O género é, quase sempre, o género de um equívoco.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
11 abril 2007
As palavras são masculinas
O género é, quase sempre, o género de um equívoco.
3 comentários:
Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.
Estimado Professor,
ResponderEliminarKen Wilber, filósofo americano contemporâneo, faz uma clara distinção entre macho e fêmea (carga genética / hormonal) e masculino e feminino (tarefas e comportamentos que a sociedade convenciona serem predominantemente desempenhadas pelo homem ou pela mulher em determinada época). Mudam as épocas, ajustam-se as convenções. Por força da evolução social as mulheres passaram a ter acesso ao conhecimento e a ocupar funções que antes eram do homem: logo, são hoje mais masculinas à luz do convencionado há 30 ou 40 anos. Por outro lado, os homens de hoje são mais femininos que os de há três ou quatro décadas: fazem cada vez mais tarefas que antes eram apenas das mulheres, ajudam a cuidar dos filhos, nas tarefas da casa, preocupam-se mais cuidados estéticos, etc. A tendência, parece ser caminharmos para a diluição das diferenças da convenção masculino e feminino, prevalecendo as diferenças, enormes, complementares, bastantes, entre macho e fêmea. Claro que esta evolução da convenção masculino e feminino, mais visível nos países mais desenvolvidos, leva a problemas demográficos tremendos: as mulheres querem ter filhos cada vez mais tarde, porque se querem realizar profissionalmente, e poucos, apenas para satisfazer o instinto de ser mãe, inerente à natureza da fêmea. Por este andar, quem pagará amanhã as reformas dos adultos de hoje? É assunto para sociólogos Professor.
Com muita estima e admiração,
Florêncio
A única coisa que me resta é, apenas, a de lhe dizer que o seu comentário me agradou sobremaneira e que obriga a pensar bem mais do que estava até agora a fazer.
ResponderEliminarTenho sistematicamente dificuldade de responder aos seus inqueritos de uma pergunta, porque creio que perguntas complexas nao se esgotam numa pergunta e numa resposta.
ResponderEliminarA parte isso, e seguindo um pouco a linha do Florencio, o genero, as suas funcoes e convencoes sao maleaveis. E nao sao a unica forma de definicao de divisao social.
A questao do genero esconde as vezes mais que uma batalha pelos direitos das mulheres. Em muitos casos esconde um discurso de hegemonia e de homogeneizacao.
Quem sao as mulheres que usam os discursos masculinos? E marxizando a questao, a que classe social pertencem elas? E que consequencias tem a victimizacao e 'desagentizacao' das ditas vitimas?
Nao e que o feminismo esteja a masculinizar-se, mas e que esta frequentemente descontextualizado espacialmente e temporalmente. Como o geral das reflexoes sociais, esta desactualizado. O que nos esquecemos sempre e que as sociedades sao dinamicas e reactivas. E que precisam de constante reavaliacao e reelaboracao. Mas o que se faz sempre e achar que se descobriu a polvora e que se pode descansar, como Deus ao setimo dia.