os africanos acerca do país que era o seu, a dezenas de milhares de quilómetros de qualquer coisa que ele conhecesse. E ai de quem lhe dissesse o contrário, a começar pelos africanos.

    Pela minha parte, não sendo africano, tudo isto só me repugna em termos intelectuais. Mas, se fosse, ficaria bem mais ofendido.

    E, ocupando Marx um lugar essencialíssimo na minha formação intelectual, sou também insultado por economicismos bacocos misturados com resquícios de Rousseau que destroem a dignidade das pessoas sobre as quais se aplicam.

    Creio que é este o espaço e a razão para essa "opinião forte". Quanto à própria opinião, creio que a crítica terá sido suficiente.

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  7. Tenho para mim que Leila toca bem na raíz dos problemas: o problema da sobrevivência pós-apartheid. Mas perde-se quando não sabe transferir a competição pelos recursos de poder (o emprego é um deles) para o campo simbólico da etiquetação excludente, sempre clássica nestes casos. A hostilidade ao estrangeiro – encarado como usurpador múltiplo da riqueza local – é a saída que Leila apaga. Por isso a sua intervenção fica apórica. Ela não sabe, ela certamente não estudou os cartazes de acusação e não sabe das frases que foram dirigidas aos “Machangane”, por exemplo. Em situação de crise a busca do bode expiatório é quase “obrigatória”. E não há evidências de ataques inter-étnicos sul-africanas, dado que Leila não teve em conta. Acresce que não está absolutamente provado que os estrangeiros roubem os empregos locais. Mas o “roubo” de empregos ou a atribuição aos estrangeiros dos problemas criminais não precisa de ser precisa, clara, evidente: basta a intranquilidade local, fortemente ressentida, para se procurar imediatamente aquela “diferença”, aquele estrangeiro, aquele ser exterior considerado responsável pelos males localmente vividos. Todavia, há um dado a a estudar no futuro: a acusação de que os estrangeiros não criticam as condições de trabalho.

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  8. Meus caros, em termos simples, o desemprego na ordem dos 40% e a consequente degradação do nível de bem estar de tão substâncial parcela da população sul africana gera instabilidade e comportamentos imprevisíveis. Pouco importa chamar-lhe xenofobia ou outra coisa qualquer, os resultados estão bem víviveis: mortos, feridos, despojados e desalojados, retornados de mãos vazias. Culpado? Governo sul africano que, como os factos evidenciam, tem seguido políticas económicas e sociais desajustadas da realidade. É cada vez maior o desequilibrio na distribuição da riqueza. O BEE é uma falácia.

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  9. Eu também sou de opiniao que esta violencia de sul - africanos, nao se reduz a mera xenofobia. Ela trnacende esta dimensao vai mexer com questoes profundas de probreza que afecta tanto os imigram como os nativos.
    So citando um pequeno episodio, um dos nativos dizia que "os mocambicanos em particular nao oferecem a sua mao de obra a um preco barato, por iso eles conseguem facilmente o trabalho, e com o pouco dinheiro que ganham conseguem oferecer para as suas familias uma vida condigna. E pelo trabalho, conseguem mais mulheres que nós, vivem bem"
    Trago este exemplo como apena uma amostra de que esta violencia é mais do que simples xenofobia, é mais um problema que deve ser visto numa dimensao de "Facto social total", ou seja tem diferentes raizes e interpretacoes e opinao da professora Leila vem trazer um outro angulo de abordagem, que leva-nos a reflectir ainda e nao reduzindo a questao a xenofobia.
    Alias os dois governos nao podem de alguma forma espantar-se pelo sucedido, pois, na minha opiniao tiveram tempo suficiente para reflectir melhor e encontrar formas de de equacionar o problema. Mas infelismente nem um nem outros, lembrou-se de estruturar a questao da migracao e o "balao rebentou", com todas as consequencias daí resultantes.

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  10. Sou inteiramente partidário de ver o problema pelo ângulo da "pobreza", tal como o leitor propõe. Mas só há uma maneira de evitar a aporia: é compreender a forma como os sul-africanos viraram o protesto não contra eles, mas contra os estrangeiros.Queiramos ou não, estamos perante o exercício de manifestações xenóficas (receio, ódio pelo Outro), globais,de recusa do estrangeiro, do Outro, encarado como responsável pelos males locais. Dizer que os sul-africanos sentiram no estrangeiro (e não num grupo étnico determinado) a concorrência (e por isso protestaram de forma violenta) e depois recusar que isso é xenofobia, é apórico. A projecção catárquica no Outro possui inúmeros exemplos na história. Mas prossigamos o debate.

