(Excerto do discurso de Samora Machel quando da tomada de posse do Governo de Transição em 1974).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
21 agosto 2007
Alguém ainda se lembra de Samora Machel?
(Excerto do discurso de Samora Machel quando da tomada de posse do Governo de Transição em 1974).
22 comentários:
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"...O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme.
ResponderEliminarE como são actuais estas palavras de Samora Machel!
Será que ninguém se lembra mesmo!
Parece...
Um abraço
Sabe, a memória é selectivamente esquecida...
ResponderEliminarAlguem tem isso em audio?
ResponderEliminarRádio Moçambique.
ResponderEliminarSempre actual!
ResponderEliminarEis a prova de que o homem era um visionário, conseguiu ver mais além do que os seus olhos o permitiam, estava anos luz avançado para a época em que viveu! Mas o que diria este homem hoje se Deus lhe concedesse o privilégio (nao sei se dadas as circunstancias o seria!)de voltar ao mundo dos vivos e constatasse que os seus temores se concretizaram muito para além daquilo que inconscientemnte profetizou, quando alertava os seus pares pros perigos do poder?Acho que morrerria novamente, mas desta vez vitimado por um imensurável desgosto!!
ResponderEliminarMais do que desgosto, prevejo: teria um ataque cardíaco.
ResponderEliminarExagero, olhem só até parece que no tempo do Samora nao havia “a corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares”...
ResponderEliminarDepois de mortos todos viramos santos, espetacular,é, sem duvida, santos e humanistas, concerteza, pois até ja temos a teia simbólica perfeita que coloca os mortos acima de todo o erro. Até parece que estar morto, no nosso país, significa ter sempre razão, pelo menos ja nao precisa de discutir essas questoes aí com ninguém... morto tem razao, morto é heroi... A morte ressucita a perfeita sociedade moçambicana, meu Deus!!!
De Samora Machel retenho a imagem do líder carismático, Homem com um papel fundamental na conquista da independência política, na restituição da dignidade ao povo - de sermos livres na nossa terra: incontestavelmente, um Herói da Independência política.
ResponderEliminar Como Estadista, em termos de visão estratégica para a conquista do poder económico e bem-estar do povo, foi um sonhador, incapaz de ver a prazo: não nos podemos refugiar nos “SE” isto ou aquilo; os “SES” faziam parte dos cenários possíveis, minimizou-os ou não foi capaz de os alcançar; Samora, a Frente e o Partido.
Hoje, o PIB “per capita” na agricultura, onde vive a maioria do povo, é INFERIOR ao de 1960 – segundo estudo apresentado este mês na conferência da FDC sobre a Revolução Verde, na presença da Srª Graça Machel. À data da morte de Samora este índice era ainda pior.
Samora, no meu ponto de vista, foi um líder com vincada personalidade mas carácter fortemente INTUITIVO. Como todos os intuitivos, “repentistas”, granjeava facilmente simpatias, tinha a “solução” imediata para tudo, a resposta na ponta da língua: MAS, é preciso mais do que Intuição, autoritarismo e boas intenções para se conquistar a Independência económica e desenvolver o Homem; não basta dizer, é preciso fazer.
Um abraço,
Florêncio
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PS – Pouco antes da sua morte, no período de 1984/86, de negociações com o WB e FMI, Samora rendeu-se à economia de mercado. Acabou com a proibição dos membros do Partido serem empresários (antes não precisavam de o ser, porque o poder político lhes assegurava o bem estar) e aconselhou todos a enveredarem pela conquista da independência económica, pois, numa economia de mercado, o poder político não é eterno, e o papá Estado, tende a ser cada vez menos protector.
Não sabemos qual teria sido o rumo de Samora, em termos empresariais, se tivesse vivido na economia de mercado, mas conhecemos bem o de todos os seus companheiros mais próximos. Eventualmente, poderia ter sido a excepção que confirma a regra: fiquemos com essa imagem idílica de Samora!
Bem, aí ficam mais dados, mais prismas de visão e análise.
ResponderEliminarCaro Florencio
ResponderEliminarPermita-me dizer-lhe que acho o seu comentario deveras interessante. Mas, intriga-me a sua abordagem em torno do PIB.
