Outros elos pessoais

20 abril 2008

Espíritos, curandeiros e mercado (5) (continua)

Prossigo a série.
Vamos supor que a tipologia apresentada no último número se manteve constante, se manteve digamos que tradicional até à independência nacional (coisa de que duvido, mas fiquemos por agora assim).
Na era colonial, se por um lado os administradores portugueses não viam com bons olhos médicos sociais e adivinhos (muitos relatórios deram conta de que eles contribuíam para despovoar as comunidades com as suas terapias), por outro procuravam que eles se algum modo contribuíssem para manter estáveis os padrões de vida camponeses, estáveis e não subversivos.
Depois da independência a situação mudou. Com a revolução, a sua actividade foi combatida, pelo menos indirectamente. Não creio que esse período tenha ainda sido estudado.
Mas a partir de 1887, melhor, a partir de 1990/1992 médicos sociais e adivinhos regressam em força, as cidades tornam-se um alvo preferencial, cidades que estão apinhadas de gente fugida do campo e da guerra civil, gente insegura. Mas não apenas regressam: trazem consigo ementas de cura-tudo aliciantes, fantásticas.
É em 1992 - ano dos acordos de paz assinados em Roma entre a Frelimo e a Renamo - que chegam a Moçambique os primeiros pastores da Igreja Universal do Reino de Deus. Em 1995, um pastor metododista citado pelo "Notícias" definia assim o programa da IURD: exorcizar os demónios, curar as enfermidades e oferecer prosperidade financeira.
É nos anos 90 que começam a surgir na imprensa escrita os anúncios dos cura-tudo.
Nota: imagem reproduzida daqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.