Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
19 abril 2007
Guebuza e o amor ao trabalho das crianças
1 comentário:
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professor! nao sei se o presidente 1)esta sendo mal interpretado ( pela redacao jornalistica),2) esta sendo mal "assessorado" ou 3) esta sair da estrada ( como a gente diz na giria de chamanculo: esta a entrar no mato sem 4x4). acredito nas primeiras duas hipoteses. mal "assessorado" porque identificou mal o problema do subdesenvolvimento de mocambique assim produzindo solucoes inadequadas (combater pobreza absoluta atraves da auto estima, do combate a corrupcao, da aposta no distrito). e acho que estas solucoes foram "entusiasmadas" pela necessidade de ganhar as ultimas eleicoes gerais com maioria incontestavel ( para legitimar o capital politico, depois das eleicoes "conturbadas" para o cargo de secretario geral do partido e candidato a presidencia da republica, e reconquistar o espaco politico perdido para a oposicao ), mas numa analise mais generica, os "pensadores e assessores" terao identificado a fraca capacidade de mobilizacao de membros e estruturas do partido, o caos verificado na funcao publica (mas do que um caos, a funcao publica, transformou-se numa "classe" de empresarios bem sucedidos, que usando recursos do estado vao dirigindo e investindo nos seus negocios atraves dos escritorios e reparticoes publicas - volto a este assunto no blog do Dr.E. Macamo -, sao empresarios mais bem sucedidos, os mukheristas mais auto-suficientes, usando capital inicial de investimento e de risco vindo do imposto e de cobrancas ilicitas) e a " tecnocratizacao" do governo de chissano como sendo a "culpa" que dava a oposicao vantagens e pontos eleitorais.
ResponderEliminarcombater pobreza absoluta devia ser o resultado ou a meta que queremos chegar se assumirmos o desafio de "acelerar o passo". mas porque acelerar o passo significa continuar com reformas tecnocratas na area judicial, economica e social iniciadas pelo governo de chissano, devolver o verdadeiro espirito do compromisso democratico e de desenvolvimento assumido no fim da decada 80 e principios da decada 90 nao eram "politicamente" solucoes favoraveis.
o que assistimos foi um reforco do parelho partidario sobre as instituicoes do estado, partindo de um pressuposto de que o problema era o governo tecnocrata que se estava a afastando do partido, o que na verdaade nao era assim, o partido e que estava ausente e sem visao politica de usar a capacidade tecnocrata do governo de chissano. a maquina partidaria distraiu-se com os apitos da renamo na AR e deixou de apoiar ministros e governadores que precisavam de capital politico para reformas - aqui podemos ver as varias agendas que os ex-governadores de beira, zambezia,niassa, cabo delgado estavam a forcar para reformas e ninguem estava prestando atencao - a maquina do partido e que esteve longe de se adequar "politicamente" para novas realidades socio-economicas ( aqui importa dizer que a elite politica distraiu-se dedicando-se a formacao da "burguesia nacional" e parou de pensar - acredito que as reformas do PRE foram tambem muito pesadas nao so para o cidadao comum, como tambem para a classe politica que por falta de certezas do rumo que estavamos a tomar, e porque estava mais perto do "ouro", pelo menos "arranjaram-se", por isso o mia couto e o ungulani Khossa interpelam a cultura dos nossos ricos, mas a riquezas destes nao nao foi "feita" para produzir certezas ou cultura, ela e produto do caos, do medo, por isso as casas com murros altos e segurancas por todo lado). por isso o "acelerar o passo e criar emprego" era o caminho mais prudente, do que escolher o slogan do combate a pobreza absoluta.mas porque e mais facil "reformar" a maquina executiva e nao o partidao, foi-se pelo caminho mais curto e mais mediatico, exemplo: aconteceu com o ataque ao aparelho buracratico e seus funcionarios. com as famosas operacoes de recolher viaturas, celulares,suspensao de subsidios,etc, com grande medializacao no MISAU e MIN.agricultura. entao a estrategia "mudanca na continuidade" e "forca da mudanca" foram substituidos pelo "combate a pobreza absoluta". a brigada anti-crime, etc, essas accoes so assustam os corruptos e criminosos e desencorajam funcionarios criativos, inteligentes, aplicados. se cacas o corrupto tens que tambem apoiar o esforcado, agora assustar o corrupto e depois chamar de preguicoso o honesto, nao sei se isso e mais correcto. e podemos ver hoje que o ministerio da saude e do interior continuam a gerir crises durante 2 anos, o professor chamou de solucoes de "cima e nao de baixo".
as ultimas declaracoes do presidente sao o resultado desta descoberta de novas solucoes, mas porque nao ha tempo para ver se sao solucoes certas, elas sao lancadas como foguetes - a cultura nossa de celebrar tudo, sintomatico em quase toda esfera publica como anuncia-se tudo com pompas, mesmo que seja para nao dizer nada, precisa-se de titulos e discursos. e nao e coisa so de politicos, veja so os titulos que acompanham a pagina desportiva quando preparam-se os mambas, ficamos com a sensacao que ja ganhamos so na sessao de treinamento -. com esta viagem da presidencia aberta o presidente esta a comparar a realidade que deixou quando da ultima vez que por la andou, e acho que esta num estado de choque, porque muito nao mudou - em dois anos nao e coisa facil -, e para isso existem varias razoes:
1- todos repetiram o discurso do presidente e nada fizeram
2 - as pessoas tem outra percepcao da pobreza absoluta e das suas necessidades para chegar a pobreza relativa (tema parcialmente explorado pelo Dr.E. macamo no seu blog)
3 - os governantes relataram ao presidente que e dificil trabalhar com o povo
4 - que la no distrito os recursos nao chegam so chega o discurso. e quando chegam esses recursos como os famosos 7 milhoes, trazem mais dores de cabeca que solucoes, porque nao vem com metodos e instrumentos claros para produzir resultados imediatos e sustentaveis.
5 - que o ex-presidente chissano depois do fim da guerra e na decada 90 viajou pelo pais inteiro dizendo que temos paz e temos que produzir comida, vamos tirar minas e produzir. a palavra produzir comida nao e nova para o "povo".
6 - a populacao produziu mas nao ha estrada para escoamento, nao ha comerciante para comprar, nao ha energia para moageira, nao ha sementes e tecnicas de diversificacao de culturas que respondam a problemas de seca, estiagem, cheias cicilicas
7 - nao ha modelos de referencia local em desenvolvimento rural que possam reforcar a transferencia de tecnologia e apoio tecnico para agricultura familiar
8 - e por ultimo os mais velhos perderam a esperanca, so resta a janela de esperanca, se o sida deixar as criancas crescerem e aprenderem o amor pelo trabalho.
este e o desespero do presidente, todos os que ja estiveram perante uma pobreza extrema e o numero de desafios que este pais tem pela frente, a gente fica assustado e angustiado - a auto estima nao resolve isso, mas educacao, alfabetizar o campones -.e na hora do desespero a gente "sai da estrada".
entao voltando ao principio, o presidente esta sendo mal assessorado, o pais esta precisando de reformas que possam reforcar este crescimento economico que estamos ter e mais do que isso possa mudar o paradigma deste desenvolvimento "de foguetes" que nao esta apoiado em politicas sectoriais coerentes que " distribua riqueza pela maioria da populacao mocambicana" e nao uma repeticao perigosa de um discurso que permite identificar erradamente os problemas do pais e vive da medializacao de solucoes " falsas". para isso o partido tem acelerar o passo apoiando com capital politico, area de estudo e formulacao de politicas de desenvolvimento para seus governantes sob pena por o chefe do estado numa posicao embaracosa.