Outros elos pessoais

25 janeiro 2008

Condenado à morte por blasfémia por difundir artigo de blogue

Segundo o Global Voices, citando a Associação Afegã de Escritores de Blogues - uma comunidade criada por um grupo de blogueiros e ativistas afegãos -, o jovem Sayed Parwiz Kambakhsh (repórter do semanário Jahan-e Naw e estudante de jornalismo na Universidade Balkh) foi condenado à morte por um tribunal local "por ter baixado e distribuído um artigo que ele encontrou em um blogue iraniano para os amigos. Esse artigo falava sobre direitos das mulheres, o Corão e o profeta Maomé. Um tribunal local no norte do Afeganistão, em Mazar-e-Sharif, o condenou à morte pelo que considerou blasfêmia."
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9 comentários:

  1. É o nosso problema, enfrentar os guardas do templo.

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  2. Os dados que apresenta (e suponho que foi intencional da parte do Global Voices) são poucos para avaliar a situação. Será que no Afeganistão é proibido ler algo que fale de Maomé, direitos da mulher e do corão? Creio que o que levou ao julgamento do jovem Sayed não está a ser revelado. Estão apenas a dizer aquilo que pode desencadear, mais facilmente, os nossos sentimentos de solidariedade com esse jovem.

    Penso no entanto que a nossa solidaiedade pode ser conquistada de maneira mais honesta: (i) sem ferir nossa capacidade de descernimento e (ii) com respeito à capacidade de julgamento do próprio povo afegão.

    Porque de facto, não sei o que pensar de um povo que condena um jovem que difundiu material que fala do corão, de maomé (ainda por cima num país islámico) e dos direitos da mulher.

    Obed L. Khan

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  3. Podemos recorrer à outros casos que a história "generosamente" nos oferece e o autor de "versículos Satânicos" é um deles.
    Não se pode negar como o caro Obed me parece pretender fazer, que o conservadorismo islamismo chegue a esses extremos. A forma como a mulher é tratada no Islão é suficiente para perceber como seria visto alguém que advogasse direito para as mulheres.

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  4. Esses comportamentos são sustentados por um religião que se diz ser de Paz. Concordando com Daniel diria que se torna desnecessário "demonizar" o Islão porque quem de forma neutra se aproxima dessa religião percebe sem esforço nenhum o "demónio" que mora dentro dela. Muitas vezes para se desviar de acusações de violação dos direito humanos recorrem ao fundamentalismo islâmico responsabilizando-o por actos que vem por detrás do Islão mas aqui temos um caso bem diferente e que não tem nada a ver com fundamentalismo.
    Que conceito de justiça foi usado nesse caso?

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  5. Caro Nelson, os versículos satánicos iam bem mais longe do que falar do islão, corão ou maomé. Não foi por isso que o livro foi considerado blasfemo. A maneira como alguns personagens da mitologia islamica eram tratados é que tornou o livro blasfemo. Por exemplo, retratar uma das quatro mulheres do Profeta Maomé (creio que era Khatija) como prostituta. A blasfemia está em coisas como esta.

    Fazendo um paralelismo com o cristianismo, seria como escrever um livro em que Jesus Cristo aparecia como amante da Maria de Magdala (alguns tem-no feito). Para os cristãos isto é blasfemia. Se estivéssemos na Espanha Isabelina, isso daria lugar à santa fogueira da inquisição.

    O que estou a dizer Nelson é que, por respeito à nossa inteligência, o Global Voices não pode vir dizer que alguém foi condenado à morte por falar do corão, de Maomé e dos direitos da mulher. Isto é pouco. É inverosímil. Mesmo num país fundamentalista como é o Afaguenistão. As pessoas de lá têm senso comum.

    Obed L. Khan

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  6. Oi, Obded

    Quanto aos seus comentários em relação ao Global Voices, que por sinal tem uma grande comunidade de autores muçulmanos:

    Acredito que os dados apresentados são poucos justamente porque muito pouco foi vazado sobre o assunto. Lembre-se de que estamos falando de um país onde não existe grande liberdade de imprensa e de informação.

