Na última página do semanário "Savana" existe sempre uma coluna de saudável ironia que se chama "Na hora do fecho". Naturalmente que é necessário conhecer um pouco a alma da vida local para se saber que situações e pessoas são descritas. Deliciem-se com a "hora do fecho" desta semana: * Foi bonito ver no último sábado, PR, PM e vários ministros sentarem-se por baixo dum cartaz que saudava o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Não se sabe é se gostaram de ouvir os vários discursos da Unesco e outros dignatários que afirmaram ser um dos principais combates dos jornalistas a denúncia da corrupção por parte de funcionários públicos. Lydia Ribeiro, a mexicana galardoada com o prémio liberdade de imprensa, foi violada, detida e torturada no seu país por ter denunciado as ligações entre o Estado, o crime organizado e uma rede de pornografia infantil.
* Os convidados estrangeiros, e havia largas dezenas, interrogaram-se pelo silêncio em torno do nome de Carlos Cardoso, nome que eles consideram emblemático na profissão e nas causas que abraçou. Há pessoas que continuam a ter dificuldades de pronúncia de certos nomes ...
* Mas a liberdade de expressão está definitivamente na ordem do dia para as bandas da PGR. Há mesmo quem pense que éuma forma de trilhar pelos caminhos da política. Com pilhas de crimes de sangue por cima da mesa, andam a perder tempo com azagaias, zicos e escribas. Ou os donos é que mandam os caninos morder?
* Numa das casas que formalmente celebram a liberdade de expressão foi decretada a interdição a dois “mal educados”. Se a moda pega, pelas bandas da casa dos escribas, a lista vai ser muito maior ...
* As nacionalidades continuam ao rubro, um preço a pagar por todos os anos em que o debate ficou pelos corredores. Desta vez é o filhinho da D. Lulu que entrou em cena e tudo por causa de um outro assunto não resolvido de casa que o colono deixou.
* Por falar em nacionalidades e irritar os xenófobos que circulam pelos corredores do poder, agora que o chefe anda por terras chilenas, houve dois notáveis cidadãos dessas paragens que chefiaram direcções nacionais no tempo de Samora. Não se sabe qual era o seu passaporte, mas eram Sérgio Basulto nas Pescas e Jaime Thoa nas Florestas. Outros tempos.
* Agora, como já se perdeu a vergonha, os roubos são feitos à luz do dia. O Governo da Província de Inhambane, através da Direcção Provincial do Plano e Finanças, lançou, através do “Notícias”, um concurso público para fornecimento de cinco mil bandeirolas para o Partido Frelimo. Só que a Renamo não ficou distraída e levantou o assunto no Parlamento.
* O vice dos polícias, o que andava calmo por alturas da super terça-feira, anda com sérios problemas no seu ministério. Segundo a imprensa diária, anda incomodado com os polícias gordos e que ficam mal nas fotografias com as barrigas salientes nas vestes cinzentinhas. Lá vai uma dieta da sopa para o comando policial para ver se melhora o performance no combate ao crime.
* Desde que o vento do Dubai chegou ao porto de Maputo parece que andam no ar os ventos de mudança. Um jovem executivo dos tempos da escola comercial Azevedo e Silva, depois de pôr na ordem os contentores prepara-se para digerir o bife integral. Até o concessionário, habitualmente desconfiado, está esperançado em mudanças para melhor.
* Há uma anedota no Zimbabwe que diz que mesmo colocando um burro para concorrer às eleições contra o tio Bob, o burro ganharia por uma esmagadora maioria. Não porque os zimbabweanos realmente pensem que o asno possa governar melhor, mas porque o povo simplesmente votará contra o Bob, sejam quais forem as circunstâncias. Triste, mas é verdade.
Em voz baixa* JC parece estar de volta à política activa. Diz que as exonerações não eram seus métodos de trabalho e acrescentou que muitos dos ganhos do actual governo foram preparados por ele. Entre cocktails e passagens televisivas, a ala do cachimbo que se cuide ...
apesar de tudo, existe a possibilidade de se falar e criticar. o que de certa maneira da esperanca
ResponderEliminarjokas
Paula
Comeca-se a notar que, em numero cada vez crescente, conceituados bloguistas sao "restringidos" de blogar, "por razoes profissionais". Antes foi o Egidio Vaz, agora e' o Eugenio Chimbutane e amanha, quem sera? Nao sera isto um atentado as liberdades que temos vindo a notar decrescer vertiginosamente, no exacto periodo em que, um "extraordinario" jornalista referiu que "o numero de malucos esta' a aumentar"?? Que ameaca e' que representa um profissional "de cartas dadas" e que nao se coibe de "falar a sua mente", para os interesses de seja qual for a empresa? Temos reflectir seriamente, esse assunto que aparentemente parece "particular"..
ResponderEliminarSim, reflectir.
ResponderEliminar