Eu explico-me, o Florencio, deve ter as suas razoes para dizer que no plano economico, as acçoes de Samora Machel, foram, nao mais do que, as de “um sonhador, incapaz de ver a prazo”. Nao sendo especialista em questoes moçambicanas, salta-me, ainda assim, à vista, a forma, digamos, ligeira, como o Florencio se socorre do PIB para mostrar um Samora “sonhador, incapaz”.
Diz o Florencio que o PIB “per capita” na agricultura, hoje é inferior ao PIB de 1960 e que na fase de transiçao entre o periodo socialista e periodo neo-liberal, era ainda pior, isto é o PIB era mais baixo que o actual. Noutros termos, desde 1960 a 2007, o PIB “per capita” decresceu, atingindo o seu valor mais baixo entre 1984 e 1986. o que quer dizer que no periodo neo-liberal o PIB aumentou, mantendo-se contudo inferior ao PIB do celebre ano de 1960. Okay meu Caro, numeros sao numeros, e se uns sao maiores que outros, é um facto, ponto final, nao ha mais nada a dizer.
Entretanto, parece-me, que o meu Caro Amigo, esqueceu-se de uma coisa mto importante, a saber, os contextos nos quais estes numeros foram produzidos. So a ttitulo de exemplo em 1960, Moçambique, tanto qto sei, estava integrado no sistema economico de Portugal. O que me leva a perguntar-lhe, quais foram os contextos economicos internacionais em que Samora conduziu a economia nacional moçambicana desde 1974 até a sua morte? O que motivou e/ou induziu Samora a virar-se para o BM e FMI?
Enfim, Carissimo mtas outras questoes poderiam aqui ser levantadas, entretanto, porque o comentario ja vai longo, e, em jeito de conclusao o que eu gostaria de dizer é que a forma como o meu amigo utiliza o PIB per capita, nao é condiçao suficiente para firmar a imagem de um Samora “sonhador, incapaz” no plano economico. Seria necessario saber-se um pouquinho mais sobre os contextos em que esses PIB’s foram produzidos. Assim ficariamos a saber porquê que o PIB, ainda que inferior ao de 1960 aumentou na época pos-Samora. Talvez se podesse, assim, dizer que à “Intuição, autoritarismo e boas intenções para se conquistar a Independência económica e desenvolver o Homem” de Samora, o contexto economico internacional, nao esteve ao “rendez-vous”.
Resumindo em minha modesta opiniao “não basta dizer, é preciso fazer” outrossim, é necessario tbem que hajam condiçoes para se poder fazer o que “é preciso fazer”.
Ja agora, ha qaui uma outra coisa que me intriga, fiquei com a impressao que o Florencio diz que a Economia de mercado é mais propricia à corrupçao, é isto? Da para explicar um pouquinho meu Caro. Agradeço-lhe antecipadamente.
Saudaçoes cordiais
Caríssimo Aguiar,
ResponderEliminar Quanto ao PIB, citei um trabalho apresentado pelo académico António Franscisco, do IESE (Instituto de Estudos Sociais e Económicos) na Conferência Sobre Desenvolvimento Agrário em Moçambique, 17-18 Agosto 2007, subordinada ao tema Revolução Verde em Moçambique.
Quanto aos contextos em que os números foram obtidos, estou certo que os valores apresentados pelo IESE foram tratados com factores de correcção que permitem não misturar “alhos com bugalhos”. O autor é um reputado especialista nesta área.
Se tomarmos como base os anos de 1972/74, o decréscimo do per-capita é tremendamente maior. Batemos no fundo: produzimos hoje menos açúcar, menos algodão, menos arroz, menos copra, menos cereais, menos carne, menos leite do que à data da independência. A produtividade e, consequentemente, a competitividade degradou-se. Mais grave, as políticas económicas continuam desajustadas, irrealistas.
Caro Aguiar, compreendo as dificuldades que Samora teve para segurar este enorme barco; sei que muitos erros foram cometidos não por ignorância, mas porque perante o leque de saídas disponíveis em determinado momento havia que optar pela de menor custo político; sei que a subordinação do económico ao político tem um preço. No caso de Moçambique,foi elevadíssimo.
Mas, à medida que os acontecimentos vão ficando mais distantes, entendo que, com realismo, sem ressentimentos, devemos olhar para os números, que são o somatório do que de bom e de mau se fez. Para a história fica a SECURA dos números.