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  11. O Professor Carlos Serra refere-se no seu comentário à hostilidade dos sul-africanos para com os "machanganes". Sabe, por acaso, o Professor que a língua
    "changane" ou "tsonga", como também se designa, é uma das linguas oficiais da África do Sul? Ou seja, uma parte substancial dos sul-africanos fala a mesma lingua e segue as mesmas práticas sócio-culturais que aquelas seguidas pelos machanganas ou tsongas de Moçambique.

    O que estou a dizer é que tsongas separados por fronteiras artificiais poderiam estar a praticar xenofobia entre si.

    Para compreender os acontecimentos da África do Sul devemos, em minha opinião, esquecer por um momento todas a tentativa de desculpabilização. Por exemplo, culpar o Zimbabwe ou culpar uma presumível terceira força. As dinámicas internas da sociedade sul-africana é que podem explicar toda aquela violência.

    E para qué catalogar a violência? Será sempre necessário arranjar uma designação para actos de chacina? Forçar racismo ali? forçar xenofobia ali? forçar tribalismo ali?

    Dizer que é uma violência que resulta da disputa de recursos escassos e que, para a sua combustão contribuiram todas as contradições recalcadas dentro da sociedade sul-africana, não basta?

    Obed L. Khan

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  12. Bom dia pessoal, eu fiz as mesmas observações nos meus comentarios anteriores a respeito do assunto.

    Citei que o ocorrido tinha o cunho de falta de boas politicas públicas ( área social) tanto no país onde ocorreu assim como os da origem dos estrangeiros.

    Falei sobre a rotina dos partidos que governam os paises ha bastante tempo que já não estão sevindo ao povo só servem aos padrões que são os parceiros, a econômia em áfrica só cresce no papel mas, não se reflete na realidade, é um crescimento fetício só pra agradar os parceiros de cooperação.

    Eu já não faço idéia até que ponto os chefes africanos têm coragem de publicar crescimento que não reflete a realidade do africano, isso é uma bobagem pessoal.

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  13. O Obed levanta um ponto interessante! O dos tsongas sul-africanos e tsongas-mocambicanos, que no fundo, sao o mesmo povo!
    A questao que me ocorre e': O que faz entao, que esses "povos" se sintam e se tratem de forma diferente? Ja' que "emprego" e' um assunto que esta' na ribalta, qual e' a atitude na negociacao de salarios dos tsongas dum lado e tsongas do outro? Sera' que esses tsongas se vem como um mesmo povo??

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  14. Caro prof, não era tão complicado, eu é que não domino muito bem a linguagem dos blogs ....

    " ...na minha modesta opinião, e sem querer levar o que está a acontecer de ânimo leve, acho que a palavra xenofobia não deve ser usada da forma que se está a usar.
    Xenofobia é algo de profundo,enraizado em crenças racistas, que tenho a certeza não fazerem parte dum povo que tanto sofreu vítima desse mal.
    Chamarei sim, de xenofobia do desespero,porquê?
    Durante décadas e décadas, desde o tempo colonial, a rsa tem recebido moçambicanos que têm vivido em harmonia nos guettos sulafricanos, sem que alguma vez algo do género se tivesse passado.
    Pensemos sim no porquê disto deflagrar de repente.
    Toda esta análise ,tem como premissa uma informação que li , dizendo que após as eleições do Zimbabwe ,entaram na rsa cerca de 3,5 milhões de zimbabweanos .
    Imaginemos que esse número de pessoas invadia magoanine,chiquelene,zimpeto etc.
    Como seria que os habitantes desses lugares reagiriam, se esses individuos em condições desesperadas , começassem a pôr em risco o frágil equilibrio das suas vidas?
    A realidade dos sulafricanos é dificil e todos nós sabemos,e os problemas pós fim do apartheid já vêm existindo há muito...mas nada faria isto acontecer, pois não são os estrangeiros os culpados da política sulafricana.
    Para mim, os verdadeiros responsáveis do caos que se instalou, são os governos dos países africanos vizinhos , que não tomaram, nem tomam nenhuma atitude perante os desmandos tirânicos que o ditador mugabe vem protagonizando...
    O efeito bola de neve já começou e a táctica de esconder a cabeça como a avestruz perante a tragédia zimbabweana, não resultou.
    Não tomaram uma atitude perante o que se passa no Zimbabwe,o exôdo aconteceu e como sempre ,quem tá a pagar a factura é o capim, enquanto os elefantes dançam a sua eternização no poder..."

    23/5/08 6:46 PM

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  15. Ontem não conseguia inserir comentários aqui. Espero que ainda vá a tempo, já que não se trata de uma notícia da actialidade, daquelas que se esquecem no dia seguinte.

