Outros elos pessoais

08 maio 2006

Cientista subvertor

Em 1974, em Versalhes, na França, num colóquio internacional de biólogos moleculares e celulares, de imunologistas e de neurofisiologistas, que se encontraram com físicos, biofísicos e matemáticos para estudar questões levantadas pelo estudo das comunicações intercelulares, o físico Bryan Johnson, especialista de supracondutividade, subiu à tribuna para fazer uma intervenção.
A primeira surpresa surgiu quando escreveu no quadro uma lista de obras de referência, para aqueles que quisessem aprofundar a sua intervenção, que ia do Bhagavad-gita aos ensinamentos indianos de Maharishi. Depois, segunda surpresa, quando falou de experiências de meditação transcendental. No decorrer da sua intervenção, Johnson defendeu a possibilidade de as células cerebrais se encontrarem num estado que seria o mesmo que é atingido pela matéria a um temperatura próxima do zero absoluto, precisamente nas condições em que os efeitos da supracondutividade são observados. A condutividade sem resistência que caracteriza esses efeitos encontrar-se-ia, assim, ao nível das estruturas cerebrais sob o efeito da prática de meditação.
A intervenção levou à reacção encolerizada de um biólogo molecular, nos seguintes termos:

“Nada nos obriga a escutar as suas lucubrações. O senhor não respeita as convenções implícitas a um colóquio científico. Cada um de nós relata, aqui, os resultados de experiências replicáveis, que toda a gente pode, em princípio, reproduzir num laboratório. Se o senhor pretende falar dos seus estados de alma, não é o lugar indicado para o fazer.”[*]

O físico Bryan Johnson tinha ganho o prémio Nobel de Física em 1973.
________________________
[*]Atlan, Henri, Com razão ou sem ela, Intercrítica da ciência e do mito. Lisboa: Instituto Piaget, 1994, pp. 26-27.Todavia, o nome do cientista parece ser outro: Brian D. Josephson (http://www.britannica.com/nobel/micro/306_81.html). Agradeço a A. Teixeira a chamada de atenção.

2 comentários:

  1. Desculpe-me, mas não vejo a relação entre a história que conta e a forma como a remata.

    O físico Bryan Johnson ganhou o prémio Nobel por causa dessa comunicação? Parece-me pouco plausível... Ganhou-o apesar dessa comunicação? Também improvável...

    E quem é afinal Bryan Johnson? Não consta ninguém com esse nome na lista dos laureados com o prémio nobel da física.

    Estaremos a falar de Brian David Josephson, um físico, vencedor do prémio nobel e conhecido defensor da possibilidade da existência de fenómenos paranormais?

    Se assim for, faça-se uma correcção: naquela conferência de 1974, ele já havia recebido o prémio nobel (1973)e o trabalho pelo qual o havia recebido (1962 - o efeito josephson), não tinha nada a ver com o conteúdo dessa conferência.

    Desculpar-me-á, segundo percebi está a citar um terceiro, mas concordará comigo que o rigor científico é... o rigor científico.

    E não invalida mesmo nada que o felicite pelo blogue e lhe manifeste a minha admiração invejosa pela sua capacidade de produção de posts...

    ResponderEliminar
  2. Muito obrigado pelo seu comentário. Eu baseei-me literalmente na obra que cito(lá está literalmente escrito Bryan Johnson). Mas, efectivamente, você parece ter razão. Na investigação feita há bocado na net, verifiquei que 1973 o Nobel de Física foi atribuído, entre outros, a um tal Josephson, Brian D. (U.K. tunneling in semiconductors and superconductors, http://www.britannica.com/nobel/micro/306_81.html). Se esse for o seu real nome (tudo leva a crer que sim), então no colóquio de Versalhes de 1974 ele (se ele for) já havia ganho o Nobel. Farei as correções necessárias. Uma vez mais obrigado e…corrija sempre. Se novas correcções aqui houver a fazer, mas dê a conhecer, por favor.Abraço sociológico!

    ResponderEliminar

Seja bem-vinda (o) ao blogue "Diário de um sociólogo"! Por favor, sugira outras maneiras de analisar os fenómenos, corrija, dê pistas, indique portais, fontes, autores, etc. Não ofenda, não insulte, não ameace, não seja obsceno, não seja grosseiro, não seja arrogante, abdique dos ataques pessoais, de atentados ao bom nome, do diz-que-diz, de acusações não provadas e de generalizações abusivas, evite a propaganda, a frivolidade e a linguagem panfletária, não se desdobre em pseudónimos, no anonimato protector e provocador, não se apoie nos "perfis indisponíveis", nas perguntas mal-intencionadas, procure absolutamente identificar-se. Recuse o "ouvi dizer que..." ou "consta-me que..."Não serão tolerados comentários do tipo "A roubou o município", "B é corrupto", "O partido A está cheio de malandros", "Esta gente só sabe roubar". Serão rejeitados comentários e textos racistas, sexistas, xenófobos, etnicistas, homófobos e de intolerância religiosa. Será absolutamente recusado todo o tipo de apelos à violência. Quem quiser respostas a comentários ou quem quiser um esclarecimento, deve identificar-se plenamente, caso contrário não responderei nem esclarecerei. Fixe as regras do jogo: se você é livre de escrever o que quiser e quando quiser, eu sou livre de recusar a publicação; e se o comentário for publicado, não significa que estou de acordo com ele. Se estiver insatisfeito, boa ideia é você criar o seu blogue. Democraticamente: muito obrigado pela compreensão.