Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
16 agosto 2007
638 corpos enterrados na vala comum
3 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Senhor Professor,
ResponderEliminarEsteja atento, que há novidades quanto a linchamentos. Há pouco, o jornal da tarde da TVM noticiou que, na Beira, um grupo de pessoas invadiu uma esquadra, insurgindo-se contra a polícia por "estar a proteger" um criminoso detido e exigindo o respectivo linchamento.
Oh...Estarei atento, muito obrigado.
ResponderEliminarProfessor,
ResponderEliminar A maioria de nós, tem dificuldade em entender a “mutação” de valores que leva a que assistamos hoje aos corpos não reclamados e enviados para a vala comum de forma tão macabra, repugnante.
Importa realçar que, a não reclamação de corpos tal como o aumento da criminalidade, é um fenómeno predominante das grandes cidades e subúrbios. Julgo mesmo poder dizer-se que, no nosso país, é em Maputo que estes dois “fenómenos” atingem proporções alarmantes, escandalosas – MESMO NAS BARBAS DOS NOSSOS GOVERNANTES, que, supostamente, são eleitos para trabalhar de modo a garantirem níveis de bem-estar dignos para TODOS.
Vale a pena ler Júlio Mendes, em “O País”, de hoje, pág. 9, na sua coluna Wa ku-chiundu – “Xiquelene: o fim da civilização”. Em condições de vida tão aviltantes, de pungente miséria humana, como as descritas, não há valores /genes que resistam: “Mutam, transformam-se”. Nestes ambientes, o drama é: ou te adaptas ao meio, ou não sobrevives, vale tudo.
Se formos capazes de, por momentos, nos transportarmos para aquelas vidas, do Xiquilene, talvez consigamos “ver” o que não vemos.
Aquela imagem nobre, da pobreza de bens materiais e “fortaleza” de valores morais, de princípios, de dignidade, de antes quebrar que torcer, encontramo-la ainda no meio rural. Não confundamos a POBREZA RURAL e seus valores, com a MISÉRIA HUMANA e os valores dos guetos suburbanos.
Um abraço,
Florêncio
PS: O abandono de doentes ou inválidos, não é um fenómeno apenas de Moçambique, ou de Maputo. Nos países do chamado primeiro mundo, assiste-se cada vez mais a abandonos em hospitais e outros centros, em grande parte dos casos, meramente, porque passaram a ser um estorvo para as novas formas de vida dos familiares. Complicado, também!
Porém, há uma diferença: lá, os familiares sabem que o Estado, embora não substitua o afecto da família, assegura condições de dignidade na doença e depois da morte; Cá, o Estado, EXIMIU-SE dessa responsabilidade. As imagens do Savana de hoje são INQUALIFICÁVEIS.
Como entender tanta facilidade na cedência de terrenos para empreendimentos imobiliários de políticos, governantes, senhores do dinheiro e tanta dificuldade em arranjar um espaço para um novo cemitério, que sirva Maputo e Matola? Seguramente: “há razões, para os nossos políticos e governantes, que a razão do cidadão comum não alcança”.
Finalmente, porque não ponderar sobre vantagens e desvantagens da construção de um crematório com todas as condições técnicas e a dignidade de um Templo. Porque não dialogar com as Instituições religiosas sobre a progressiva aceitação desta forma de, em cinzas, “devolver o corpo à terra”. Não me venham com a cantilena da escassez de recursos.