    Ao rebelar-me contra a redução do problema à pobreza e à competição por empregos escassos, como se esse fosse o único factor envolvido, não quiz sugerir que ele não fosse essencial, ou até o ponto de partida.
    Juntar-lhe-ia até outro: uma mudança política de extraordinária importância e significado mas que, muitos anos depois, só beneficiou economicamente uma ínfima minoria da população que tinha sido segregada pelo apartheid - enquanto desnecessárias medidas neo-liberais vieram, pelo contrário, dificultar alguns aspectos da vida dos mais desfavorecidos.

    Também as responsabilidades governativas me parecem relevantes, pelo menos em 3 aspectos:

    1. Essa política que restringe o "black empowerment" à ascensão (numericamente restrita) de novas classes médias e altas, secundarizando a justiça social para o grosso da população - levando ao desencanto para com aspirações legítimas e as perspectivas de futuro.

    2. O continuado apoio objectivo ao regime de Mugabe, mesmo quando este entrou em espiral repressiva e tornou as condições de vida economicamente insustentáveis - levando à imigração de milhões de pessoas e a uma pressão enorme sobre os recursos disponíveis, não contrabalançada devido ao ponto anterior.

    3. A letargia na resposta à violência e na reposição da segurança pública - quase como se se esperasse que o terror criado entre os imigrantes fosse resolver os problemas de recursos que não se resolveram por políticas públicas.

    Mas, posto isto, porque é que os mais pobres, ao "estoirarem", não se viraram contra os que possuem (muito ou alguma coisa) e contra símbolos de riqueza que nunca irão possuir, como aconteceu no 5 de Fevereiro, mas contra os "estrangeiros", subitamente demonizados?
    E não contra aqueles que surgem ligados ao crime nos estereotipos da vox populi (como os nigerianos), mas contra os mais fragilizados?

    Há de facto um fenómeno de xenofobia (e selectivo, na sua expressão violenta), que requer compreensão e não escamoteamento.

    Neste quadro, o facto de a "comunidade linguística" tsonga não proteger da xenofobia não tem muito que nos espantar - a não ser que queiramos continuar a pressupor (como nos tempos coloniais e nos discursos desconhecedores "ocidentais") que O AFRICANO, assim com letra grande e como entidade abstracta e homogénea, é por essencia imutável um tribalista.
    Artificiais ou não (e, na maioria dos casos, não mais que vários países europeus), há países africanos, no mínimo, há muitas décadas - e há identidades e sentimentos nacionais.
    O tribalismo dá sempre muito jeito aos actores sociais para enfatizarem, expressarem e manterem conflitos internos, quando estes se tornam incontornáveis ou desejados; mas também tem "as costas largas".

    Será que o mesmo se poderá estar a passar, neste caso, com as identidades nacionais e a xenofobia?

    PS: num assunto totalmente diferente, convido-vos a ver o post que afixei hoje, em http://antropocoiso.blogspot.com/2008/06/combate-pobreza.html
    É com coisas como esta, aparentemente pequenas para quem olha de cima, que se criam desesperos e o caldo para a violência social.

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  16. Entre as várias e importantes questões levantadas, a da transferência de responsabilidade para grupos causais "subalternos" é, para mim, um campo de estudo vital.

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  17. É importante a questão de porque é que as pessoas não se revoltaram contra os ricos (verdadeira causa da sua condição precária) e o fizeram, ao invés, contra os seus pares (na pobreza). Creio que há uma razão muito básica para isso: é que o rico, na verdade, não compete comigo. Não é o rico que disputa o meu emprego, a minha comida, a minha casa d lata - o rico é, aliás, em última instância, o meu benfeitor (é ele que me dá o emprego, não o meu vizinho miserável) e, na verdade, até é quem eu admiro (quisera eu ser rico - e exploraria da mesma maneira, ou ainda pior, aqueles que agora são meus parceiros - a história está cheia de provas disso). É o meu vizinho que disputa comigo as coisas básicas que constitui o meu inimigo. É esse quem me priva do elementar - o rico, quanto muito, priva-me de ter carro, mas não comida, digamos.

    E, se é verdade que não se pode considerar "os povos Africanos" como grupos sem identidade, incapazes até de disputas identitárias xenofóbicas, é preciso também não cair no outro extremo de reduzir os "povos Africanos", hoje, a grupos identitários limitados e selvagens. O reducionismo é tão limitado como a generalização abusiva.

    L.S. Kudjeka

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  18. Há um artigo muito interessante sobre este assunto neste link:

    Horror em Johannesburgo
    www.estadao.com.br

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  19. dexei o meu comentário neste sítiohttp://intelectualismoadministrati.blogspot.com/search?q=

    Pensa comido

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