Outros elos pessoais

28 junho 2006

O conflito homem-animal: um falso problema com solução de bombeiro

Nos últimos dias a nossa imprensa e, especialmente, a Rádio Moçambique, tem dado grande destaque ao que chama “conflito homem-animal”. Ministros há que se deslocam às províncias para debater com os governantes locais tão triste situação. A pergunta é: como evitar que os mauzões dos elefantes, dos leões e dos macacos dêem cabo da nossa paciência e das nossas vidas?
O nosso (ou deles, claro) velho Marx diria que é necessário verificar se a impossibilidade de solução do problema não está contida nas premissas da questão tal como esta foi formulada. Frequentemente, diria ele se hoje viesse a este país, a única possível resposta consiste em criticar e eliminar a questão tal como foi colocada.
Ora, o problema não está nos animais em si, o problema está em nós, humanos. O conflito não é entre nós e os animais, mas entre nós, humanos, entre a mentalidade de bombeiro e a mentalidade de previsão, monitoria e solução coerente.
Em lugar de querermos matar uns tantos animais rapidamente com a mentalidade urgencial do bombeiro, seria saudável mudar o cerne do problema e colocar, entre outras, as seguintes quatro perguntas de partida:
1. Qual a razão ou quais as razões por que os animais atacam seres humanos?
2. Dispõe cada localidade, cada posto administrativo, de pelo menos um caçador, de uma arma tipo 365 e de munições suficientes para o abate controlado de certos animais?
3. Dispõe cada chefe de posto, cada administrador, de uma história circunstanciada das deslocações populacionais provocadas, por exemplo, pela guerra civil ou por problemas como cheias, secas, chuvas prolongadas e copiosas?
4. Dispõe cada chefe de posto, cada administrador, de informação regular e actualizada sobre a distribuição zonal dos animais selvagens, sua quantidade e diversidade e sua movimentação, com recurso, por exemplo, a fotografias via satélite?

1 comentário:

  1. Saudações
    O meu nome é Ercilio, sou estudante do curso de Educação ambiental na UEM, quero apenas parabeniza-lo pelo post, e agradece-lo por directa ou indirectamente ter sido de grande ajuda num trabalho que estou a fazer sobre o assunto. Irei lembrar de cita-lo no meu trabalho. Mais uma vez muito obrigado.

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.