Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
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18 agosto 2006
Siba Siba Macuacua - Cinco anos de injustiça
Do portal do Centro de Integridade Pública (ver mais abaixo e meu elo) reproduzo com a devida vénia o texto que se segue:
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Siba Siba Macuacua
Cinco Anos de Injustiça
Por Marcelo Mosse
Sumário
A 11 de Agosto de 2001, António Siba Siba Macuacua, um jovem economista do Banco de Moçambique, foi atirado fatalmente pelo vão das escadas do 10º andar do seu gabinete. Siba Siba estava ao serviço do Estado numa missão espinhosa: sanear as contas do Banco Austral, um dos maiores bancos estatais moçambicanos que havia sido privatizado em 1997 para interesses malaios e locais. Foi assassinado a sangue frio. Deixou mulher e dois filhos menores.
Director da Supervisão Bancária no Banco de Moçambique, Siba Siba foi indicado para dirigir o Banco Austral depois que o Governo decidiu retomar o controlo da instituição na sequência da sua quase falência devido a uma gestão danosa. Cinco anos depois, a Justiça ainda não foi feita. Este é em caso com porta de entrada para vários debates e questionamentos em Moçambique: a ausência de Justiça, a desprotecção do Estado relativamente a um dos seus gestores brilhantes, a gestão danosa de uma institiução de crédito, a des-solidariedade de classe, a desresponsabilização judicial, etc.
Este conjunto de textos é um contributo do Centro de Integridade Pública para que os moçambicanos não esqueçam e para que o caso não morra como tem sido habitual. Mas nem há razões para que morra: de acordo com as nossas fontes, a auditoria forense na posse do Procurador Geral da República, Joaquim Madeira, contém material suficiente para responsabilização criminal não só no que diz respeito ao crime macabro, mas também no que tem a ver a gestão danosa do Banco Austral.
Datas Relevantes
3 de Abril de 2001: Adriano Maleiene, Governador do Banco de Moçambique, dá uma conferência de imprensa onde anuncia que os prejuízos dos banco central rondavam os 150 milhões de USD. O banco, disse ele, precisava de um saneamento, o que implicava a intervenção do Estado para posterior reprivatização
4 de Abril de 2001: Nomeação de António Siba-Siba Macuacua para o cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) interino do Banco Austral. Siba-Siba desempenhava as funções de Director da Supervisão Bancária no Banco de Moçambique. Siba devia zelar pelos mecanismos com vista à recuperação do crédito e reprivatização do banco
19 de Junho de 2001: o Banco Austral publicou no jornal Notícias uma lista de mais de 1000 indivíduos e companhias com empréstimos vencidos. Com base nessa lista, era possível depreender que alguns sonantes devedores tinham ficado de fora do anúncio. Porquê? E quem são?
11 de Agosto de 2001: Siba Siba Macuacua é assassinado a sangue frio em plena luz do dia.
Agradecimentos:
O Centro de Integridade Pública agradece a todos os que aceitaram comentar e fornecer dados para a organização deste texto. O CIP enaltece sobretudo o seu sentido de cidadania e solidariedade.
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http://www.integridadepublica.org.mz/sindexrgt.asp?url=a&titre=Siba%20Siba%20Macuacua%20-%20Cinco%20Anos%20de%20Injustiça&boxid=5
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