Sobre a adesão ao FMI/WB, 1984/86: Resumindo: 1. Opção socialista; 2. Reacção mundo ocidental/recursos estratégicos; 3. RAS agente do mundo ocidental; 4. Renamo braço da RAS/ocidente; 5. Desmoronamento do bloco socialista; 6. Apoio externo ocidental condicionado à mudança de opção da via de desenvolvimento; 7. Adesão FMI/WB; 8, PRE; 9. PRES, etc. está tudo claro.
Compreendemos as dificuldades deste percurso, os trunfos do adversário, mas perdemos no jogo da batalha económica.
Um abraço,
Florêncio
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PS
Sou defensor duma economia de mercado, do modelo em construção na europa, privilegiando o consenso, o longo prazo, onde a segurança social é vista como um factor de estabilidade favorável ao desenvolvimento; onde se acredita que abaixo de um certo limiar de pobreza o excluído dificilmente poderá vir a ser recuperado, devendo por isso ter direito a um rendimento social de inserção.
Ao que parece o FMI/WB estão a conduzir-nos para o modelo americano assente no êxito individual e no lucro financeiro a curto prazo, sem regime geral de segurança social, onde cada um deve tratar do seu futuro,seguros privados; onde o desempregado é considerado um preguiçoso, um falhado, incapaz ou sem coragem de se adaptar às condições do mercado de trabalho.
okay Caro Florencio compreendi o seu pto de vista, so nao compreendo, ou fico sem compreender porque que a economia de mercado é mais propicia a corrupçao.
ResponderEliminarQueira desculpar-me, mas, neste momento, nao estou mto interssada em saber quem perdeu, até porque para mim nada se perde tudo se tranforma como diria Lavoisier... mas isto seria uma outra discussao.
Entretanto, interssa-me compreender a relaçao que faz entre as ditas percas economicas e o discusro de Samora, nomedamente "a corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares”...
Simples, "perdemos o jogo da batalha economica" na época de Samora ,como diz o Florencio, porque havia corrupçao, nepotismo, compadrio, e/ou porque as condiçoes socio politicas nao nos permitiram, ou nao deram espaço de manobra as para que Samora podesse agir?
Naturalmente que uma pessoa como Samora continuará a despertar tomadas de posição de várias latitudes. Cá por mim, pergunto-me se o programa samoriano de austeridade governativa que aqui divulguei está ultrapassado.
ResponderEliminarMeus Caros...
ResponderEliminarDesculpem-me mas essas m**** de PIB e outros padroes para medir o desenvolvimento de um povo nao me dizem nada pq sao MUITO RELATIVOS!!!! E quase como a religao e as diferentes interpretacoes do Alcorao por exemplo. Afinal nao dizem k mocambique cresce 10% ao ano e k esta uma maravilha e que o nosso PIB é cada vez maior... Hipólito Hamela já explicou na imprensa inclusive e é fácil perceber, que esses números provém de 3 empresas ESTRANGEIRAS situados no nosso país, MOZAL, SASOL e HCB.... A industria já nao existe, o povo passa fome (sim, nao e ficcao) e cada vez o fosso entre ricos e pobres aumenta (a verdadeira causa da CRIMINALIDADE gritante...a todos os niveis, especialmente a corrupcao!! )Se o meu boss tem e desvia, porque eu nao posso ter??!! ....
Agora comparar uma altura como a do SAMORA como a de hoje, me desculpa!! Naquela altura havia o embargo do apartheid, nao havia capital...Quadros eram pouquissimos....mas tinhamos INDUSTRIA....tinhamos producao, tinhamos um povo que produzia mesmo nao tendo quase nada para o fazer. O nepotismo sempre existiu e havera na historia humana. Afinal nao embelezaram o jardim dos namorados para o casamento do filho do Samora?? Numa altura de crise!! No entanto nao eram nos niveis de hoje, e o povo tinha um LIDER, alguem em que acreditar e seguir...agora tem a quem??!!
Eu acredito que o Samora iria ceder um pouco nos seus radicalismos e teriamos uma sociedade mais justa...mas enfim, isso seria contrariar a essencia do ser Humano....Infelizmente nao temos muitas Venezuelas no nosso mundo...
Abracos e PENSEM NISSO
Tsin Tsi Va
falou curto e grosso.
