Outros elos pessoais

15 maio 2006

Como reagimos aos problemas sociais

Quando estamos confrontados com tensões, com crises sociais, imediatamente apelamos para o vocabulário médico e dizemos algo como: estamos em crise, isto está pior, a sociedade adoeceu.
Porém, as tensões, as crises sociais, a criminalidade, etc., são fenómenos normais numa sociedade (há páginas belas a esse respeito em Durkheim), são, como defendeu Touraine, um sinal da produção da sociedade por ela-mesma. Na formulação de Norbert Elias, mesmo o pico de uma desordem mais não é do que um aspecto específico da ordem social. Compete ao sociólogo explicar isso. [*]
Na formulação de Norbert Elias, mesmo o pico de uma desordem mais não é do que um aspecto específico da ordem social. Compete ao sociólogo explicar isso. [*]
Mas reparem que estou a tentar reflectir como sociólogo e não como cidadão.

[*] Touraine, Alain, La voix et le regard, Sociologie des mouvements sociaux. Paris: Seuil/Poches, 1978, p. 52.
[*] Elias, Norbert, Qu´est-ce que la sociologie? Paris: Aube, 1991, p. 87.

3 comentários:

  1. Fazia falta uma sociologia como esta. Ainda bem que surgiu. Ensina-nos a pensar.
    Jonas

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  2. A proposito da sua formulacao permita-me citar um sociologo que nos ajuda a desconstruir esta visao "patologista" da crise ou do conflito
    que e' marcadamente do senso comum vulgar ou douto.
    " A nocao de que em todo o lugar em que ha vida social pode ser desagradavel e desconcertante. Nao obstante, e' indispensavel a nossa compreensao ds problemas sociais (...). Nao a presenca mas a ausencia do conflito e' anormal, e temos boas razoes para ficarmos desconfiados se encontrarmos uma sociedade sem conflito. Certamente nao precisamos presumir que o conflito seja violento e incontrolavel. Ha provavelmente um continuum da guerra civil ao debate parlamentar, de greves a dissidios colectivos (...)Ao formularmos tais explicacoes, no entanto nao devemos perder de vista a nocao subjacente de que o conflito pode ser temporariamente eliminado, regulado, canalizado e controlado, mas que nem um rei-filosofo nem um ditador moderno e' capaz de aboli-lo uma vez por todas" RALF DAHENDORF, ENSAIO DA TEORIA DA SOCIEDADE "ALEM DA UTOPIA"

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