    O Global Voices repercutiu o que a blogosfera estava falando, e não teve acesso ao veredito, que como você pode ler no próprio artigo, não teve maiores explicações, vou colar aqui o trecho de um dos sites citados (o link esta no texto original):

    Clérigos afegãos profundamente conservadores, a maioria dos quais nunca utilizou um computador ou a internet, acreditam que o próprio Kambakhsh escreveu o artigo e, por isso, ele foi sentenciado como culpado de blasfémia. Como não existe uma punição clara para download de artigos anti-islã na internet, a principal instância do recurso solicitou que os clérigos comentassem o veredito. Os clérigos conservadores, que não tinham investigado o caso, exigiram a pena de morte.

    Olha aqui o texto da BBC em inglês sobre o assunto:

    http://news.bbc.co.uk/2/hi/south_asia/7204341.stm

    Sayed Perwiz Kambakhsh, 23, was arrested in 2007 after downloading material from the internet relating to the role of women in Islamic societies.

    Tradução minha:

    Sayed Perwiz Kambakhsh, 23 anos, foi preso em 2007 depois de fazer o download na internet de material relacionado ao papel da mulher nas sociedades islâmicas

    A BBC também não explica muito sobre o conteúdo dos textos que ele teria baixado.

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  7. Obed "peca" por "atirar pedras" à Global Voice que simplesmente repercutiu a notícia, deixando praticamente de olhar para a notícia em si e os elementos a sua volta.
    Obed peca por fazer parecer que desconhece as realidades(violação da liberdade de expressão, opressão ás mulheres)do mundo islâmico.
    Obed peca por se "esquecer" de quantos vezes o "senso comum" não tem nenhuma importância quando se trata de defender "interesses" seja lá quais forem.

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  8. Nelson não sei se se dá conta do meu ponto. O material que nos foi fornecido é pouco para formarmos uma opinião esclarecida. A propria Paula Goes reconhece isso. Apenas nos informa que as suas fontes foram também parcas em dados. Como pode ver a explicação desta senhora não muda a essência da questão que coloco.

    O papel da mulher no mundo islamico é muito mais activo do que Nelson acredita. A história de países islámicos é rica no que toca a figuras femininas que influenciaram os próprios países na política, na economia, na arte e em outras esferas. Creio que sabe que, por exemplo, Benazir Bhutho, recentemente assassinada, foi Primeira-Ministra do Paquistão, um país profundamente islámico, com forte influência de fundamentalistas e onde se crê que se esconde o próprio Bin Laden

    Obed L. Khan

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  9. Estou de pleno acordo consigo caro Obed que "o material que nos foi fornecido é pouco para formarmos uma opinião esclarecida". Troquei uns comentários com os autores lá no Global Voices e ficou claro que "a própria Paula Goes reconhece isso". Oque no entanto penso que me "provoca" são suas suposições. Que "foi intencional da parte do Global Voices", que se pretende "desencadear, mais facilmente, os nossos sentimentos de solidariedade com esse jovem" como quem ignorando a história e nega totalmente essa possibilidade.

    "por respeito à nossa inteligência, o Global Voices não pode vir dizer que alguém foi condenado à morte por falar do corão, de Maomé e dos direitos da mulher. Isto é pouco" Afirmar que "é pouco", é quanto a mim, desconhecer a capacidade que o fanatismo(zelo exagerado) tem de desfazer o senso comum. De cegar o raciocínio.
    Não falemos apenas do papel da mulher, falemos também da liberdade da mulher.
    Benazir Bhutho é um bom exemplo do "activismo" das mulheres nos países islâmicos. Foi primeira ministra sim, mas também foi acusada de corrupção, viveu exilada, e agora esta morta, assassinada. Uns jogam culpa aos extremistas e outros ao governo. Não sei quem matou Bhutho e porque.

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