ResponderEliminarCarríssimo Aguiar,
ResponderEliminar Se ler com atenção o que escrevi, não encontrará certamente qualquer referência a graus de corrupção entre diferentes sistemas políticos. Mas, aceite uma sugestão: não ponha as mãos no fogo pelos agentes dum ou doutro sistema; asseguro-lhe que, em qualquer dos casos, se queimará com gravidade.
Caro Aguiar, Prezado Professor, sejamos pragmáticos: o discurso de 1974, é cartilha política: é doutrina, puritanismo, demagogia para agradar às massas: palavras que bem cedo o vento levou.
Não precisamos de grande esforço para encontrarmos - no período samoriano - os maiores atropelos à sua própria doutrina e aos direitos humanos: como classificar o encerramento da faculdade de Direito num Estado de Direito; a operação produção; as perseguições religiosas; as execuções sumárias em praça pública na presença de crianças; o preenchimento de lugares técnicos no aparelho de Estado e empresas com camaradas, compadrio político em detrimento da capacidade técnico cientifica.
Meu caro Aguiar? Quando está em jogo o bem estar da população não há vitórias morais: como bem sabe "saco vazio não fica de pé". Praticamente 50% do nosso orçamento anual (o nosso saco) continua a ser cheio com a ajuda internacional, porque continuamos a não ser capazes de produzir para satisfação das nossas necessidades: ontem e hoje.
Entendo que só nos desenvolveremos se optarmos por uma cultura de exigência, de rigor e não de desculpabilização. Devemos analisar os factos com pragmatismo, sem deixar de com razoabilidade pesar os aspectos conjunturais de cada período, MAS: elegemos os nossos governantes para resolverem os problemas sócio políticos e económicos. Quando, apesar de lindos discursos os problemas não são resolvidos, ou se agravam só podemos concluir que o desempenho foi mau, por muita simpatia que o governante / gestor nos possa instigar.
Um abraço,
Florêncio
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PS Troquei três ou quatro vezes algumas palavras com Samora. Guardo dele, como SER, a melhor das impressões. Mas não “endeusemos” o Homem.
Se Samora tivesse a tal visão que se supõe, Mocambique não teria caído numa guerra. Temos que admitir que foi ele quem a preparou por não ter uma visão longa. Claro, com ajuda do Marcelino dos Santos que hoje continua com a mesma curta visão.
ResponderEliminarE as consequências da sua política de partidarizacão do Estado é o que assistimos na cópia que se faz pela governacão guebuziana.
O discurso é bom, mas a prática era outra.
Caro Florencio
ResponderEliminarAgradeço-lhe pela sua pronta resposta. Li com mta atençao o seu primeiro comentario, com mais atençao do que possa imaginar, devo dize-lhe Carissimo, que é sempre com mto prazer, que leio, todos os seus textos, aqui, neste “diario”. Em relaçao ao seu primeiro comentario desta série, o que mais me impressionou foi, de facto, todo o “nao disse” do seu discurso, e por isto tentei conduzir minhas questoes no sentido de, induzi-lo a dar visibilidade ao seu “nao disse”.
Entretanto, Caro Florencio, se me permite gostaria de recuar um pouco até ao seu pnultimo comentario. Pois apercebi-me que, o Amigo Florêncio, gosta da “secura dos numeros” o que me impressiona sobremaneira. Por isto convido-lhe a reflectir, um pouquinho mais, aqui, comigo.
“PARA A HISTORIA FICAM A SECURA DOS NUMEROS” Diz Florencio. Quais numeros, pergunto eu.
Em minha opiniao, modesta seja ela, os numeros sao mudos. Os numeros por si so, nao fazem historia. Para além de mudos, os numeros, estao sempre “nus” e
como se nao bastasse sao desinibidos. Pelo que estao sempre à mercê de quem disposto esteja a “vesti-los” e fazê-los falar. Pode-se dizer, no limite que os numeros tbem sao corrompiveis.
É nesta ordem de ideias, que eu, aprendo por exemplo, que no Moçambique dos anos 1972/1974 o PIB per capita na agricultura era mais elevado que no Moçambique dos anos 60. Fico com duvidas do que se passou com o PIB entre 1974 e 1984/1986. Mas aprendo que hoje produz-se em Moçambique, menos açúcar, menos algodão, menos arroz, menos copra, menos cereais, menos carne, menos leite do que à data da independência.
