O evidente é o nosso campo de gravitação instintual, a nossa carta geográfica sensorial, em última análise o nosso semáforo de racionalização da vida. Pode o sol deixar de se levantar e de se deitar uma vez todas as 24 horas?[1] Pode alguém deixar de «ser o que é»? Ou, para um caso mais extremo, podemos nós abdicar de inferir que se vimos hoje dois corvos negros e com uma faixa branca no peito, é muito provável que «todos» os corvos sejam, também, negros e com uma faixa branca no peito?
As respostas são, evidentemente, negativas. E, claro, existe muito de verdade empírica e causal, de regularidade estatística a fundamentar essas negativas, bem típicas do senso comum e do que se poderia chamar «inteligência sensorial»[2].
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[1]Este é um exemplo de Popper. Mas ele apresenta outros - veja Popper, Karl, La connaissance objective. Paris: Aubier, 1991, pp. 51-52.
[2]Podemos encontrar em todo o mundo variações do tipo de evidências referido de acordo, talvez, para dizer as coisas à Wittgenstein, com o quadro de referências herdado - veja, por exemplo, Wittgenstein, Ludwig, Da certeza. Lisboa: Edições 70, 1990, p.41 e passim.
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