Ora, perante a defesa de que "o estado da Nação é bom" ou de que "o estado da Nação é mau", como é possível evitarmos o bom senso da dúvida ou da curva de Brecht ou do meio termo tão caro aos defensores almofadados do fim da direita e da esquerda?
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
24 dezembro 2007
O estado da Nação
Ora, perante a defesa de que "o estado da Nação é bom" ou de que "o estado da Nação é mau", como é possível evitarmos o bom senso da dúvida ou da curva de Brecht ou do meio termo tão caro aos defensores almofadados do fim da direita e da esquerda?
5 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Professor,
ResponderEliminar Alguém disse um dia “De pouco serve um PIB a crescer, uma inflação a descer, uma moeda estável, se esquecermos o homem. Se nos revelarmos apenas consumidores, individualistas, carreiristas, egoístas. Corroídos pelo cifrão.”
Dominamos os meandros da Macroeconomia, sabemos jogar com as estatísticas para agradar ao FMI e WB. Conseguimos o milagre da nossa moeda se apreciar em relação ao dólar, o que equivale a dizer que temos uma economia mais competitiva que a do Tio Sam.
Com tal capacidade tornámo-nos isco dos megaprojectos, considerados âncora para outros investimentos… com enorme capacidade de negociação, ao ponto de nos quererem fazer acreditar que devemos contentar-nos com o prestígio dos seus nomes: (i) para nós: os efeitos cosméticos (grandes infra-estruturas); (ii) para eles, os resultados económicos.
Uma vez dominado o mundo virtual da Macroeconomia, é tempo de olharmos para dentro, para o mundo real. Como podemos aparentar tão rija saúde, quando dia a dia são mais visíveis TUMORES tão malignos como: (i) profanadores (ii) esgaravatadores de contentores de lixo; (iii) dementes vagueando sem apoio; (iv) linchamentos; (iv) impunidade… etc., etc.
Festas Felizes para todos. Que 2008 nos traga mais capacidade crítica, para que possamos concentrar-nos mais na resolução dos problemas reais, e menos nos arranjos cosméticos.
Um Abraço
Florêncio
Mas, Florêncio, a minha tentativa de doce toque irónico não me fará nunca esquecer o que escreveu e o seu quarto parágrafo. Forte retribuição.
ResponderEliminarO que muitos de nós não devemos esquecer é que, nos princípios da década de 90 este era um país estagnado, inviável, muito próximo da somalização ou da zairização. Hoje, Moçambique pode apresentar alguns resultados apetecíveis, que o tornam destino privilegiado de investidores, sérios e outros que nem tanto
ResponderEliminarMesmo em termos de pobreza visível, observável a olho nú, Moçambique de hoje é bastante diferente do Moçambique de há 17 ou 20 anos atrás. Isto que estou a dizer significa que, como país, podemos sentarmo-nos à sombra da bananeira? NÃO! O equilíbrio macroeconómico deve impelir-nos a olhar para a economia a para a sociedade real como diz Florêncio.
E eu já não estou a pensar apenas nas pequenas e médias empresas industriais urbanas que criam uns quantos empregos nas nossas cidades; estou a pensar no nosso país como um todo.
Um país em que os nossos camponeses têm assistência técnica do Governo para aceder a novas e sustentáveis tecnologias agrárias. Um país com herdades agrícolas e pecuárias mais produtivas. Um país em que os camponeses têm acesso a mercados.
Creio que vamos a tempo de ver a florescer em todo o nosso país milhares de unidades de agroprocessamento. Tudo isso criaria não milhares de empregos, mas sim milhões de meios de vidas sustentáveis a viáveis para o nosso povo.
A auto proclamada Esquerda não possui o monopólio do desvelo pelo bem estar de Moçambique. Ninguém tem a fórmula da felicidade do nosso povo. Todos nós juntos, no debate salutar de ideias podemos ir encontrando e, simultaneamente, corrigindo caminhos.
É com estes sonhos que quero desejar Felizes Festas a todos os que se encontram neste blog.
Obed L. Khan
Caro Obed,
ResponderEliminar Estou de acordo quando, frequentes vezes, realças a necessidade de não nos fixarmos nos aspectos negativos da governação – precisamos também de saber evidenciar e ter orgulho no que de bom também se faz. E faz bastante!
Contudo, entendo que devemos de ter os pés assentes na terra quando fazemos comparações entre a situação de bem-estar actual e nos anos 1980/92 – são situações não comparáveis.
Muitos de nós estão recordados que, durante o conflito Renamo/ Frelimo, vivemos acantonados nos centros urbanos: deslocávamo-nos em coluna de Maputo para Namaacha, Marracuene ou Xai-xai; de Nampula para Nacala; de Pemba para Montepuez; de Tete para o Songo, etc., etc. A economia quase paralisou. A desestabilização no meio rural afectou a produção e a carência alimentar foi notória em muitas partes do país. Entre 1983 e 1985 o nosso nível de bem-estar bateu no fundo: foi o período do carapau e do repolho.
Com a adesão ao FMI e WB em 1986 e o PRE em 1987 invertemos a tendência, as torneiras da ajuda externa abriram-se. Foi uma lufada de ar fresco para os centros urbanos. Mas a produção alimentar faz-se no campo e, as estradas – artérias de qualquer economia – continuavam intransitáveis.
A mudança, a nova era, veio efectivamente como o Acordo de Roma: as estradas abriram-se à circulação de pessoas e bens; os mercados rurais foram invadidos de roupa em segunda mão, a nudez reduziu e, com os parcos meios disponíveis a população rural empenhou-se na produção – a economia ressurgiu.
De lá para cá tem faltado, essencialmente, políticas económicas realistas de integração da economia rural num mercado com regras. Podemos continuar a fazer mais e melhor.
Um Abraço
Florêncio
Um abraço, Florêncio. Feliz natal a próspero ano novo.
ResponderEliminarObed L. Khan