Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Outros elos pessoais
03 maio 2006
Trabalho infantil em Moçambique
Segundo um relatório do Ministério do Trabalho com dados para 1999/2000, as piores formas de trabalho infantil em Moçambique são o trabalho doméstico, a prostituição infantil e o trabalho em farmas. (1)
Muitas das crianças ouvidas pelo inquérito (823, das quais 64% de rapazes) que gerou o relatório acima citado, com idades entre os 12 e 15 anos regra geral, declararam que trabalhavam mais de oito horas por dia. Podemos, então, ter uma ideia dos danos físicos resultantes, intelectuais, morais, etc. (2) Se aceitarmos que, por um lado, se tratou apenas de um inquérito rápido, sem rigor estatístico e, por outro, que a carestia de vida se tornou bem mais dura depois de 2000, é crível pensar que existem cada vez mais crianças entradas e a entrar no mercado do trabalho.
Os pais possuem a concepção de que trabalhar é útil. Parece-nos importante, a propósito, transcrever uma passagem do relatório mais atrás referido:
“ (...) está claramente espalhada [em Moçambique] a crença de que é bom que a criança trabalhe sem, por vezes, se fazer uma clara distinção entre qual o tipo de trabalho [que] é bom e qual o tipo de trabalho [que] é prejudicial ao desenvolvimento da criança.” (3)
Acresce que esse tipo de crença se cola bem à “invisibilidade das suas vítimas” ao nível laboral:
“As crianças trabalhadoras continuam a concentrar-se na agricultura, nos serviços domésticos e, nas zonas urbanas, no sector informal em virtude de ficarem mais escondidas do escrutínio público. Hoje em dia a violência do trabalho infantil inaceitável depende grandemente da invisibilidade das suas vítimas; os empregadores fecham as suas crianças trabalhadoras num véu apertado de secretismo e isolamento.”(4)
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(1) UNICEF, Child Protection, in http://www.unicef.org/mozambique/protection.html.
(2) UNICEF/Ministério do Trabalho, Trabalho infantil/Avaliação rápida/Moçambique 1999/2000. Maputo, I parte, pp.6-7.
(3) Ibid., p.5.
(4) Ibid., p.47.
1 comentário:
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esse texto me serviu muito para um trabalho , obrigada !
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