Inscrita numa sociedade capitalista, dirigida por profetas e formada por milhares de membros pobres oriundos da etnia maioritária no Quénia - os Kikuyu (mungiki significa multidão na língua kikuyu) -, a seita promete o retorno ao que chama valores tradicionais e aos rituais (designadamente a excisão), procurando inspirar-se no movimento de libertação Mau-Mau dos anos 50 que lutou contra a presença colonial inglesa.
Tem a sua sede em Mathare, o bairro-da-lata mais populoso de Nairobi, capital do Quénia, onde o povo procura sobreviver com menos de um dólar por dia.
O término do ritual de adesão autoriza os Mungiki a usar armas e a matar. Os assassinatos são frequentes.
São especialmente perigosos em épocas eleitorais, tendo recebido nos anos 90 o apoio do partido Kanu, do antigo presidente Arap Moi, no poder de 1978 e 2002. Em cada período eleitoral, eles foram financiados para servirem de milícia privada dos políticos.
Os Mungiki constituiram-se como um Estado predador, cobrando impostos aos chapistas (condutores de táxis colectivos populares) locais, aos comerciantes e aos proprietários de casas.
Em 2002 o governo queninano declarou ilegais a seita e mais 17 outras milícias de auto-defesa.
Hoje, o povo queniano sente-se duramente entalado entre os Mungiki e o governo, pois sofrem também as retaliações da polícia governamental na luta que trava contra a seita.
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Libération, 23-24/06/07, p. 9.
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