Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
14 dezembro 2007
Frelimização dos negócios
5 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Prof. Serra, o seu Blog é um "must read!". Se todos os moçambicanos tivessem acesso a este e a outros blogs como o do Elísio Macamo, etc., acredito que num futuro breve teríamos um Moçambique melhor. Parabéns!
ResponderEliminarFiz pequena homenagem aos bloguistas no meu blog:
ResponderEliminarwww.proeconomia.blogspot.com
Muito obrigado, é muito gentil e honra-me muito.
ResponderEliminar-> Um dos nossos maiores problemas reside na falta de cultura de exigência, de responsabilização. Tendemos a ser tolerantes perante aqueles que descarada e arrogantemente nos prejudicam. Vejamos:
ResponderEliminar Durante a 1ª Republica, até á adesão de Moçambique ao FMI e Banco Mundial, o Estado (que o mesmo é dizer todos nós) acabou por SUPORTAR os roubos (eufemistícamente, chamados desvios) praticados pelos gestores do sector empresarial do Estado (Comissões Administrativas, Direcções de Empresas Intervencionadas, Estatais, etc.). Era o tempo da economia planificada: os planos de produção não eram cumpridos, mas os gastos eram sempre ultrapassados, suportados por simples requisição à Banca Estatal, avalizada pelo Tesouro.
Com a adesão ao FMI e WB, 2ª Republica, vieram as privatizações e abriram-se as torneiras do crédito. Entre outros: (i) CCADR (Caixa de Crédito Agrário e Desenvolvimento Rural), supostamente para apoio à integração dos antigos combatentes em actividades económicas; (ii) PDPME (Programa de Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas), para apoio ao surgimento de novas pequenas e médias empresas; (iii) PREI (Programa de Recuperação de Empresas Industriais), para reabilitação de meia dúzia de grandes empresas industriais; (iv) Acordos de Rectrocessão, em que o Estado /Tesouro virou banqueiro e emprestava directamente a agentes económicos, mediante critérios de excepção/ compadrio político, em condições de prazo e juro privilegiadas.
A maioria dos empréstimos concedidos ao abrigo de qualquer destes fundos não foi paga. Uma significativa parte destes dinheiros foi utilizado em proveito próprio: (i) na aquisição de patrimónios não afectos aos sectores produtivos; (ii) em outras actividades económicas, fora do objecto do crédito inicial.
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No processo de privatização da Banca Estatal (do BCM e BPD/Austral), os investidores estrangeiros auditaram as contas e exigiram o saneamento dos Activos que consideraram de Risco e sem provisões adequadas, que constituíam uma grande parte da carteira de crédito.
O vendedor (Estado) viu-se forçado a ASSUMIR tais dívidas, expurgando-as dos balanços dos Bancos. Nos casos onde se vislumbrava alguma probabilidade de reembolso, mesmo parcial, o Estado comprou serviços aos novos Bancos: colocou esses valores á cobrança, pagando aos Bancos uma percentagem dos valores que viessem a recuperar. Os valores até hoje cobrados foram rídiculos.
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Todos os empréstimos do Estado (Acordos de Rectrocessão) e todos os valores saneados das contas dos Bancos Estatais e assumidos pelo Estado constam de listagens nominais: o Estado sabe a quem e quanto emprestou, reembolsou e tem a haver dos (i) Acordos de Rectrocessão; (ii) das Linhas de Crédito (CCADR, PDPME, PREI, etc); (iii) doutros valores assumidos no processo de saneamento da Banca Estatal.
O Estado conhece, ou pode inventariar facilmente os patrimónios dos grandes devedores de modo a exigir o seu pagamento, depois deste despropositado período de Graça /compadrio (sem amortização de capital nem juros).
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Perante a debilidade das infra-estruturas nas nossas zonas suburbanas, a carência de escolas, postos de saúde, água e electrificação rural é, no mínimo, pouco dignificante para o Estado, e todos nós: (i) não se exigir a publicação da listagem nominal dos devedores ao Estado; (ii) não se desencadearem todos os esforços, sérios, com rigor, para a recuperação dos milhares de milhão de meticais “desencaminhados”.
Cultura de exigência, rigor: precisa-se.
Abraço,
Florêncio
PS Obviamente que em todo este processo, os grandes beneficiados foram empresas e empresários com ligações a gentes do poder político – que nunca mudou de mãos.
Aqui fica, Florêncio, o quadro que traçou, espero que para reflexão de todos.
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