Outros elos pessoais

16 janeiro 2008

JNSR, Dhlakama e os cavalos de tróia

O semanário "Magazine Independente" de hoje tem como uma das suas manchetes uma carta que circula na Beira como sendo da autoria da Junta Nacional de Salvação da Renamo (JNSR) e que pretende dever Afonso Dhlakama ser substituído na direcção da Renamo pelo Eng.º Deviz Simango, actual presidente do município da Beira. De acordo com o semanário, Simango afirmou, porém, que apenas obedece à Renamo e a Dhlakama (p. 22).
As eleições aproximam-se e este tipo de fenómenos (creio que a JNSR não tem qualquer representatividade e é apenas um tigre de papel provavelmente defraudado por não assegurar lugar na bancada parlamentar da Renamo) só tem de natural o facto de o não ser. Dentro da chamada oposição (hoje, com excepção da Renamo, completamente inexistente e apenas habitando vez que vez a página 3 do diário "Notícias"), Dhlakama e a Renamo têem sido regularmente atacados por políticos subalternos, especialmente pelo Homo Sibindycus, um claro ariete da Frelimo. Já em Julho do ano passado comentei sobre o fenómeno e observei o seguinte: "(...) Afonso Dlakhama tem de fazer face não apenas aos seus pares de outros partidos políticos da oposição que o criticam com insistência, como, também, à JNSR. Creio que esse tipo de críticas vai ampliar-se à medida que se aproximam as eleições. Muitos trunfos e muitos cavalos de tróia devem já estar em franco movimento."
No caso vertente, a JNSR é um cavalo de tróia destinado a fragilizar a Renamo e a destituir completamente a única coisa que resta da oposição, a Renamo, do seu papel de real oposição. Do ponto de vista da política pura, sem Dhlakama a Renamo desaparece (deixem-me dizer as coisas assim). Acresce que jamais a linha histórica da Renamo permitiria que um aliado (pois Simango não é da Renamo) encabeçasse o partido, por mais méritos que Simango possua, como possui. A Frelimo ou qualquer outro partido hegemónico faria o mesmo.
Nota: em qualquer momento posso regressar ao texto e modificá-lo ou acrescentar alg0, o que, a suceder, será ressaltado com uma cor distinta.

10 comentários:

  1. Professor estou de acordo com o seu ponto de vista. Essa junta não passa de um grupo sem representação nenhuma.
    no entanto sou obrigado a não concordar com quando afirma que a Renamo sem Dhlakama desaparece. Não é verdade! alias, o líder da Renamo é hoje o principal obstáculo da Renamo. Favor de ler o texto que eu escrevi no meu blog sobre a Renamo.

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  2. Carlos acontece na Frelimo uma coisa perecida de cavalos de troia com a história de uma ala que quer colocar o Hama Tai na lideranca...Aliás vc já chamou a atencao para isso. Força!

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  3. Sim, Belmiro, pode ter razão. Mas eu apenas tentava fotografar a situação tomando em conta duas coisas: (1) o peso votal de Dhlakama nas eleições; (2) o peso carismático de Dhlakama, o seu lado "samoriano", como já aqui escrevi um dia e, igualmente, num livro meu. Por hipótese, valem mais carismas do que partidos em certos "xadrezes" políticos. O que acha de tão ousada afirmação?

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  4. Creio, Sara, que são dois fenómenos distintos: numa caso trata-se de desgastar a Renamo forçando a substituição, em congresso, de Dhlakama por Simango, substituir um general por um engenheiro moderado, tentar uma linha aparentemente acomodante na Renamo; no outro caso, trata-se de desejar a continuidade da Frelimo pela opção de um militar de linha dura...

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  5. O problema professor, o líder da Renamo está há 30 anos no poder. é tempo demais.
    Ele tornou-se um ditador. pessoalmente acho que é tempo de novas pessoas com ideias frescas tomarem conta dos destinos daquele partido.
    nas próximas eleições a renamo terá menos deputados que os actuais. Dhlakama irá perder as eleições!

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  6. Não posso deixar de concordar consigo em termos de durabilidade de mandato. Porém, tento pensar na política sem pensar politicamente (como diria o Pierre Bourdieu) e ter em conta duas coisas: (1) a linha de ataque que lhe está a ser movida, com cavalos de tróia subtis; (2)o carácter decisivo das próximas eleições e o peso que nestas coisas tem um líder carismático.

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  7. Já se dizia que as eleições anteriores eram decisivas. Pois que coincidiam com o render da guarda na FRELIMO. Dizia-se que, para Dlhakama, ou era daquela vez, ou nunca. A imprensa da época é fértil neste tipo de conjunturas. Professor, pode elaborar mais no porquê estas eleições são decisivas?

    Heitor Mabindo

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  8. A bem da Renamo Dhlakama devia abdicar-se. Mas tb não é um grupinho de malandros ditos da junta que devem tiram um e indicar outro. O que eles estao a fazer é complicar as coisas. Sujam o Simango, e em nome de quem?

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  9. Logo que tiver tempo, tentarei escrever algo em resposta a ambos. até já...

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  10. Afinal, optei por criar uma curta série para vos tentar responder, vejam a última postagem.

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