Outros elos pessoais

07 janeiro 2008

O efeito Quénia

O que se está a a passar no Quénia, na sequência dos resultados das eleições, é muito mais do que um problema local: é um problema que pode rapida e potencialmente deslocalizar-se e atingir outros países com os seus efeitos simbólicos e materiais. O Quénia tem sido considerado um paraíso e uma história de sucesso macro-económico: mas é um país de profundos desequilíbrios sociais. De um dia para o outros toda a publicitada história de sucesso pode esboroar-se - como se esboroou - , fazendo vir à superficie uma realidade social pungente que se procurou e se procura a todo o transe escamotear com a floresta da estatística. Mas não só: o que se passa no Quénia obriga a que se estude com honestidade e independência a gestão das eleições em África.

3 comentários:

  1. Concordo consigo. As estatísticas são uma coisa e a realidade outra. Veja-se o exemplo do nosso país. Em termos macro economicos somos a joía da coroa do FMI e banco mundial mas a prática revela que o crescimento económico e seus benefícios concentra-se nas mãos de uns poucos " sortudos", o povo, esse vai minguando. O resultado é o sugimento de fissuras na sociedade,entre os que têm e os que aspiram ter. Daí é só escolhermos a tribo, o credo, a raça que acharmos que é dominante e começam as chacinas. É preciso muito cuidado, estamos a dançar por cima de uma pista de cristal!

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  2. O prognóstico é justo e deve obrigar-nos a pensar, aqui e no Zimbabwe há eleições este ano.

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  3. O suposto perdedor das eleições no Kenya (que afinal não perdeu) nunca fez nenhuma guerrilha, não tem um passado de mato. Mas aqui quando o Dhlakama protesta com os resultados logo dizem que ele continua guerrilheiro e que não sabe o que é democracia, que apenas entende de guerra. O problema estrutural com os regimes políticos no poder em África é que querem tirar todo o partido de tudo o que é ganho imediato no Estado e nos investimentos e por isso tudo fazem para controlar as comissões eleitorais. Os da oposição são sempre pintados com a cor do inferno. As nossas eleições estão perto.
    (JCMazive)

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