Vamos supor que a tipologia apresentada no último número se manteve constante, se manteve digamos que tradicional até à independência nacional (coisa de que duvido, mas fiquemos por agora assim).
Na era colonial, se por um lado os administradores portugueses não viam com bons olhos médicos sociais e adivinhos (muitos relatórios deram conta de que eles contribuíam para despovoar as comunidades com as suas terapias), por outro procuravam que eles se algum modo contribuíssem para manter estáveis os padrões de vida camponeses, estáveis e não subversivos.
Depois da independência a situação mudou. Com a revolução, a sua actividade foi combatida, pelo menos indirectamente. Não creio que esse período tenha ainda sido estudado.
Mas a partir de 1887, melhor, a partir de 1990/1992 médicos sociais e adivinhos regressam em força, as cidades tornam-se um alvo preferencial, cidades que estão apinhadas de gente fugida do campo e da guerra civil, gente insegura. Mas não apenas regressam: trazem consigo ementas de cura-tudo aliciantes, fantásticas.
É em 1992 - ano dos acordos de paz assinados em Roma entre a Frelimo e a Renamo - que chegam a Moçambique os primeiros pastores da Igreja Universal do Reino de Deus. Em 1995, um pastor metododista citado pelo "Notícias" definia assim o programa da IURD: exorcizar os demónios, curar as enfermidades e oferecer prosperidade financeira.
É nos anos 90 que começam a surgir na imprensa escrita os anúncios dos cura-tudo.
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