Outros elos pessoais

18 janeiro 2008

Guerrilheiros do desenrasca continuam a vencer

Segundo o "Notícias" de hoje, não resultou ainda "a campanha de retirada compulsiva dos vendedores informais dos passeios e estradas da cidade de Maputo, em curso desde terça-feira (...). Até ontem as vias públicas só ficavam momentaneamente livres durante a passagem da Polícia, voltando logo depois a serem ocupadas por aqueles comerciantes."

5 comentários:

  1. professor, cresci e estudei a custa de algum negocio informal, principalmente este de vender na rua ou e em mercados, e muitos cresceram assim, ontem era o miliciano hoje é o policia camarario, naquela altura o miliciano perseguia-nos pelos becos do suburbio, hoje o policia persegue-os pelas avenidas da cidade cimento. parece-me que ha aqui um esforco de devolver a cidade cimento sua tranquilidade e melancolica tradicao de cidade "civilizada", mas esta cidade de cimento foi "civilizada" para quem? e quem a "civiliza hoje?
    foram so as avenidas de maputo que "des-civilizaram-se" pelos informais? nao. quantos de nos, no nosso "menos civilizado" suburbio perdemos campos de futebol, espacos de recreacao, etc ocupados pelo "negocio" informal? muitos. ontem vendia-se nas ruas, rapazes ou raparigas depois e antes das actividades escolares, hoje vendem todos: meninos, meninas, titia, titio, avo, etc. os que eram empregados da industria e do "estiva" hoje sao empregados por conta propria no precario "comercio informal". e nao é so negocio de analfabeto, é negocio de tecnico de contas, tecnico agro pecuario, operario especializado, etc. intriga-me a vontade que se tem de "criminalizar" este actividade de sobrevivencia, existe aqui outro pensamento maduro de lidar com a vida economica e social dos mocambicanos sem estas "atitudes linchadoras"? acho que sim. para isso seria preciso um longo texto, e uma vontade bem menos autoritativa da nossa "elite" politica para escutar o que alguns tem para dizer.

    o ministro Chang disse que era preciso transformar o informal num "pagador" de impostos. achei que este "pensamento" economico pudesse abrir portas para um debate bem mais producente sobre a "actividade economica dos mocambicanos" hoje. mas parece que os outros com responsabilidade politica estao preocupados com "empreendedores", que o assunto nao mais voltou a discussao publica. o conselho municipal de maputo esta a desenvolver um programa perigoso pelos contornos sociais que podem advir dessa "criminalizacao" da actividade economica dos mocambicanos. a maneira como o drama das matriculas e o acesso a escolarizacao, mostra esta "visao" muito problematica da prioridade politica, entre o nosso governo local e as politicas do governo central.

    e parece-me porfessor que reduzir o comercio informal a negocio de quinquilharia bastante infeliz.

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  2. Obrigado pelo seu comentário. As expressões que uso, "guerrilheiros do desenraca", "guerrilheiros da quinquilharia" e por aí fora, nada têm, para mim, de depreciativo. Tento captar o fenómeno pela sua realidade (pela marginalização a que está sujeito) e não pela sua moral. Acresce que lancei pela primeira vez neste país, faz já bons anos, estudos sobre esse e outros fenómenos considerados pelos centros produtores de normalidade como, justamente, anormais. Não posso, porém, deixar de receber a crítica do que, em minha mensagem, é considerado ofensivo. Mas, repito, não há nenhuma intenção moralmente ofensiva em mim. Abraço.

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  3. professor, nao acho que a intencao é ofensiva. li as publicaoes do professor sobre "negocio" informal, o livro que mais re-li acho q tem o titulo, por cima de uma lamina, corrija-me se estiver enganado. é que os titulos falam mais que o corpo nas noticias flash break.
    a abordagem do professor sobre este assunto, nao problematiza como tambem expoe este problema bicudo.

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  4. entenda-se: que a abordagem do professor sobre este assunto, nao so problematiza as accoes "via rapida" do conselho municipal, como tambem expoe este problema bicudo.

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  5. Acompanho de perto esta luta na cidade, luta que, como tenho dito, é entre duas concepções de gestão e de vida urbanas.

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