Outros elos pessoais

24 novembro 2007

A saúde do país

Cerca de 300 empresas industriais estão paralisadas no país (ainda que duas possam voltar a laborar no próximo ano, uma com financiamento da Rede Aga Khan e outra com financiamento sul-africano), o Fundo Monetário Internacional diz que o nosso crescimento é "forte e robusto" com boa prestação na colecta de receitas fiscais e o empresário e presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, Salimo Abdula, está preocupado com a integração regional face à "fraca capacidade de acumulação de capital para o investimento industrial".

5 comentários:

  1. Em última instância, a ameaça mortal que pesa sobre o FMI é o resultado da sua tendência a impor um pacote de política macroeconómica em todos os países que pôde dominar nos últimos 20 anos. Impor o modelo neoliberal não era a missão do FMI (certamente não está considerada no convénio constitutivo do organismo) e é o que está a minar as bases do organismo. O modelo neoliberal é intrinsecamente instável e os programas de ajuste estrutural do Fundo deixaram uma economia mundial em profundo desacerto. Dessa perspectiva, é possível argumentar que o FMI foi o seu próprio pior inimigo.

    Quase ninguém imaginou que chegaria o dia em que a agência qualificadora Standard and Poors repreenderia o FMI pelo mau manejo das finanças. Mas em Setembro aquela agência revelou que o Fundo havia perdido 110 milhões de dólares no último exercício fiscal porque os seus rendimentos dos juros despenharam-se (consequência da presença de outras fontes de crédito). Mas essa não é a única humilhação para o Fundo no crepúsculo dos seus dias. O pior que lhe vai acontecer é que se vai converter em algo irrelevante antes de desaparecer.
    24/Outubro/2007
    O original encontra-se em http://www.jornada.unam.mx/2007/10/24/index.php?section=opinion&article=028a1eco

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  2. Afinal porque correr para a integracao regional se nao estao criadas condicoes para o efeito, nao bastou o exemplo dos prazos do recenceamento e data das eleicoes, datas foram marcadas e podem ser remarcadas!

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  3.  Bem, adere ao FMI quem quer – ou quem não tem outra tábua de salvação, como aconteceu connosco. Frágil capacidade produtiva interna, torneiras do socialismo secas, torneiras do ocidente fechadas, só restava aceitar a pré condição para adesão ao FMI e Banco Mundial (WB): (i) fazer do socialismo, passado, história; (ii) aceitar a economia de mercado. Foi assim que nasceu o PRE (programa de recuperação económica em 1987, a primeira bóia de salvação). As contrapartidas exigidas para a disponibilização dos fundos foram tão duras, que a este programa teve de acrescentar-se rapidamente a componente social, passando a chamar-se PRES (programa de recuperação económica e social). Todos nos lembramos.
     Os países que aderem ao FMI e WB conhecem as regras do jogo: FMI é igual a apoio de curto prazo, tratamento de choque contra o “imposto”/Inflação que – por incompetência dos governantes – somos forçados a pagar, impotentes perante o degradar do poder de compra de ano para ano. Os ajustamentos salariais nunca cobrem a inflação: a diferença equivale a imposto.
     O FMI tem políticas desajustadas pois aplica a mesma receita, independentemente da latitude ou longitude dos países membros, que recorrem a apoios e se sujeitam ás condições por falta de alternativas: políticas cegas!
     Parte do pressuposto que: estabilidade politica + inflação controlada a menos de um dígito = ambiente atraente para investimento privado (nacional e estrangeiro).
     Reunida esta condição (que passa por contenção salarial, corte em tudo o que é comparticipação social e muito, muito apertar o cinto), abrem-se as portas do irmão gémeo, o WB, com uma visão de longo prazo, disponibilizando fundos para melhores infra-estruturas, apoio institucional e investimento privado, aspectos fundamentais a mais investimento privado, mais mercado.
     Temos que ser justos: o nosso Governo tem sabido lidar com estas instituições (com ou sem manipulação estatística) a ponto de nos tornarmos um dos raros caso de sucesso das políticas do FMI e WB (estabilidade macroeconómica).
     Lamentáveis são as marcas, as mazelas que a obsessão Macro deixa na população. Ao ponto do FMI e WB reconhecerem que, sem os grandes projectos o nosso PIB é um desastre: que é tempo de olharmos também para as pequenas e médias empresas.
     Concluindo: (i) O FMI, dentro dos seus critérios, conhecidos, tem razão para dizer que, em termos Macro, Moçambique está de boa saúde; (ii) já é tempo dos NOSSOS GOVERNANTES descerem da galáxia Macro e aterrarem na dura realidade Micro, com políticas ajustadas ás diferentes realidades do país, de modo a reduzir assimetrias e promover mais justiça social; (iii) é tempo de deixar de atirar sistematicamente a culpa para outros; os governantes são eleitos para resolver os problemas.
     Quanto á desordem organizativa e financeira em que o FMI navega, não espanta: gerida maioritariamente por consultores (dos países membros, próximos do poder, não escolhidos na base da competência) sem provas dadas na economia real, sem experiência de gestão empresarial, divertem-se com projecções em softwares sofisticados: extasiam-se com os efeitos do aumento das receitas ou redução da despesa: conhecemos essa fauna.
    Florêncio.

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  4. Agry e Florêncio, belíssima discussão. Estou mais próximo das posições de Florêncio. Apenas algumas nuances nos diferenciam neste ponto

    Obed L. Khan

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