Pompílio Gemuce: preferia que me tratassem por artista. Ser pintor entendo como um ofício de aplicar e combinar cores nalguma superfície... Artista é aquele que usa diferentes recursos para comunicar de uma forma não comum e talvez interessante. No meu caso, convencionalmente “artista visual”, uso tintas, desenhos, imagens e outros recursos como meios de comunicação para expor as minhas preocupações. Entendendo que a questão é formulada para este sentido, diria que não me considero bom artista porque ainda não atingi a minha satisfação absoluta e, por outro lado, todas as vezes que pretendo criar uma obra de arte torna-se sempre um grande desafio e faço com muita dificuldade. Somo neste percurso artístico mais frustrações que sucessos. Mas porque assumi que esta vida é de muito desafio então trato de dar costas às frustrações e não mostrá-las.
Carlos Serra: como se diferencia de Malangatana?
Pompílio Gemuce: diferencio-me de Malangatana por geração, objectivos na carreira e oportunidades de promoção.
Carlos Serra: analise a pintura moçambicana hoje em poucas palavras.
Pompílio Gemuce: falando concretamente da pintura, acho que está estagnada, mas esta situação verifica-se em todo o mundo. A pintura é um midia que muito foi usado pelos artistas como recurso de angariação de fundos pela sua facilidade de comercialização. Desta forma ficou banalizada a sua essência artística, embora existam ainda grandes mestres a fazerem maravilhas. A arte no geral em Moçambique, sobretudo a “visual”, acho que anda perturbada por falta de um protagonismo saudável. Mas esta situação pode-se considerar estar ao nível do desenvolvimento do país e não quero de modo algum ignorar os poucos esforços empreedidos a níveis oficiais e particulares no sentido de dar a mão a esta questão do protagonismo saudável. Faço críticas severas ao Ministério da Cultura, por não conseguir criar mecanismos adequados para esta questão. Sem um ensino superior nesta área dificilmente teremos protagonismo condigno capaz de pôr a arte moçambicana a nível internacional. Balanço rápido: 0 faculdades de arte, o galerias de arte proficionais, 1 escola média de arte, 0 críticos de arte, 1 historiadora de arte com doutoramento, 1 curador curioso, 1 sociólogo de arte em formação, cerca de uma dezena de artistas com formação superior. Aspiração: artistas capazes de representar condignamente o país em competições internacionais (a transformação de armas por obras de arte é um projecto social e não artístico. Vender ao ocidente o “exotismo africano” é um projecto ocidental e não moçambicano).
Caro Mestre Gemuce, adorei a breve entrevista. De facto o balanço rápido que apresentas e um preocupação a tomar em consideração, pois se nao a resolvermos, continuaremos com os mesmos com os mesmos problemas, a banalizacao da nossa arte.
ResponderEliminarGemuce desejo lhe muita forca nesta luta para o bem da arte.
Caro professor obrigado pelos "post" de Gemuce.
Um abraço
Ouri Pota
Caro Mestre Gemuce, adorei a breve entrevista. De facto o balanço rápido que apresentas e um preocupação a tomar em consideração, pois se nao a resolvermos, continuaremos com os mesmos problemas, a banalização da nossa arte.
ResponderEliminarGemuce desejo lhe muita forca nesta luta para o bem da arte.
Caro professor obrigado pelos "post" de Gemuce.
Um abraço
Ouri Pota
É uma honra para todos nós termos um Gemuce. Abraço.
ResponderEliminarLi com muito agrado esta breve entrevista do artista plástico Pompílio Jemuce!
ResponderEliminarA capacidade de síntese é excelente. O retrato da comunidade artística moçambicana, está seguramente nítido, transparente, intelegível, ao alcance dos menos informados.
O quadro da arte de Moçambique, com pinceladas de exotismo africano , irónico e desmistificante de simulacros, no domínio da Arte.
Sem ruído, sem alarido, aponta caminhos e encruzilhadas. Fala do presente e teme o futuro.
Enfim , gostei dos quadros e da entrevista. Um grande artista que recusa facilitismos e cumplicidades ante uma apatia prolongada