A nossa vida é, como sabeis, um enorme armário cheio de gavetas carregadas de ideias-feitas e de estereótipos, do género: os homens amam o ódio, as mulheres o amor; os homens batem, as mulheres defendem-se; os homens são pela violência, as mulheres pela paz.
Poderíamos multiplicar os exemplos desta nossa saborosa arte de simplificar a vida.
Mas as coisas são muitas vezes diferentes e nos surpreendem.
Assim, um estudo apresentado em Maio na cidade portuguesa de Évora pela Associação de Planeamento Familiar (APF) sobre a vitimização sexual nas relações com pares em mulheres adolescentes, revela que são as raparigas quem mais uso faz da violência física durante o namoro. Empurrões, murros, bofetadas e arremesso de objectos são as formas mais frequentes de agressão. De acordo com Nelson Rodrigues, psicólogo da APF, “as mulheres recorrem mais à agressividade, resultante da perda de controlo, normalmente numa discussão”. A execução do estudo baseou-se em 596 inquéritos feitos em escolas secundárias, profissionais e de ensino superior de Portugal. Foram inquiridas 444 mulheres e 152 homens, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos. A diferença entre o número de inquéritos do sexo feminino e masculino é justificada pela maior percentagem de mulheres existentes no ensino em Portugal.
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Veja o portal:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?idCanal=0&id=201018
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Observação : estudos como esse são sempre úteis quando desconstroem certas das nossas mais preguiçosas concepções identitárias. Porém, fazendo-o, frequentemente segregam novas, tão preguiçosas quanto as iniciais. As raparigas aparecem no estudo como um conjunto unitário, sem fissuras, um bloco comportamental coeso face ao bloco dos rapazes, uma unidade que parece não ter, por exemplo, tempo, contexto epocal, estatuto social, pluralidade de motivos, etc.
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