Outros elos pessoais

21 setembro 2007

Mandiocar o país

O jornalista Raul Senda apresenta na edição de hoje do semanário "Savana" um trabalho ("Governo lança mais uma iniciativa utópica") mostrando a controvérsia que nasceu em torno do uso da farinha de mandioca no pão. Investigadores da Universidade Eduardo Mondlane dizem que o amido da mandioca é uma boa alternativa para a redução dos custos envolvidos na importação de trigo. Algumas padarias na cidade de Maputo já vendem pão contendo farinha de trigo misturada com a de mandioca. Mas observadores externos e proprietários de moageiras e panificadores locais consideram que a melhor solução é investir na produção local de trigo. Acresce - sustentam vários - que a mandioca apenas é plantada em quatro províncias e que está afectada por doenças parasitárias. Importa, ainda - dizem - avaliar a aceitação do produto pelas pessoas (Suplemento económico, p. 24).
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A ideia não é nova e a experiência foi tentada na era colonial. E não vingou. Tenho para mim que esta seria uma excelente oportunidade para interrogar os cidadãos, para referendar a mandioca. A minha experiência de investigador mostra-me que em vários pontos do país a mandioca sempre foi recusada na alimentação. Não é uma questão de obstinação gustativa: é simplesmente uma questão a não esquecer. Mandiocar a vida pode trazer problemas.

2 comentários:

  1. Isso mesmo. Seria melhor apostarmos na produção do trigo. Também não me cai bem essa ideia de pão de mandioca. Para além de que temos que criar uma economia real, economia de produção. Isso iria contribuir para queda da inflação, maior estabilidade cambial, maior poder de compra, e bem estar da população.

    Falando de produção, não seria enquadrar a produção do trigo na letra da nova música: revolução verde? Falando sério, agora. Dizem que existe potencial para a cultura de trigo em alguns distritos de Moç. Por ex., em Manica. Há dias estive em Sussundenga, e constatamos que no passado produziu-se trigo na região. Um dos constragimentos apresentados pelos camponeses foi a falta de insumos e sistemas eficazes irrigação, para além da falta de mercado (ou seja, ninguém se preocupou a ajudar os camponeses comercializar/ a fomentar a cultura), por isso pararam de produzir.

    E a Jetrofa, como terminou???? E o distrito, continua polo de desenvolvimento? Como vão os 7 milhões, estarão a mudar a vida das populações?

    Em fim....

    Para mais debate a volta do pão de trigo/ Mandioca, veja aqui "Pão de Mandioca!" do dia 18/09/07. www.circulodesociologia.blogspot.com/

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  2. Obrigado, Eugénio. Já se produzia trigo em Moçambique no século XIX...Como sociólogo, estou interessado nas reacções populares. E estudei um pouco essas reacções concernentes à era colonial.

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