Outros elos pessoais

31 julho 2007

Sobre a produção fabril de aprovações a 100%

Como certamente outros, continuo preocupado com as afirmações do Ministro da Educação no sentido de que "a meta de passagem nos estabelecimentos de ensino no nosso país é de 100 por cento." Não há mínimo, só pode haver o máximo. Não quer qualquer pai que ele passe de classe? Então a meta é de 100%.
Veio-me repentinamente ao espírito o espírito de Ford. Como atingir a economia de escala? Como reduzir o custo unitário de fabricação de um veículo, por exemplo, através da diluição dos custos fixos numa grande quantidade de produtos fabricados? A solução é o sistema de produção em massa, centrado na linha de montagem, com os seus sub-sistemas de redução de tempo e de aumento da velocidade e do ritmo de produção, de maneira padronizada e económica.
Já temos um modelo de produção de professores em apenas um ano. Fordismo escolar.
Basta agora fordizar as aprovações de classe, sejam quais forem as dificuldades - que são, claro, inúmeras, como o Ministro bem sabe - no país, seja na formação dos professores, seja na formação dos estudantes. Aliás, ele próprio afirmou que duas pesquisas realizadas recentemente revelaram "uma preocupante baixa de qualidade dos alunos das escolas moçambicanas, sobretudo os do ensino primário do primeiro e segundo ciclos."
E até nem quero pensar, agora, que temos montes de professores sem formação pedagógica espalhados pelo país, que temos milhares de estudantes que estudam no senta-abaixo, sem material didáctico, mesmo aqui em Maputo, como este diário tem reportado (por exemplo, recorde aqui e aqui).
A questão central devia e deve imperativamente ser a de que precisamos de professores e de alunos muito bem preparados, informados e críticos, para termos um país a produzir bem e com qualidade e para competirmos seja com quem for, seja onde for, seja com que nível for a nível internacional e, especialmente agora, regional.
Jamais a questão central deve ser - como defende o Ministro Aires Ali - a de que os pais querem que os filhos passem.
Leia, entretanto, o que a Prof. Fátima Ribeiro escreveu aqui, onde o debate prossegue.

3 comentários:

  1. Xi mano Carlos voce nao estar a ver que pais precisa de quadros? Producao e producao.

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  2. Esfinge, porque não posso entrar no teu blog?

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  3. Xi mano anonimo vc quer eu perca minha esfinge?

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