Outros elos pessoais

10 novembro 2006

Maboazuda e dominação masculina

Maboazuda é uma canção que celebra a dominação masculina disfarçando-a, anestesiando-a com a emoção, com o fervor entorpecente da dança.
Já aqui um dia, numa entrada, vos recordei o belo livro de Pierre Bourdieu, justamente chamado "A dominação masculina".
Tendo em conta esse livro, defendo que o problema fundamental não é que a canção de Zico seja um exercício pleno de dominação masculina: o problema está em que as mulheres que dançam a música aceitam essa dominação. Dançá-la é aceitar, interiorizar a dominação, consciente ou inconscientemente.
Mas nós temos muitas vezes a suprema e dialéctica capacidade de estarmos hoje, como mulheres, a dançar a maboazuda e, amanhã, numa sala de conferências, a exigir solenemente um papel mais amplo para a mulher dirigente.
Estou disposto ao debate.
Estamos juntos, para dizer como o Emílio Manhique!

3 comentários:

  1. Olá, Fátima, não desvia não, nunca desviará. Sim, lembro-me. Oh, esta coisa do subconsciente, do eclipse da razão, tudo isso é crucial. Terei certamente de escavar melhor esse submundo. Volte sempre, por favor!

    ResponderEliminar
  2. Excelentes, excelentes, excelentes questões levanta, PL! Pode fazer um pequeno artigo sobre as machine-guns para amplicar o debate aqui?

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.