Como é que eu aprendo tudo isto? Pela ideia que, o Florencio, me dá do PIB per capita na agricultura. Mas posso continuar... por exemplo, logo no seu primeiro comentario, o Florencio, informa-me tbem, que o PIB per capita actual é inferior ao de 1960. Daqui, posso depreender duas coisas: pimeiro, pode-se ter dado o caso da produçao agricola ter baixado em Moçambique; segundo, pode-se ter dado o caso da produçao ter sido sensivelmente a mesma em 1960 e em 2007, simplesmente neste ultimo ano a populaçao aumentou em Moçambique. Obviamente que este exemplo nao passa de um exagero, no limite uma caricatura.
Nesta ordem de ideias, devo dizer-lhe que nao ponho, nunca pus e nao quero pôr em causa o trabalho do ilustre academico Antonio Francisco. SIMPLESMENTE ACHEI INTERESSANTE QUE O PIB DE FLORENCIO PRETENDESSE FIXAR UMA CERTA IMAGEM DE SAMORA.
Agora, sejamos pragmaticos Carissimo, seria necessario recorrer ao PIB para dizer que “o discurso de 1974, é cartilha política: é doutrina, puritanismo, demagogia para agradar às massas: palavras que bem cedo o vento levou.”? parece-me que nao. e como ja havia dito no meu primeiro comentario a forma como o meu amigo utiliza o PIB per capita, nao é condiçao suficiente para firmar a imagem de um Samora “sonhador, incapaz” no plano economico. É so isto.
Questoes em torno dos metodos para medir o PIB sao complexas. Um verdadeiro negocio de experts. Eles sabem o que medem e como medem. A cada um o seu métier, claro, sem duvida. O PIB é assim um utensilio de conhecimento estatistico, util, concerteza. Ele tenta medir o crescimento de qtdes, sem duvida... o PIB mostra numeros, numeros que nos, os homens, manipulamos, como manipulamos os discursos... o que talvez nos falte é manipular a alma, isto é por um pouco de emoçao na razao. um pouquinho so.
Voltando ao pto de partida e para terminar, permita-me que lhe diga, Caro Florencio, que o problema nao esta no programa samoriano de austeridade governativa relembrado pelo Prof Serra, o problema nao esta nos ensinamentos de Samora, por assim dizer, o problema, esta sim, a meu ver, na apreensao que cada um de nos faz, de tais ensinamentos. Agravando-se o problema na ausencia de mecanismos que nos permitam quantificar aquilo que o PIB nao diz. O problema esta, se me permite, Caro Florencio, na penumbra dos caminhos, pelos quais andamos, afim de produzirmos os valores contabilisticos (total de investimentos realizados, gastos governamentais, consumo privado, etc) deduzidos no resultado de contas de Moçambique. Enfim, o problema talvez esteja, sim, na ausencia de um “estado fiscal” .
Saudaçoes cordiais
PS: Noa sei o que significa “endeusar”, mas se “endeusar” for reflectir sobre diferentes tomadas de posiçoes, em torno de figuras carismaticas, entao agradeço a Samora por nos ter proporcionado este encontro, mto prazeiroso, que resultou neste exercicio de reflexao
Obrigado Caro Florencio.
Caro Aguiar,
ResponderEliminar Foi um prazer dialogar consigo, muito me agradou a sua cordialidade e cortesia, atributos que muito aprecio. Dialogar é fácil, quando as preocupações sociais são comuns: foi fácil dialogar consigo.
Diz o Professor: “…uma pessoa como Samora continuará a despertar tomadas de posição de várias latitudes.”
Estou plenamente de acordo: não é fácil “despirmo-nos” dos afectos: foi tal a gratidão com que ficámos a Samora (as gerações do período colonial e primeiros anos da Independência) pelo papel que desempenhou na reconquista da nossa dignidade de seres livres e pela grandeza como soube afirmar Moçambique ao mundo, que, a muitos de nós, AINDA se tolda o pensamento, quando nos foge para o lado de menos sucesso de Samora: a batalha pela independência económica, os direitos humanos, o culto da personalidade, etc.
Em última análise, em cada momento, o resultado do somatório do bom e do mau de Samora, será positivo para uns, negativo para outros, consoante os valores e critérios “latitudes” de cada avaliador.
Um abraço amigo,
Florêncio
5 estrelas. gostei do debate. fino, educado, pedagogico... porque nao publica isto?!
ResponderEliminar;)
aqui tudo é cinco estrelas, mas nao exageremos...
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