Outros elos pessoais

03 junho 2007

Florestas, madeira e fiscais em Sofala - carta de um leitor (4) (continua)

Prossigo a publicação de uma carta de leitor devidamente identificado:
“O grave da situação é que essa infracção está penalizada pelo regulamento com 10.000 Mtn (dez milhões dos antigos meticais) conforme o número 7 do anexo 3 do regulamento florestal.
Por que razão os proprietários dos 18 contentores apreendidos com madeira serrada pagaram uma multa cem vezes superior?
Porque foram informados nos Serviços de Florestas que caso o não fizessem ficavam sem autorização para exportar a restante madeira que continuassem a serrar em sua serração.
O que resulta curioso neste caso é que os 18 contentores de madeira serrada apreendidos na Beira chegaram a Sofala com a documentação em regra proveniente de outra província, como as 80.000 toneladas de madeira ilegal que circularam até o porto desta cidade em 2006 e que não foram apreendidas.
Porque esta empresa, proprietária de uma serração, que realiza um trabalho importante em matéria de industrialização, foi autuada e as outras não foram?
Os directores da empresa proprietária dos 18 contentores foram a Maputo, onde não tiveram a menor oportunidade de marcar um encontro com o Ministro de Agricultura, ficando apenas na Direccãao Nacional, onde lhes deram a oportunidade de prestar alguma ajuda. E prestaram.
Um assessor do Director Nacional foi à Beira onde, já em Abril, celebrou-se um encontro entre os responsáveis da empresa autuada, o assessor do Director Nacional, o Director Provincial de Agricultura e membros dos Serviços Provinciais de Florestas, entre os quais o fiscal-chefe, um ex-militar sobre quem recaem suspeitas de ter sido tolerante com as 80.000 toneladas de madeira ilegal que saíram do porto desta cidade para o exterior em 2006.
Nesse encontro, os representantes do Ministério de Agricultura e Direccão Provincial do mesmo ramo indicaram ao proprietário dos 18 contentores de madeira serrada que foram apreendidos que caso existisse recurso aos Tribunais corriam o risco de lhes ser aplicado o artigo 44 da Lei de Florestas, que indica que da aplicação das penas de multa previstas resulta, entre outras penas acessórias, a suspensão parcial ou total das actividades causadoras da infracção.
Isto é, a suspensão da licença para a sua indústria.
Por isso, a empresa proprietária dos 18 contentores, sem ter recebido o auto de notícia obrigatório por força da lei, auto de notícia que é o único instrumento que permite às empresas defenderem-se de abusos e corrupção, aceitou ficar sem os contentores e aceitou evitar o recurso aos tribunais que lhe fora aconselhado pelos funcionários do Ministério de Agricultura.
Será que a ameaça de fechar uma indústria não o justifica ?”

Sem comentários:

Enviar um comentário

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.