Outros elos pessoais

06 abril 2008

Corrupção


Não, não é sobre Moçambique que vou postar, mas sobre Portugal. Parece que a corrupção como tema e acção correctora entrou em banho-maria lá por terras do parlamento português. O professor universitário Paulo Morais fala no ovo e na serpente, nas poderosas sociedades de advogados e afirma que "Por cá, já não é ‘a ocasião que faz o ladrão’. É cada ladrão que faz a sua própria ocasião" (a referência foi-me enviada pelo Ricardo, em Paris). Enquanto isso, creio que também vale a pena passar os olhos pela "Oficina de gerência" do Herbert Drummond, no Brasil, a propósito da "corrupção por quilo".
Imagem reproduzida daqui.

1 comentário:

  1. Não será legítimo afirmar que Portugal é um país de corruptos. Mas que há corrupção em escala, há isso há.
    Depois ninguém detém o monopólio. Ela é transversal à sociedade portuguesa. Corrupção já não é noticia nas terras lusitanas. Está como que institucionalizada. São mais que muitos os seus agentes. Há para todos os gostos: a pequena, a média e a grande corrupção.
    Há um certo fatalismo em relação à corrupção. Não há nada a fazer, ouve-se nas ruas, todos os dias.
    Se recuarmos décadas vamos encontrá-la nas grandes( e pequenas) obras públicas. Por vezes temos memória curta!
    A corrupção é parte integrante da cultura capitalista. Será necessário regressar à Idade Média?
    Não resisto a transcrever Samir Amin:

    “As classes dominantes, na história do capitalismo, tinham um quadro de referência, que na ideologia burguesa se chamava de direito burguês, de Estado de Direito. Eles tinham também uma hegemonia cultural, que proporcionava uma espécie de legitimidade ao seu poder. Eram ladrões, usurpadores, concordo, mas não tinham a ousadia observada junto a todas as classes dirigentes dos EUA, do México, de qualquer país da Europa ou da África. A burguesia sempre teve seu domínio na política, com seus bandidos, mas dominava os acontecimentos e, eventualmente, punia. Mas, agora, é o que se chama de degradação da democracia, de escândalo permanente. Não estou falando apenas do pequeno escândalo, da pequena corrupção de ordem política, mas, do comportamento mafioso, sem respeito pelo Estado de Direito. Isso vem dos grandes capitalistas. Provavelmente, espero, vão estourar em alguns dias os escândalos dos grandes banqueiros, dos grandes financistas. E o presidente dos EUA está incluído. Bush está envolvido na trapaça que as classes médias detectaram. É ótimo. Mas é também o caso da máfia na Rússia. A burguesia americana tornou-se mafiosa, isso generalizou-se. Quando se examinam até mesmo suas teses de classes dirigentes, atualmente, em relação às gerações anteriores da burguesia, pode-se verificar a sua pobreza, com o abandono das referências e isso quer dizer também que é uma crise hereditária, que passa de uma geração a outra. São bandidos, como os da Máfia, de forma que o seu momento de glória desapareceu.”

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.