Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
01 outubro 2007
Calce baixo, calce baixo!
Estamos em 1976, a independência fôra a 25 de Junho de 1975. Os passos múltiplos da revolução, do combate contra o inimigo não menos multiplamente múltiplo. Temos um Estado rizomático, atento a tudo, nada lhe escapa, nem a altura desmesurada das solas e dos saltos dos sapatos. Efectivamente, descobriu-se que solas e saltos eram demasiado altos. As alturas sapatais provocam gastos desnecessários em matérias-primas, elevando os custos de produção. Acresce que a moda também era má para a saúde. Impunha-se, então, pôr cobro à situação, pelo que várias medidas foram tomadas por despacho do então Ministério de Indústria e Energia datado de 28 de Outubro de 1976. Corações abnegados tiveram a capacidade de fixar as alturas máximas para sapatos e socas. Imagine-se quanto trabalho não foi necessário para fixar, por exemplo, em 65 mm a altura máxima dos sapatos de mulher. Outras obrigações e diversos interditos foram estabelecidos (veja o artigo 6 concernente à forragem em cabedal, salvando-se os dignos sapatos de mulher modelo Luís XV). Historiadores rigorosos, escutai: com os bons préstimos dos boletins da República pode fazer-se a história de muita coisa. Basta apenas paciência anti-sapatal. Clique duas vezes com o lado esquerdo do rato para ampliar a imagem abaixo:
5 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
> Já imaginaram os sapos que Mário Machungo teve de engolir para na época assinar coisas destas... tanta capacidade para descer,só mesmo por nacionalismo.
ResponderEliminar> Também houve parâmetros para o comprimento do cabelo, das mini-saias, das pinturas, etc.
> O tempo em que Frelimo era o Partido, o Governo, a Religião, a Moral; o tempo do "É, ou não é??": Éééé!!
> Preciosidades destas têm que ser avaliadas à luz da conjuntura da altura, com os olhos de então!
FM
Sim, com os olhos de então.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSeria interessante saber se na verdade o objectivo era de possibilitar que todos pudessem ter a oportunidade de comprar sapatos (ja que com a poupanca da materia prima, mais sapatos seriam confeccionados)ou se era para prevenir as pessoas de possiveis doencas provocadas por saltos altos. Porque afinal, pelos motivos alegados, apenas podemos assim compreender.
ResponderEliminarAbracos.
Bons olhos te vejam Egídio!!!! Forte abraço!
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