Outros elos pessoais

24 janeiro 2007

Bispo Sengulane e os linchamentos em Maputo: necessário um transplante de coração



A propósito dos linchamentos na periferia da cidade de Maputo, o "Notícias" entrevistou há tempos o bispo da diocese dos Libombos, Dinis Sengulane. Eis o diálogo:

NOT – Falou dos linchamentos. O que pensa que estará por detrás do fenómeno que tende a atingir proporções alarmantes?
DS - Isto representa uma prova clara de que a nossa moral está a precisar de um remédio muito urgente, aquilo que a Bíblia chama de coração de carne não existe, há sim coração de pedra, precisamos de fazer um transplante de coração, porque o que está a acontecer coloca um grande desafio para nós os dirigentes religiosos, porque a nossa mensagem não consegue afectar, influenciar ou ter um impacto muito grande no seio da sociedade, de tal modo que sintamos a importância da santidade da vida humana e a necessidade da promoção da dignidade da pessoa humana. Estamos a precisar de usar mais espaços na igreja, nos meios de comunicação social, nas escolas, isto é, institucionalizarmos a mensagem de paz e reconciliação em todas as instituições.

7 comentários:

  1. Esta forma de ver ops problemas é horripilante. Assim vamos pedir apoios para a moralização da sociedade. Reduzir uma crise social que se expressa através da fúria popular a simples questão coracional é, vo-lo digo, menosprezar a própria crise que se pretende dirimir. O problema não está no coração meu querido Sengulane, ele deve ser procurado no habitat do coração, no contexto. Estou a imaginar o papa a decretar a impressão de mais exemplares de Bíblia Sagrada para moralizar os linchadores, os culpados.

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  2. Metaforas á parte, cá para mim, se fosse possivel concretizar tal feito, de transplantar alguns corações, era magnifico! Acho contudo, que deveriamos começar por mudar os corações mais ao alto! Oh sim... ai esta o verdadeiro coração doente, que depois como um virus ataca todo o resto mais a baixo... e pronto, lá temos o ciclo vicioso conhecido por todos.

    Amen.

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  3. e a moda de alugar AKMs e quartos, talvez vem ai nas bancas o coracao de aluguer.

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  4. a dumba-nenguezacao do acto religioso e da fe nos suburbios de maputo, enfraqueceu o papel de controlo social da igreja, se hoje instituicoes como familia e escola estao em crise, a igreja nao fica alheia. e parece nesta entrevista que a reformas das instuicoes sociais e politica no pais tera que ser mais profunda. seria importante olhar mais na relacao entre a igreja e a sociedade, num contexto de ruptura da cidadania colectiva, onde os espaco de identidade comum de ontem nao esta presente hoje. onde a igreja tem que competir com igrejas e religioes que respondem a espacos e necessidades nao de purificacao do espirito mas sim purificacao da vida, elemento de continuidade e ligacao entre o presente e o futuro. a crise nao e so da igreja, mas de todos nos, o espaco que separa a ajuda do control social, confundiu-se. e o dumba nengue venceu.

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  5. "dumba-nenguezacao do acto religioso"...bela expessão.

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  6. Incomoda-me sempre quando as pessoas trazem a moral ao barulho... Se algo corre mal, e sempre a falta de moral a culpada.

    Um dos proverbios africanos mais famosos diz que 'e preciso uma aldeia inteira para educar uma crianca', que creio que e a logica do bispo Sengulane, quando fala no trabalho conjunto das instituicoes. O problema esta que ele esquece que independentemente de juntar ou nao as instituicoes para 'moralizar' as 'criancas' da aldeia falar nao enche barriga, nem protege contra o lobo mau. E a noite, quem e assaltado ou violado nao sao os educadores, sao as 'criancas'. E se nao sao elas, sao pessoas que elas conhecem ou que lhes sao proximas.

    Contra catarse demagogia nao funciona.

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  7. O problema é, para mim, a distância que muitos dos porta-vozes das nossas igrejas mostram em relação à vida real, aos problemas dessa vida. Produzem um discurso nefelibata sobre a paz, recorrem à Bíblia e mais nada. Expoencial é, por exemplo, o discurso dos pastores pentecostais,atribuindo ao diabo não importa que tipo de problema social. E isso, naturalmente,encanta os príncipes.

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