Outros elos pessoais

23 agosto 2007

As novas palavras do poder


As palavras não têm poder em si. A sua força e a sua eficácia chega-lhes do contexto específico em que são formuladas e da autoridade da instância que as profere. É neste sentido que se insere o livro com a capa em epígrafe - As novas palavras do poder/abecedário crítico, escrito por 67 autores das mais diversas áreas científicas sob direcção do belga Pascal Durand, da Universidade de Liège, e surgido em Paris em Março -, reunindo mais de 130 palavras, expressões e sintagmas-mana que, à força de se repetirem no discurso político e na imprensa, fazem-se largamente esquecer como formas ideologicamente claras da "economia de mercado", da era da empresa. A sua recorrência é tão forte - escreveu Durand - que as palavras são mergulhadas na invisibilidade de que se rodeia o poder no que há de mais de mais intrusivo e de mais naturalizado. Nada de menos visível do que o banal; nada de mais eficaz que uma ideologia tornada quotidiana. Sugiro-vos que procurem encontrar esse livro, cuja edição em francês possuo (Les Éditons Aden) e que, provavelmente, tem já, também, uma edição em inglês.

2 comentários:

  1. Nenhuma rua do mundo vai dar fora do mundo
    porque toda a sua massa se foi acumulando
    sem espaço para o azul sem janelas para os astros
    Para que são as palavras senão para esvaziar o mundo

    e encontrar um lugar vago e ainda um pouco selvagem
    com flores de areia e constelações de cal?
    Só então poderemos conciliar o corpo e a ausência
    e as palavras formarão o volante oásis

    de uma terra ao ritmo de uma respiração aérea
    E então poderemos conhecer o mundo
    longe da sua aglutinação com o seu horizonte aberto.

    (...)
    _______
    excerto de um poema de António Ramos Rosa
    in " As palavras ", ed. Campo das Letras, 1ª edição, Fevereiro 2001

    _________
    As palavras gastas (metáforas do poder), são ocas por dentro, não respiram. Tapam-nos o azul ...
    ligitimam coisa nenhuma. São ruído.

    AtlânticoAbraço

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.